Água de cacimba pode transmitir botulismo, alerta especialista

As águas das cacimbas, como são conhecidas pequenas represas que servem de bebedouros em pastagens, podem ser muito perigosas para a saúde dos animais. Estudos do médico veterinário Aires Manoel de Souza, professor da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás (UFG), demonstram que, no período do final da seca, essas águas podem se transformar em grandes depósitos de toxinas de clostridium botulinum, que são as causadoras do botulismo, uma doença fatal para o gado.

Após quatro anos pesquisando 300 cacimbas de 130 fazendas em 12 municípios goianos da região do Vale do Araguaia, na divisa com Mato Grosso, o professor Aires Manoel de Souza, constatou que os bebedouros tornam-se locais propícios para o desenvolvimento da toxina do botulismo. “Isto devido a três fatores: alta temperatura, falta de oxigênio e material orgânico em decomposição”, explica o professor.

Graduado em veterinária pela UFG, com mestrado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutorado pela Universidade de São Paulo (USP), o professor Aires recomenda que o uso das  cacimbas deve ser descartado. Ele orienta que o ideal é a construção de bebedouros apropriados, abastecidos com água potável corrente ou de poço artesiano.

Atualmente, acrescenta o professor Aires, há alternativas de tecnologia apropriada e barata para a aquisição e distribuição de água aos bebedouros no pasto. Entre elas o bombeamento das águas utilizando a energia solar. Com um investimento adequado, o proprietário pode levar água para todas as suas pastagens, evitando que o gado corra risco nas cacimbas.

Além disso, emenda o professor, é um recurso que evita que o gado freqüente nascentes e margens de cursos d’água. Isso evita a destruição das nascentes e dos a córregos e rios, devido ao assoreamento que os animais, principalmente em grande número, provocam.

O professor Aires Manoel de Souza está em Cuiabá participando III Seminário de Extensão do Centro-Oeste (Serex), que tem início nesta quarta-feira (28.04.10) na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).