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Agronegócios
Quinta - 06 de Maio de 2010 às 07:57
Por: Marcondes Maciel

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A atividade de confinamento de boi em Mato Grosso este ano deverá apresentar queda de 7,03% em relação aos números de 2009, informou ontem o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) durante o 6º Encontro Internacional dos Negócios da Pecuária (Enipec) realizado no Centro de Eventos do Pantanal. De acordo com levantamento de intenção de confinamento divulgado ontem, em 2010 deverão ser confinados 593,190 mil animais, contra 637,983 mil no ano anterior. Segundo o gestor do Núcleo de Análise e Conjuntura do Imea e responsável pela pesquisa, Otávio Celidonio, a queda se deve a dois fatores básicos: falta de um planejamento antecipado do produtor para este ano e alto custo do boi magro.

No primeiro levantamento do ano, o Imea identificou 221 propriedades com estrutura de confinamento no Estado, sendo que dessas unidades confinadoras, 90% foram contadas pela equipe do instituto. Dentre os produtores entrevistados, 43 não pretendem confinar em 2010 e, 42, demonstraram interesse em fazer o confinamento, mas não têm previsão de entrega dos animais ou pretendem confinar, porém não possuem ainda uma noção do volume.

O Imea informou que 115 propriedades já possuem previsão de entrega tanto do volume de animais que será confinado quanto dos meses de entrega dos mesmos. O resultado deste levantamento apontou recuo de 44,793 mil animais em relação ao total confinado em 2009.

Em Mato Grosso, apenas as regiões Noroeste e Médio-Norte deverão apresentar incremento no número de animais confinados em 2010. O destaque é para a região do Médio-Norte, que aumentará o número de cabeças confinadas em 15,26%, passando de 83,650 mil para 96,420 mil. Já na região Noroeste o confinamento deverá avançar 6,17%, saindo de 4,050 mil animais em 2009 para 4,300 mil animais este ano.

As demais regiões do Estado devem apresentar números negativos, sendo o maior deles (-24,26%) na rgião Centro-Sul, seguido do Sudeste (-13,92%), Nordeste (5,02%), Norte (-4,2%) e, Oeste, -2,27%.

“Com base neste levantamento podemos concluir que o mercado ainda está indeciso quanto ao futuro do preço da arroba do boi, uma vez que ele está pagando caro pelo preço do boi magro”, avalia Celidonio. Ele disse que os preços dos insumos hoje estão favoráveis ao produtor, porém o custo do animal a ser confinado está caro. “Hoje o boi magro está mais caro do que o boi gordo”, afirmou, lembrando que um boi de 12 arrobas (peso médio destinado ao confinamento) custa R$ 907, ou seja, 75,50/arroba. Já o boi gordo, pesando 17 arrobas, é vendido por R$ 1,250 mil, porém o preço médio por arroba é de R$ 73,52.

“A margem do confinamento é pequena, mas o giro é rápido e por isso o pecuarista acaba decidindo pelo confinamento”, analisa Celidonio, que não vê a queda de 7,02% no número de animais confinados como significativo para o mercado. “Esta queda mostra apenas que o produtor está receoso quanto à remuneração da atividade face ao custo do boi magro, por isso prefere agir com cautela”.

MENOR OFERTA - Celidonio diz que se a atividade de confinamento confirmar a queda este ano, poderá haver menor oferta de boi gordo no mercado, durante o período da entressafra, mas não o suficiente para gerar escassez.

Na avaliação do diretor executivo da Associação dos Produtores Rurais de Mato Grosso (APR/MT), Paulo Resende, a decisão de confinar mais ou menos vai depender de três fatores fundamentais: preço do boi magro, custos de engorda (confinamento) e preço de comercialização. “O pecuarista deve ter muita cautela antes de decidir se é vantajoso para ele optar pelo confinamento este ano”, acrescenta.

A opinião é avalizada pelo zootecnista Bruno Andrade, da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon). “É preciso tomar alguns cuidados, como ficar de olho nos custos de produção e nos preços do boi magro, controlar bem a rotina do confinamento e ter uma boa gestão de custo. Se surgir uma boa oportunidade de venda no mercado futuro, o pecuarista não deve pensar duas vezes”.

Otávio Celidonio, do Imea, lembra que o produtor mato-grossense continua desprotegido em relação ao preço. No mercado a termo, o levantamento do Imea aponta comercialização de apenas 8% e, na BM&F, 16%.






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