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Meio Ambiente
Segunda - 22 de Fevereiro de 2010 às 09:46
Por: André Alves

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Depois do governo federal, Mato Grosso também vai estimular a criação e fortalecimento de cadeias de produtos da sociobiodiversidade. Uma câmara técnica envolvendo diversos órgãos das duas instâncias de governos como o MT Regional, Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), Embrapa e Empaer elegeu a castanha-do-Brasil como carro-chefe. O objetivo é fortalecer a produção de produtivos extrativistas no estado aliando conservação da floresta com geração de renda de comunidades tradicionais indígenas ou não e agricultores familiares.

Pela proposta do governo de Mato Grosso será feito um diagnóstico da produção da castanha no Estado para estabelecer quais os gargalos do escoamento dessa produção. “Vamos começar com a castanha pra iniciar o trabalho da cadeia da sociobiodiversidade, tudo o que der certo vamos replicar nos produtos como o pequi e cumbaru”, analisa Sanny Saggin, gerente de cadeia produtiva dos produtos da sociobiodiversidade e ações ambientais do MT Regional.

“Nós procuramos formas de agregar renda na floresta em pé e isso vai ao encontro da nossa política para frear o desmatamento”, explica Saggin. “Nós não temos esse tipo de cultura mas precisamos mostrar que existem formas rentáveis de extrativismo”, complementa se referindo a outras experiências em estados amazônicos, sobretudo, Acre, Pará, Amazonas e Rondonia.

Para Fernando Allegretti, consultor da Secretaria de Estado do Meio Ambiente para a Câmara Técnica de Produtos da Sociobiodiversidade, existe no noroeste de Mato Grosso projetos em desenvolvimento há dez anos que já mostraram a viabilidade da extração de castanhas no estado, principalmente visando o mercado externo. “A Bolívia produz castanha visando a exportação com uma tecnologia melhor que a nossa ainda que sem a nossa quantidade”, verifica Allegretti.

“As pessoas precisam aprender a valorizar os produtos da floresta. Estados se desenvolveram numa produção agroextrativista, sobretudo no estado do Acre com a extração da castanha e a seringa”, exemplifica. Para o consultor, Mato Grosso tem condições econômicas e sociais ter a base agrícola tradicional e a extração florestal. O melhor exemplo em Mato Grosso sobre uso sustentável dos recursos naturais e conservação ambiental é apoiado pelo projeto Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade das Florestas do Noroeste de Mato Grosso, executado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). São beneficiadas dezenas de famílias dos povos indígenas Rikbaktsa e Zoró, os seringueiros da RESEX Estadual Guariba - Roosevelt e agricultores familiares do assentamento Vale do Amanhecer, em Juruena.

EXTRAÇÃO FLORESTAL FAZ PARTE DA AGRICULTURA FAMILIAR

De acordo com Fernando Allegretti, a extração florestal faz parte da agricultura familiar. “O extrativista, o coletor de castanha, também é pescador, coleta a seringa e a pupunha e o interessante no noroeste do estado é que já há algo já estruturado entre os índios, agricultores e extrativistas”, analisa. Para o consultor, é o exemplo perfeito onde as comunidades usam suas expertises para produção extrativista sem concorrer internamente. Os índios Rikbaktsa, por exemplo, possuem áreas ricas em castanhas-do-Brasil. Agricultores em Juruena possuem uma indústria de beneficiamento e os extrativistas da Reserva Guariba-Roosevelt unem a extração e uma indústria de óleos. Esses atores, que antes eram adversários na região, hoje se unem conservando a floresta ao mesmo tempo em que geram renda. Para Allegretti os exemplos de negócios bem sucedidos não se encontram apenas entre as comunidades tradicionais. Empresas em Mato Grosso, Para e Amapá comercializam castanha e açaí e seus subproduros comprando das comunidades por meio do comércio justo.

No entanto, avalia o consultor é preciso que o estado invista na cadeia de outros produtos além dos considerados âncora, como a castanha e a seringa em Mato Grosso, principalmente porque estes produtos não são encontrados em todo o estado mas em todas as regiões existem produtos nativos passíveis de renda. “É o mesmo caso da produção madeireira, exploramos poucas espécies e deixamos de lado a grande maioria do potencial”, explica.

Outro desafio é a gestão e o investimento na qualidade da produção. “Existe um mercado crescente para o orgânico mas se tem pouco acesso, as pessoas da região também gostariam de consumir esses produtos”, analisa. “ A única exceção na Amazônia é o açaí, mas é um produto que era da dieta alimentar dos povos da Amazônia mas que atualmente é um produto caro”, finaliza.






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