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Sexta - 23 de Abril de 2010 às 08:19
Por: Alecy Alves

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Eduardo Gomes/DC
Para hoje, são esperadas outras lideranças do Xingu contra usina no Pará
Para hoje, são esperadas outras lideranças do Xingu contra usina no Pará

A balsa da travessia do rio Xingu, no município de São José do Xingu (1.200 quilômetros de Cuiabá), está interditada desde as 12 horas de ontem por tempo indeterminado, em protesto à construção da usina Belo Monte, em Altamira, no estado do Pará.

Trinta guerreiros kaiapó pintados de preto bloquearam o acesso à embarcação por onde passam diariamente mais de 200 veículos entre caminhões, ônibus e carros de passeio.

Para a manhã de hoje está prevista a chegada de pelo menos mais 70 guerreiros de outras etnias, entre as quais caiabi, panará e juruna que, segundo o cacique kaiapó Megaron Txcurramã, coordenador da Fundação Nacional do Índio em Colíder, se ofereceram para reforçar o protesto assim que souberam da decisão dos kaiapó.

A balsa interditada é a principal via de ligação do Vale do Araguaia com o Nortão de Mato Grosso e algumas cidades do estado do Pará. Localizada na BR-080, antiga MT-322, a 40 quilômetros da cidade de São José do Xingu, é fundamental para a economia da região.

No local, conforme Megaron, já estão parados caminhões que transportam gado de municípios vizinhos como Matupá e Peixoto de Azevedo para o frigorífico de Colíder.

Mesmo não sendo diretamente atingidos pela construção da usina de Belo Monte, os índios mato-grossenses entenderam que a liberação dessa hidrelétrica é um indicativo de que obras similares podem ser erguidas aqui no Estado.

Magaron contou, por telefone, ao chegar à aldeia Piaraçu, na terra indígena Capoto-Jarina, que encontrou os índios revoltados com o governo federal pela liberação do Belo Monte. Em reunião, os líderes indígenas aprovaram a interdição da balsa como forma de chamar a atenção da União.

“Índio vem falando há muito tempo para não construir barragem, mas não escutam a gente”, alertou o cacique Megaron. No entendimento dos indígenas, assim que começarem as obras de Belo Monte o governo deve tirar da gaveta outros projetos de usina para o rio Xingu.

“Tem uns dois ou três planos de barragens para o Xingu que podem inundar o Parque do Xingu e nossas aldeias”, analisou Megaron. "Se o governo quer acabar com índios, então ele deve mandar o Exército matar os índios e tomar as terras, porque os índios vão resistir", acrescentou.

Esta é a segunda vez que os kaiapó decidem parar os serviços de travessia da balsa no rio Xingu em protesto contra a construção da usina de Belo Monte.

A primeira aconteceu em 2009. A manifestação reuniu, durante seis dias, lideranças das 15 etnias que moram no Parque do Xingu, e cerca de 300 pessoas. O movimento foi liderado pelo cacique Raoni Metuktire, cuja presença estará em mais essa manifestação.






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