33% do produto recolhido é jogado sem nenhum tratamento no solo, nos rios e nos córregos de Cuiabá
60% do esgoto da Capital não possui destino correto
Apenas 39,35% dos 2,6 milhões de metros cúbicos de esgoto produzidos em Cuiabá chegam a uma rede de captação. O número é baixo e a situação fica mais preocupante quando o Serviço de Saneamento da Capital (Sanecap) informa que 33% do produto recolhido é jogado sem nenhum tratamento no solo, nos rios e córregos da Capital. Os problemas de infraestrutura unem-se a falta de consciência da população, bem como a ausência de fiscalização para o Código de Postura do Município.
O diretor técnico da Sanecap, engenheiro Édio Ferraz, fala que o problema começou com o êxodo rural na década de 30. Na época, 80% da população morava no interior e grande parte veio para Capital em busca de oportunidades econômicas. O problema é que não havia estrutura para recebê-la.
A deficiência do sistema de esgoto não está apenas em bairros periféricos. O Santa Rosa, Shangri-lá e Jardim Itália também sofrem com a falta da rede. Na avenida principal do Jardim Itália, a água, que fica acumulada devido a falta de drenagem da rua, é misturada com os resíduos que saem das casas.
Ferraz explica que no local, as fossas sépticas precisam de manutenção até 2 vezes por ano. Quando o serviço não é realizado, elas transbordam e o escape é a rua.
No bairro Residencial Coxipó, a população reclama do abandono. O esgoto corre a céu aberto e forma valas, que chegam a impedir o tráfego de veículos. Com o aumento das chuvas, a situação ficou caótica e a sujeira invade as casas durante as enxurradas.
A chefe de cozinha Viturina Ferreira dos Santos, 42, afirma que pretende vender o imóvel porque não tem perspectiva da solução do problema. Ela conta que, no ano passado, chegou várias vezes em casa, após o trabalho, e encontrou o imóvel alagado.
O carpinteiro Gevaldo Rodrigues, 41, fala que os vizinhos reuniram-se no final de semana para colocar aterro e fazer dutos improvisados com a enxada na rua, mas o trabalho não ajudou e foi levado pela chuva.
Além da falta de rede de esgoto, o bairro também não possui abastecimento de água e as famílias chegam a ficar 10 dias na "seca".
Construção - O engenheiro Édio explica que as fossas sépticas são construídas de maneira errada. As pessoas deixam de fazer o sumidouro, que é essencial para a eficiência do sistema que trata até 40% do esgoto absorvido pelo solo.
Ele explica que a fossa recebe o material em decantação e o líquido é escoado para o sumidouro, onde recebe uma espécie de filtro e entra na terra. Sem o espaço, o líquido transborda pela fossa e geralmente cai na sarjeta das ruas, deixando o odor fétido e trazendo riscos para a saúde.
A contratação de um engenheiro para realização do projeto pode fazer com que o proprietário do imóvel não tenha problemas deste tipo. Édio explica que a construção da rede de esgoto diminui grande parte das doenças e também reduz o aparecimento de animais peçonhentos como ratos, baratas e escorpiões. O engenheiro conta que nos países desenvolvidos, o saneamento faz parte da saúde pública e é tido como essencial pelos moradores.
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