O administrador da Guarda Costeira norte-americana, Thad Allen, afirmou neste domingo que mesmo com os avanços na retirada do petróleo das águas do golfo do México, o vazamento não será contido até que o duto que despeja o produto no mar seja completamente tampado e que, ainda assim, "haverá oléo nas águas por meses".

O desastre, que começou com a explosão de uma plataforma da BP (British Petroleum) em abril, vai persistir pelo menos até o outono (no Hemisfério Norte, primavera no Brasil), disse Allen, que lidera os esforços federais contra o derramamento.

Neste domingo,a PB anunciou que o dispositivo instalado para recolher o óleo já consegue sugar mais da metade do fluxo do produto. "Neste momento, o funil de contenção desvia cerca de 10 mil barris de petróleo diariamente para superfície", disse o presidente da BP, Tony Haywards, em entrevista à BBC.

O governo dos Estados Unidos estima que entre 12 mil e 19 mil barris de petróleo por dia estão sendo derramados no golfo do Méxic, no que está sendo considerado o maior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.

Hayward disse que a empresa pretende implementar esta semana outra estratégia para conter o vazamento que, junto com o funil, deve ser capaz de recolher " a grande maioria" do petróleo que polui a região. Em agosto a empresa espera conseguir uma solução definitiva para o problema quando estiverem prontos outros dois poços que devem desviar o petróleo do poço danificado.
 

Reuters
Técnico carrega pelicano coberto de petróleo em meio a animais mortos na região do golfo
Técnico carrega pelicano coberto de petróleo em meio a animais mortos na região do golfo



O executivo, que vem enfrentando pressões públicas e políticas, disse que não planeja renunciar do cargo devido ao problemas. Hayward se converteu no centro da fúria dos norte-americanos com a BP quando disse no mês passado aos habitantes da costa do golfo do México: "Gostaria de ter minha vida de volta", em um comentário que muitos consideraram insensível e que motivou especulações sobre se ele sobreviveria à crise no comando da gigante petrolífera.

"Não passou pela minha cabeça. Certamente tem passado pela cabeça de outras pessoas, mas não pela minha", disse Hayward ao jornal "Sunday Telegraph" ao ser questionado se tinha pensado em renunciar como presidente-executivo da BP.

Hayward declarou à BBC que conta com todo o apoio da diretoria da BP e que a saúde financeira da companhia é sólida, apesar da queda no preço de suas ações como resultado do desastre.

Natureza

A urgência de lidar com o derramamente é visível quase sete semanas após a explosão da plataforma, que matou 11 trabalhadores. Desde então, milhões de galões de petróleo estão subindo para a superfície e se espalhando pelo mar.

Allen divulgou hoje que a maré negra se espalhou por um raio de 320 km ao redor do duto danificado e se dividiu em milhares de pequenas manchas.

O óleo cobre a superfície aquática, prejudicando a fauna no local. Pássaros e golfinhos mortos cobrem as águas, embora os cientistas afirmem que o índice de animais mortos continua relativamente modesto, porque a plataforma da BP estava a cerca de 80 quilômetros da costa.

Especialistas afirmam que as águas do golfo, que possuem uma variedade enorme de espécies, poderiam se transformam em zonas mortíferas, mas que isso poderia levar meses ou anos e ficar fora de vista. O dano poderia ser ainda maior abaixo da superfície, onde o óleo poderia devastar comunidades de zooplanctôn e de pequenos invertebrados na base da cadeia alimentar aquática.

"As pessoas tendem naturalmente a se concentrar em coisas mais evidentes, como pássaros cobertos de óleo, mas na minha opinião os impactos no habitát dos peixes será muito mais severo", afirma Rich Ambrose, diretor do programa de Engenharia e Ciência Ambiental da UCLA.

com agências internacionais