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Repórter News - reporternews.com.br
Agronegócios
Sexta - 19 de Fevereiro de 2010 às 18:58
Por: Sandra Amorim/Andréia Coutinho

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A ferrugem asiática continua preocupando os produtores de soja de Mato Grosso. As chuvas ininterruptas que vem caindo nas últimas semanas dificultam a entrada nas lavouras para a aplicação de fungicidas. Com a incidência da doença em todo o estado, os produtores se esforçam para conter a proliferação, reduzindo para 11 e 12 dias o intervalo entre as aplicações, quando normalmente são realizadas a cada 18 a 20 dias.

“A atenção nesse período está sendo redobrada, pois existe uma pressão de aumento do fungo em decorrência da colheita. Pode-se perceber que as produtividades ainda estão dentro da média histórica de 50 sacas por hectare, mas não estão como as verificadas no ano passado”, pontua o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Glauber Silveira.

Glauber lembra que a colheita que está sendo feita agora são das variedades de ciclo médio, que sustentam a média da produtividade estadual. “Se neste momento estamos tendo queda nesse ciclo, ficamos mais apreensivos em relação aos resultados que virão com as de ciclo tardio, que puxam a produtividade para baixo”.

“As aplicações de fungicidas nas lavouras saíram de duas na safra passada para três, em média, nesta safra. Neste momento já estamos focando as atenções para a severidade da doença, ou seja, se está com forte incidência e se está sendo controlada”, pontua o gerente técnico da Aprosoja/MT, Luiz Nery Ribas.  

A produtividade média da safra 2009/2010, em fase de colheita, está em 50,02 sacas por hectare, segundo levantamento mais recente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). “E se as chuvas continuarem sendo o fator de contribuição para a elevação da incidência da ferrugem asiática, a média da safra deste ano poderá ficar abaixo das 50,87 sacas/ha registradas na safra 2008/2009”, afirma o superintendente do Imea, Seneri Paludo.

O analista de mercado da AgRural em Mato Grosso, Eduardo Godoi, também avalia que pode ser difícil a produtividade média deste ano alcançar a obtida na safra 2008/2009.

Godoi, que também é produtor de soja e milho no município de Sapezal, conta que conseguiu uma produtividade de 54 sacas de soja por hectare em 50% da área colhida, o que corresponde a 3 sacas a menos que as 57 sacas/ha obtidas na metade da área colhida na safra 2008/2009.

Ele explica que na safra 2009/2010 aumentou a área com as variedades super precoces para elevar, consequentemente, a área para a safrinha de milho e para tentar escapar da pressão da ferrugem. Porém, o resultado não foi o esperado. Essa opção também foi feita por muitos produtores do estado.

“Nos talhões plantados a partir de 15 de outubro do ano passado, com os ciclos precoce e médio, presenciamos uma recuperação de produtividade, mas acredito que não conseguiremos atingir a média registrada na safra passada”, afirma Godoi, ao acrescentar que reduziu o intervalo das aplicações de fungicidas de 20 para 12 dias e que já está na quarta aplicação.

Além da ferrugem, as chuvas também vem contribuindo para outros tipos de perdas provocadas por aparecimentos pontuais de soja louca, soja ardida, nematóide de cisto, entre outras doenças e pragas, além do clima desfavorável em alguns momentos da colheita.

O Oeste do estado vem passando por momentos difíceis nas duas últimas semanas, segundo relato de produtores locais. As chuvas que caíram por 11 dias consecutivos provocaram perdas na qualidade em algumas lavouras, com grãos ardidos, geminados e esverdeados.

Alfredo Crhistiano Horn, tradicional produtor do município de Nova Mutum, informa que contabiliza perda de 9 sacas por hectare provocada por veranico. “Mas aqui pela região a previsão é de 8 a 15 sacas/ha a menos de produtividade por conta do veranico e agora da ferrugem asiática”.

Os focos de ferrugem asiática no estado já somam 362 entre 1º de novembro de 2009 e 18 de fevereiro de 2010, ante 185 registrados de 1º de novembro de 2008 a 18 de fevereiro de 2009. Nos períodos comparativos, os números de amostras totalizaram 3.223 e 2.823, respectivamente. Os dados são do Projeto Antiferrugem da Aprosoja/MT. 






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