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Economia
Terça - 25 de Maio de 2010 às 04:31
Por: Marianna Peres

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Arroba bovina já sofre efeitos negativos da saída de mais uma planta do mercado. Pecuaristas temem concentração
Arroba bovina já sofre efeitos negativos da saída de mais uma planta do mercado. Pecuaristas temem concentração

O maior grupo frigorífico mato-grossense, o Frialto, suspendeu ontem os abates de bovinos em todas as suas unidades espalhadas em cinco estados brasileiros. De acordo com fontes do mercado estadual, com problemas de liquidez e sem conseguir capital de giro (financiamento), o grupo, no curtíssimo prazo, não enxerga alternativas que possam reoxigenar a empresa e assim retomar a linha de produção. O valor da dívida não foi revelado.

Somente na unidade de Sinop (503 quilômetros ao norte de Cuiabá), sede do grupo, 730 cabeças deixarão de ser abatidas. A conseqüência imediata é o alongamento das escalas de abates – o que indica mais oferta que demanda – e o achatamento do preço da arroba. De sexta-feira até ontem, por exemplo, a arroba ficou R$ 2 mais barata na região, passando de R$ 74 para R$ 72.

Como explica o presidente da Associação dos Criadores do Vale do Arinos (que engloba municípios do norte de Mato Grosso), Fernando Conte, o Frialto não conseguiu quitar os pagamentos junto aos pecuaristas que venderam animais nos último três dias. O que deveria ser quitado na quinta-feira (20), sexta-feira (21) e ontem estava em aberto e sem previsão por parte do Grupo. “Tivemos reunião com a diretoria e nos foi pedida paciência. Entendemos que há boa vontade em acertar os pagamentos. Os animais que estavam prontos para o abate ontem foram devolvidos. A diretoria deixou claro que não tem intenção de dar calote em ninguém”. Porém, a situação do Frialto traz a recente lembrança de que mais um frigorífico em MT possa estar na iminência de falência ou de iniciar um processo de recuperação judicial. “Tememos também a concentração no segmento. O Frialto era o mais importante grupo em atuação no norte de Mato Grosso e para o sul do Pará, representando 40% do mercado do Vale do Arinos. Se de fato o Frialto sair de cena, há alternativas para comercializamos o boi, porém ficaremos restritos ao frigorífico Pantanal ou ao Friboi”, observa Conte.

IMPACTO – O Diário tentou sem sucesso contato por telefone com a assessoria do grupo em São Paulo e com o proprietário Paulo Bellicanta. Nos bastidores o que se diz é que havia uma conversa para a venda dos ativos do Frialto ao grupo Marfrig. Porém, a negociação teria dado errado e a diretoria do grupo mato-grossense teria sido pega de surpresa com a negativa, e por isso a paralisação repentina seria o plano B acionado às pressas. “O Frialto fechou as portas para tomada de decisão, fazer um levantamento e assim enxergar a situação. Pediram aos pecuaristas uma semana de prazo”. Ontem, durante quase todo o dia, Bellincanta esteve em reunião em Cuiabá relatando a situação e buscando ações a curto prazo.

A Associação dos Criadores do Estado (Acrimat) está solidária e vai tentar, juntamente com o Frialto, buscar uma saída. “A paralisação das unidades, é claro, nos deixa tristes e preocupados com o jeito como as coisas caminham, como, por exemplo, para a concentração de várias unidades nas mãos de poucos grupos, o que vem sendo registrado desde o ano passado, quando várias plantas lançaram mão dos planos de recuperação judicial”, explica o superintende da Acrimat, Luciano Vacari. Conforme a entidade, caso o Frialto seja vendido ao Marfrig, a empresa e o JBS/Friboi seriam responsáveis por 70% dos abates de bovinos em Mato Grosso.

Vacari faz questão de dizer ainda que o Frialto sempre foi uma boa empresa para se negociar. “Tiveram sempre um posicionamento de mercado muito bom, sempre pagaram em dia, até mesmo após a crise mundial que afetou o segmento. Por isso vamos ajudar e ver o que pode ser feito”.

A assessoria de imprensa do Marfrig, localizada em São Paulo, negou que haja negociações junto ao Frialto.

O superintendente criticou mais uma vez a política do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de dificultar a concessão de crédito aos pequenos e médios frigoríficos, como é o caso do Frialto. “E isso vem facilitando as fusões no mercado e ampliando o nível de concentração de poucos grupos”.

DADOS - Todas as unidades do Frialto localizadas em Mato Grosso, Rondônia, Goiás, São Paulo e no Mato Grosso do Sul abatem por dia mais de quatro mil cabeças, com exceção da unidade de Jundiaí, que é um entreposto, e as unidades de Taboaporã (MT) e de Itaberaí (GO), que, conforme o site do Frialto, parecem ser unidades em construção. Todos os matadouros/frigoríficos são certificadas para exportação por meio do Selo de Inspeção Federal (SIF). Os cortes tinham como destino, em geral, União Européia, África do Sul, Albânia, Argélia, Argentina, Chile, Croácia, Egito, Emirados Árabes Unidos, Hong Kong, Irã, Ilhas Maurício e Noruega.






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