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Economia
Terça - 27 de Abril de 2010 às 12:09

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O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta terça-feira que o Brasil estaria disposto a examinar uma eventual proposta para a troca de urânio enriquecido iraniano em seu território. O país já havia sido pleiteado para a troca do combustível nuclear, mas nunca recebeu proposta formal de Teerã.

"Até o momento, não recebemos nenhuma proposta neste sentido, mas se recebermos uma, consideramos que poderia ser examinada", afirmou Amorim, em visita à Teerã, em uma entrevista à agência oficial de notícias Irna.

Amorim já havia dito em fevereiro não ter "preconceito" contra a hipótese de o Brasil ser depositário de urânio enriquecido, desde que esse fosse um pedido feito pela comunidade internacional.

A proposta foi levantada inicialmente pelo diretor da organização iraniana de energia atômica, Ali Akbar Salehi, na linha do acordo assinado no ano passado com as potências e a ONU (Organização das Nações Unidas) para o enriquecimento de seu combustível nuclear em solo exterior.

Caso aceite a proposta, Brasil receberia o urânio iraniano enriquecido a 3,5% e entregaria combustível enriquecido a 20% --suficiente para geração de energia e inviável para a produção de armas.

Em fevereiro, contudo, Amorim descartou completamente a possibilidade de o Brasil vir a enriquecer o urânio para o Irã. "Pelo que tenho lido, o Brasil, não tecnologicamente, mas industrialmente, não teria condições de produzir essa quantidade que seria necessária. Se você não tem condições de fazer industrialmente, não adianta discutir hipótese", afirmou.

Turquia

O Brasil defende a ideia de que a Turquia seja a depositária de urânio pouco enriquecido iraniano.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já discutiu a questão no início do mês, em Washington, com o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, e o presidente dos EUA, Barack Obama, como alternativa às duras sanções que o americano vem defendendo.

Pela proposta das potências, sob mediação da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), o Irã embarcaria 70% do seu estoque de urânio baixamente enriquecido, que seria convertido na França ou Rússia em cápsulas de combustível compatíveis para produção de isótopos de uso médico.

Teerã recusou a proposta dizendo que o projeto de acordo não apresentava as garantias necessárias para a entrega do combustível. Depois disso, o país apresentou uma contraproposta para um intercâmbio gradual e intercalou acenos de diálogo com duras declarações sobre a soberania de seu programa nuclear.

Com a paralisação das negociações, o Irã anunciou que começou a enriquecer o urânio a 20% em fevereiro passado, mesmo diante da repreensão das potências. Desde então, os EUA lideram uma campanha por uma nova rodada de sanções no Conselho de Segurança da ONU, à qual o Brasil se opõe.

"Buscamos um meio para impedir as sanções contra o Irã. Pensamos que as sanções não seriam eficazes e apenas afetariam a população, e em particular as classes desfavorecidas", afirmou Amorim à Irna.

Amorim, que desembarcou na segunda-feira em Teerã, se reuniu com o colega iraniano Manouchehr Mottaki, com o principal negociador iraniano para a questão nucleares, Said Jalili, e com o presidente do Parlamento, Ali Larijani.

Com agências internacionais






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