Repórter News - reporternews.com.br
Agronegócios
Domingo - 30 de Maio de 2010 às 10:41
Por: Laís Costa Marques

    Imprimir


No caso do milho, não há diferenciação no valor pago pelo grão
No caso do milho, não há diferenciação no valor pago pelo grão

Com custos de produção menores e pagamento de diferencial, a plantação de grãos convencionais se torna uma alternativa viável para aumentar o rendimento dos agricultores. As sementes geneticamente modificadas, ou transgênicas, como são conhecidas, ganharam espaço nas plantações por sua produtividade, mas o cenário está mudando ao passo que ela adquirem resistência aos defensivos agrícolas e não tem valorização no mercado. Para se ter uma ideia do mercado, a soja convencional tem sido comercializada com um preço diferencial de até R$ 4 por saca para União Europeia e alguns países asiáticos.

No Estado, a área plantada com soja transgênica na safra 2009/2010 chega a 52%, 10 pontos percentuais a mais que na safra 2008/2009. A área total plantada com soja geneticamente modificada soma 3,216 milhões de hectares. A produção do grão convencional passa a ser alvo de uma estratégia de mercado. A Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) firmou convênio com Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para o desenvolvimento de pesquisas de mais variedades da soja convencional.

O interesse está em tornar o país como um produtor alternativo de soja, já que os maiores produtores, como Estados Unidos e Argentina possuem suas plantações dominadas pelos transgênicos e dificilmente pode se reverter a situação. O gerente geral da Embrapa Mato Grosso, João Flávio Veloso Silva, conta que quando foram procurados pelos produtores, apresentaram a linha de pesquisa da empresa com soja convencional e que agora isso foi intensificado porque entende-se que este é interesse da região no momento. "Nossa linhas de pesquisas não envolvem questões filosóficas porque entendemos que há segmentos com diferentes interesses e temos que atender a todos. Seja transgênico, convencional ou orgânico".

O presidente Associação Brasileira dos Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange), Ricardo Tatesuzi de Sousa, diz que a opção pelo convencional ou pelo transgênico está vinculado aos interesses do mercado internacional, porque no mercado interno não há diferenciação de preços. Mas é quanto aos custos e futuro comercial que Ricardo enfatiza a importância do investimento em convencional. "Em um país em que os custos são tão altos como no Brasil, que possui alta carga tributária, problemas de logística e ainda é suscetível ao câmbio, a maneira de concorrer com os outros produtores é colocar um opção extra e exclusiva no mercado". Sousa explica que para o Estados Unidos a situação é complicada porque não há segregação e a produção se misturou.

O diretor da Aprosoja Brasil e Aprosoja Mato Grosso, Carlos Fávaro, compartilha da opinião do presidente da Abrange. Ele cita o próprio exemplo para apontar a mudança no comportamento do setor. "Eu sempre optei pela convencional na esperança de receber o diferencial. Na última safra (2009/2010), como precisava limpar meu campo contaminado pela erva daninha, plantei transgênico e deixei, pela primeira vez, de receber o prêmio de cerca de R$ 2 por saca". O diretor do Centro Grãos, da Federação Mato-Grossense de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), João Birkhan, afirma, no entanto, que este prêmio nem sempre chega aos produtores rurais. Para Birkhan, entre 70% e 80% dos diferenciais pagos nos portos não são repassados ao agricultores e ficam para as indústrias esmagadoras.

Produtores - Clóvis Albuquerque, de Primavera do Leste, sempre plantou o grão convencional e diz que em sua região a opção ainda compensa, mas reconhece que em breve isso de mudar. "Há uma tendência pelo convencional em função dos royalties e dos herbicidas para convencionais que estão mais baratos e assim diminui os custos de produção". Os custos de Albuquerque com a produção estão em torno de R$ 1,4 mil por hectare, porém, em virtude do mercado local, o transgênica tem mais aceitação pela esmagadoras.

Carlos Fávaro, da Aprosoja, ressalta porém, que o plantio do convencional ou do geneticamente modificado nem sempre é uma escolha do produtor. Segundo Fávaro, isso depende das condições locais. "Há regiões em que há infestações de ervas daninhas e que os herbicidas convencionais não são capazes de combater e a produtividade fica comprometida". Já o produtor Marcelo Paludo, de Sapezal, tem o histórico oposto do agricultor de Primavera. A produção de Paludo é toda de soja convencional. "Para nós é melhor a soja não transgênica, apesar de investir um pouco mais em herbicida para combater as ervas daninhas, recebo de R$ 2 a R$ 3 como prêmio por saca".

Royalties - A Aprosoja solicitou na Justiça explicações sobre a c cobrança de royalties pela Monsanto. A reivindicação da entidade é para que a multinacional explique o sistema de cobrança. Segundo Fávaro, a empresa cobra o royalties duas vezes, ao comprar a semente e sobre o excedente da produção. "É como se eu comprasse um carro com a tecnologia do air bag, pagasse por ele e, caso sofresse o acidente e o instrumento fosse utilizado eu tivesse que pagar novamente porque ele funcionou".

Além disso, a Aprosoja quer explicações sobre o tempo de cobrança do royalties, sobre as formas de cobrança e emissão de notas fiscais. Os royalties cobrados hoje custam R$ 0,45 por quilo de semente e mais 2% do excedente da projeção de produção, ou seja, se a produtividade superar a estimativa, o produtor paga 2% do comercializado.

No caso do milho, como muitas empresas possuem a tecnologia do transgênico e não existe diferenciação de preços no mercado, não há problemas quanto à cobrança. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária estima que 40% da área plantada na safrinha 2009/2010 seja de milho geneticamente modificado.





Fonte: A Gazeta

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/130017/visualizar/