Suspeito de tramar a morte do filho para ficar com um prêmio da Mega-Sena, Francisco Serafim de Barros disse ter sido ameaçado pelo milionário. Na sexta feira, em Cuiabá, o pai do ganhador dos R$ 28 milhões conversou com o Fantástico.
“Eu jamais na minha vida poderia planejar ou arquitetar a morte de um ser humano, muito menos do nosso filho”, defende-se Francisco.
Segundo a polícia, Francisco Serafim de Barros contratou quatro pistoleiros para matar o próprio filho. Ele ficou três dias preso, foi indiciado por formação de quadrilha e responde em liberdade.
Domingo passado, no Fantástico, o filho acusou o pai de ter ficado com metade da fortuna. “Ele não devolver meu prêmio já era uma coisa que ninguém acreditava. Agora, ele mandar me matar é muito mais inacreditável”, afirma o milionário.
Francisco Serafim rebate: “ele chegou e me disse: ‘toma aqui o bilhete, é do senhor’. Eu respondi: ‘meu filho, isso aqui foi você que jogou. Tenho minha vida’. Ele disse: ‘não, o senhor vai assumir para a família’.
O pai conta que, para tomar conta da fortuna, largou o emprego de diretor de banco e que, depois de um ano e seis meses, o filho queria tudo de volta. “Ele falou: ‘você vai ter que aceitar tudo que eu quiser aqui, porque eu estou com três seguranças armados. O menor movimento, eu não me responsabilizo pelo que possa acontecer. Em outras palavras, ele nos mataria a todos".
Depois disso, pai e filho nunca mais se viram e começaram uma briga judicial.
Bens
A fazenda Nossa Senhora de Nazaré é uma das propriedades que o milionário da mega sena tenta recuperar na Justiça. Hoje, a fazenda é administrada pelo pai, acusado de mandar matar o próprio filho. Desde que foi solto, Francisco Serafim não aparece no local. A propriedade, com duas mil cabeças de gado, fica a 150 km de Cuiabá.
A Justiça já determinou o bloqueio dos bens do pai, que alega estar só com os bens que lhe pertencem. “O contrato diz os bens que foram partilhados e que as despesas que eu fiz durante o período somam mais de R$ 29 milhões”, diz Francisco.
Segundo ele, o filho, de 41 anos, fez ameaças. “Ele telefonou para a mãe dele, dizendo que ele andava armado, para me matar e matar o irmão”, afirma o pai do milionário.
“Quando a pessoa não tem como explicar determinados fatos, ele passa para o ataque. É isso que estamos percebendo hoje”, justifica o advogado do milionário, Ricardo Monteiro.
Fabiano Barros, filho de Francisco e irmão do milionário, está preso, acusado de porte ilegal de armas e de participar do plano para matar o irmão milionário.
Milionário também responde a processos
Já o vencedor da Mega-Sena responde na Justiça por ameaça contra a família e também por tentativa de homicídio e por homicídio. Em 2005, um ano antes de acertar na loteria, ele estava em um bingo, em Cuiabá, e se envolveu em uma briga. Ele atirou quatro vezes, feriu um homem e matou o caminhoneiro Mário Gregório de Almeida.
O pai do caminhoneiro diz que o filho não estava envolvido na discussão, era só motorista do grupo musical do bingo. “O que eu mais desejo é que ele pague pelo crime. Ele tem que pagar na cadeia”, afirma o pai da vítima.
Segundo a polícia, o assassinato não tem relação com os conflitos familiares do milionário da Mega-Sena.
Inquérito
O Fantástico teve acesso ao inquérito que traz indícios contra Francisco Serafim de Barros.
O depoimento considerado mais importante é de José Gonçalves, um dos acusados de pistolagem. Ele contou que recebeu do pai do milionário uma foto do filho e uma quantia em dinheiro.
Mas, no depoimento, José não fala em assassinato, e sim que deveria apenas encontrar o vencedor da loteria, na capital de Mato Grosso do Sul. “Eu acredito que o delito não ocorreu porque ele não estava aqui em Campo Grande”, diz o delegado Ivan Barreira.
Francisco Serafim alega inocência, mas não descarta a possibilidade de José Gonçalves ter planejado o crime: “Ele é casado com a sobrinha da minha mulher. Se ele tomou essa iniciativa, talvez com o intuito de querer ajudar a família, é sem o meu consentimento”, declara.
O ganhador da Mega-Sena pode ficar preso por 30 anos, caso seja considerado culpado pela morte do caminhoneiro Mário Gregório.
Já Francisco Serafim, pela acusação de tramar a morte do filho, pode ser condenado a seis anos de cadeia. Não há previsão da data dos julgamentos.
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