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Agronegócios
Quarta - 05 de Maio de 2010 às 08:42
Por: Brás Henrique

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Desde dezembro de 2009, a Embrapa realiza, em 19 centros de pesquisa, espalhados pelo País, a Rede de Agricultura de Precisão. Essa rede deverá ter, em quatro anos, um levantamento detalhado do que é feito nessa área em propriedades rurais brasileiras. "Nosso objetivo, com a rede, é promover a agricultura de precisão como a tecnologia que pode trazer mais benefícios econômicos ao agricultor e gerar menos danos ao ambiente", diz o coordenador da rede, o pesquisador Ricardo Inamasu, da Embrapa Instrumentação Agropecuária, de São Carlos (SP).

 

Inamasu apresentou esse trabalho aos representantes de empresas fabricantes de máquinas e implementos e de insumos agrícolas, durante a 17.ª edição da Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), encerrada na semana passada, em Ribeirão Preto (SP). Segundo ele, o uso da agricultura de precisão levará o produtor ao melhor aproveitamento de sua propriedade, pois ele contará com dados que podem facilitar o uso racional de fertilizantes e de outros insumos.

Numa experiência anterior à criação da rede, por exemplo, em área montanhosa de café, em Viçosa (MG), foi feito um mapeamento para visualizar a melhor área de qualidade para o plantio. Ao levar em consideração a variabilidade do solo, o produtor pôde ter um melhor ganho financeiro com gastos menores. E pôde estudar os efeitos das variações espaço/tempo nos sistemas produtivos e ainda desenvolver métodos para ajudar em suas tomadas de decisão.

Método. Na pesquisa da rede criada pela Embrapa é usado o Mapa de Condutividade Elétrica do Solo, uma técnica usada há tempos nos Estados Unidos e em países da Europa. Os equipamentos são importados, mas Inamasu acredita que em breve poderão até ser nacionalizados, conforme a demanda.

Esses equipamentos, acoplados a implementos agrícolas, permitem conhecer a variabilidade do solo, possibilitando ao produtor destinar, por exemplo, mais adubação numa determinada área que necessita desse insumo, ou diminuir a aplicação em outro talhão, evitando o desperdício. Assim, pode-se também ter ganhos de produtividade.

O pesquisador acredita que uma amostra a cada 2 ou 5 hectares da área, para conhecer a variabilidade do solo, ainda é pouco. Mais amostras, em áreas mais extensas, podem significar resultados melhores e mais confiáveis. Geralmente, em pesquisas, são coletadas amostras a cada 20 ou 25 metros. "Mas isso seria impraticável e caro numa propriedade agrícola", comenta. Para o vice-coordenador da rede, Alberto Bernardi, esse mapeamento, feito no campo, evita mais amostragens trabalhosas e com custos elevados.

Parcerias. Os pesquisadores mostraram o estudo para as empresas fabricantes, que têm produtos de agricultura de precisão. "Precisamos trabalhar com esse conceito e em parceria", diz Inamasu. Segundo o pesquisador, dos diversos campos de centros de pesquisas, 30% são de parceiros.

"Esse projeto desmistifica a agricultura de precisão para o País, pois a demanda cresce em escala exponencial e o benefício, às vezes, pode pagar os equipamentos no primeiro ano", afirma o coordenador de vendas da John Deere, Tiago Oliveira. Os equipamentos da empresa para esse segmento, fabricados nos Estados Unidos, variam entre R$ 6 mil e R$ 130 mil. O gerente de marketing e tecnologia da AGCO, Gregory Riordan, empresa que tem equipamentos de agricultura de precisão custando entre R$ 13 mil e R$ 70 mil, concorda e diz que os pequenos produtores já encontram facilidades para adquirirem produtos.

Depois da Agrishow, os pesquisadores da Embrapa voltarão a apresentar mais dados e informações sobre os estudos durante o Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão (Conbap), que será realizado em Ribeirão Preto, entre 27 e 29 de setembro.






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