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Cidades/Geral
Quinta - 21 de Janeiro de 2010 às 07:34
Por: Fernando Duarte

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Os ex-policiais militares Célio Alves de Souza e Hércules Araújo Agostinho dividirão a mesma cela na Penitenciária Central de Mato Grosso (antigo Pascoal Ramos). Essa é primeira vez que isso acontece em 7 anos. Em 2003, ao serem presos, ele ficaram pouco tempo juntos. O secretário de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Diógenes Curado Filho, disse ser contra o retorno dos pistoleiros ao Estado, mas garantiu que o sistema prisional está adequado para recebê-los. A volta da dupla está prevista para amanhã, ao meio-dia.

Apesar da periculosidade dos ex-policiais, não foi criada nenhuma estrutura específica para eles. A segurança será feita pelos agentes penitenciários e pelo Batalhão de Guarda da Polícia Militar, que atua na parte externa do presídio. Ou seja, o mesmo sistema utilizado aos demais detentos. O secretário-adjunto, tenente-coronel Zaqueu Barbosa, disse que o diferencial será quanto aos procedimentos, como banho de sol separado dos demais, a utilização da tranca aérea (o agente prisional não tem contato direto com o preso) e o uso do detector de metal. Este último item também não foi adquirido especificamente para a dupla. "Não se trabalha com o indivíduo, mas com a coletividade", disse o tenente-coronel.

Ele também afirmou que haverá uma cautela na vigilância, mas não quis entrar em detalhes. Para Zaqueu, é muito mais seguro e eficiente vigiar esses presos enquanto estiverem juntos, do que em ambientes diferentes na penitenciária.

No Presídio Federal de Campo Grande, unidade de segurança máxima, os presidiários ficam em celas únicas e não mantém contato. Por isso a preocupação, já que é a primeira, vez desde 2003, que os ex-policiais militares ficarão na mesma cela. Além disso, enquanto Célio estava foragido, Hércules o delatou em vários crimes.

O secretário Diógenes Curado disse que, na primeira semana deste ano, o juiz da 2ª Vara de Execuções Penais de Cuiabá, Adilson Polegato, conferiu a cela em que os pistoleiros ficarão e aprovou o local.

Polegato também é contrário ao retorno dos presos e argumenta que a presença deles coloca em risco a segurança do Estado, por serem considerados de alta periculosidade.

Segundo Curado, somente o surgimento de "algo novo" fará com que os detentos retornem a um presídio federal de segurança máxima.

Outro temor quanto à presença da dupla no Estado é em relação a uma possível rebelião na Penitenciária Central (atualmente com 1,3 mil presos), hipótese descartada pelo superintendente do Sistema Prisional, major Airton Siqueira Júnior.

"Problema na refeição pode gerar rebelião. Algum preso que está cumprido mais tempo que a pena estipulada pode gerar. Algum servidor que agrediu um preso pode gerar rebelião. Mas especificamente os dois (Célio e Hércules) não".

O retorno da dupla ocorreu porque o juiz da 5ª Vara Federal de Campo Grande, Dalton Igor Kita Conrado, indeferiu a solicitação para renovação do prazo de permanência dos presos na Capital de Mato Grosso do Sul. O magistrado argumentou que o Estado teve tempo suficiente para garantir segurança no presídio. Ambos cumprem pena no estado vizinho desde o dia 20 de julho de 2007.

Se o juiz de Campo Grande utilizar o mesmo argumento para João Arcanjo Ribeiro, é bem provável o retorno do chefe do crime organizado ao Estado. Arcanjo foi transferido para Campo Grande em outubro de 2007, quando foi descoberto que de dentro da Penitenciária Central ele continuava liderando o jogo do bicho em Mato Grosso.

"A transferência de presos (para outros estados) é benéfica em país todo", disse o secretário Diógenes Curado, que afirmou não ser a favor do retorno de Arcanjo para o Estado, assim como o do narcotraficante Fernandinho Beira Mar para o Rio de Janeiro.

Fugas - Hércules e Célio já fugiram da Penitenciária Central do Estado. O primeiro foi Hércules, que escapou pela porta da frente em 2002 e só foi recapturado no ano seguinte em Machadinho D"Oeste (Rondônia). Depois foi a vez de Célio Alves, que fugiu em 2005 e só foi preso quase 2 anos depois, em julho de 2007. Célio estava morando na Bolívia e foi preso numa estrada cabriteira de Cáceres, quando voltava para o Brasil. Logo em seguida, ele e Hércules foram transferidos para a Penitenciária Federal de Campo Grande.

Hércules já possui condenações que somam 117 anos de prisão, pelo assassinato de 10 pessoas. Já as penas de Célio, por 7 homicídios, somam 88 anos de reclusão. Ambos ainda respondem a vários processos por homicídio e, em março, sentam novamente no banco dos réus pela morte de Mauro Sérgio Benedito Manhoso, ocorrida em 25 de fevereiro de 2010.

Os dois são acusados de serem o braço armado da organização criminosa liderada por João Arcanjo Ribeiro e teriam cometido vários crimes a mando do "Comendador", como é o caso do assassinato do empresário Sávio Brandão e de Manhoso.





Fonte: A Gazeta

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