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Policia MT
Domingo - 24 de Janeiro de 2010 às 10:45
Por: Adilson Rosa e Maricelle Lima

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Delegada diz que traficantes chegam a montar ponto de mototáxi para fazer ‘aviões’, 5 vezes mais lucrativos
Delegada diz que traficantes chegam a montar ponto de mototáxi para fazer ‘aviões’, 5 vezes mais lucrativos
Criado para ser um meio de transporte alternativo, rápido e barato, o mototáxi se transformou em prioridade para alguns traficantes que descobriram nele uma forma de agilizar o tráfico encurtando o caminho entre a droga e o viciado. A polícia também percebeu a adesão dos traficantes ao novo meio de transporte e está fechando o cerco a entregadores que se travestem de mototaxistas e participam do esquema criminoso. Em alguns casos, alguns pontos de mototáxi foram abertos justamente para atender exclusivamente o tráfico de drogas.

Dados da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Capital apontam que dezenas de mototaxistas foram alvos de investigação no ano passado por conta dos “aviões” – como são conhecidos os transportes de droga no linguajar do crime. Apesar do esforço dos policiais, não foram encontradas drogas com os suspeitos. Muitos são envolvidos no esquema conhecido como “disque-pó” – entrega em domicílio de maconha ou trouxinhas de pasta-base.

Há cerca de uma semana, o mototaxista Nataniel Antunes da Silva, de 40 anos, foi preso em flagrante acusado de matar um homem no Jardim Industriário que estaria devendo o pagamento de uma remessa de droga para o profissional.

Segundo a delegada Cleibe de Paula, adjunta da DRE, sempre existiu o envolvimento de mototaxistas com traficantes e essa “parceria” está longe de terminar. “É mais rápido (para fazer a entrega de drogas) e mais barato para o traficante. E mais rentável para o mototaxista também”, frisou. Cleibe lembrou que, com uma viagem normal, o profissional cobra R$ 10. Já para um “avião”, recebe, em média, cinco vezes mais. As entregas são feitas em casa, motéis e hotéis, além de outros locais. No entendimento da delegada, muitas vezes, o mototaxista desconhece o que está transportando e só descobre na hora que entrega ou aparece a polícia. “Já o taxista descobre mais rápido, pela circunstância, maior número de pessoas num carro bebendo de madrugada”, completou.

Cleibe de Paula explicou que os policiais da DRE descobriram que em Cuiabá existem pontos de mototáxi que foram abertos exclusivamente para servir a traficantes. O problema maior é localizar a droga para configurar o tráfico. “Traficantes precisam de uma empresa de fachada e abrir uma de mototáxi é bem mais fácil. Em alguns casos, para não dar bandeira, faz-se uma corrida normal e outra para traficantes”. A delegada frisou que há uma parcela pequena de mototaxistas envolvida com o crime, pois a maioria é pai de família e está na profissão para o próprio sustento.

OFENSA - A ressalva da delegada é reiterada pelas entidades que representam a categoria. O Sindicato dos Mototaxistas de Mato Grosso reforça que associar o profissional ao tráfico soa como ofensa, mas não nega que existam profissionais que utilizam o meio para fazer os aviões. “É muito triste, mas temos que reconhecer. Tem muito motoboy e mototaxista (no tráfico). Os que admitem estar (no crime) utilizam, entre um passageiro e outro, uma entrega e outra para traficar”, pontuou Vilson Neves, presidente do Sindicato.

Em Cuiabá, são 800 profissionais e cerca de 400, em Várzea Grande. No Estado todo, 10 mil. Desses, cerca de 30% não são cadastrados junto ao Sindicato, e são denominados exploradores.

O presidente da Associação de Mototaxistas de Mato Grosso, Isaías José Rodrigues, disse acreditar que, com a regulamentação da profissão, o número de pessoas que se dizem profissionais vai cair pela metade. Na prática, serão 5 mil motocicletas que não terão vínculo com a profissão. “As pessoas saberão identificar de longe um mototaxista, não poderá usar short, pilotar de chinelo será identificado por um colete padronizado”, explicou.





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