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Educação/Vestibular
Sexta - 26 de Março de 2010 às 08:18

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Das 32 escolas estaduais de São Paulo que já atingiram o nível de países desenvolvidos, 24 mais que dobraram o desempenho no indicador de qualidade em apenas um ano. Educadores dizem estranhar um salto tão grande. A Secretaria da Educação afirma que analisará a "consistência dos dados".

Conforme a Folha informou ontem, 1% das escolas já atingiram a meta prevista para 2030 no Idesp, indicador da gestão Serra (PSDB) que considera desempenho dos alunos em provas de português e matemática (Saresp), além da taxa de aprovação. O objetivo é se igualar a países como a Finlândia.

Nenhuma unidade havia atingido o objetivo no ano anterior. O desempenho no Idesp é a referência para pagamento de bônus aos professores.

Entre os colégios top, a maior variação (entre 2008 e 2009) ocorreu no ensino médio da escola Bairro São Miguel, na cidade de Cachoeira Paulista, que cresceu 392% (de 1,2 para 5,9, na escala até 10).

"Grandes crescimentos são estranhos. Os estudos mostram que a evolução na educação é gradual. Eu investigaria esses resultados", diz o pesquisador José Marcelino Rezende Pinto, da USP de Ribeirão Preto.

"O salário da categoria está achatado, e a única forma de ganhar melhor é ir bem nessas avaliações. Isso traz um risco."

Um técnico que participou da elaboração do índice disse, reservadamente, que um grande salto na nota pode ser feita de a escola impedir que os alunos mais fracos façam o exame --que deve abranger todos os alunos da rede estadual, mas não há punição aos que faltam.

Ele afirma, porém, que é possível uma grande variação, desde que a escola seja pequena e implemente muitas mudanças.

Em nota, a Secretaria Estadual da Educação afirma que "variações grandes para cima ou para baixo devem ser analisadas com cuidado", mas, a princípio, não há por que se duvidar dos resultados.

Ainda assim, diz a pasta, serão avaliadas as grandes variações. "Caso venham a ser detectados problemas ou erros, eles serão objeto de procedimentos administrativos."

A escola Azarias Ribeiro, em Maracaí, cita a implantação da recuperação fora do horário regular como uma explicação para o crescimento de 112% no índice. O colégio tem média de 12 alunos por sala. "Houve rumor
que a escola iria fechar, por ser pequena. A comunidade se mobilizou para garantir a continuidade", diz a coordenadora, Rita de Cássia di Mallo.

A escola Benedito Bueno, em Mococa, diz que houve mudança no perfil dos alunos. Em 2008, muitos trabalhavam na lavoura. No ano seguinte, a maioria se concentrou nos estudos. "E a comunidade se envolve. Faz até leilão para arrecadar dinheiro para reformas", diz a diretora, Miriram Raymundo. A reportagem não conseguiu contato com os colégios com as maiores variações.






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