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Cidades/Geral
Terça - 12 de Janeiro de 2010 às 05:49
Por: Silvana Ribas

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Quarenta porcento dos homicídios são registrados nos sábados e domingos na Grande Cuiabá e as armas de fogo são as preferidas pelos criminosos, empregadas em 72,46% dos 305 crimes atendidos pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) no ano de 2009. O mapa da violência da DHPP mostra ainda que os crimes motivados por uso ou acerto de contas por drogas são responsáveis por 46,89% das mortes investigadas, correspondendo a 143 crimes.

O bairro Pedra 90 foi o mais violento com 14 assassinatos. Ele está localizado na região Sul da Capital que registrou, ao longo do ano, 71 crimes, respondendo por 23,28% do total de mortes. A região mais violenta foi a Norte, com 82 crimes (26,88%) divididos em mais de 60 bairros. Os bairros Alto da Serra e Planalto lideraram com 6 crimes cada.

Os homens são os principais alvos e representam 92,13% das vítimas (281), enquanto as mulheres foram 7,87%, com 24 vítimas. Somente nos 2 últimos meses do ano 7 mulheres foram executadas.

Mesmo o quadro parecendo alarmante, o delegado Márcio Pieroni, titular da DHPP, aponta que houve uma redução de mortes, se comparado ao ano anterior, já que no ano de 2008 a Especializada investigou 322 homicídios. A redução foi de 0,98% na Capital e 5,28% em Várzea Grande, totalizando 17 mortes a menos.

Em 2009, dos 305 homicídios investigados, 100 foram em Várzea Grande. Os bairros da região do Cristo Rei concentraram 22 crimes e outros 78 foram distribuídos pelas demais regiões. O bairro Mappim teve 8 assassinatos e o 13 de Setembro teve 7 crimes, seguido pelo Costa Verde, praticamente na área central do município, com 6 ocorrências.

Mesmo pequena, a redução na criminalidade é reflexo do trabalho sério desenvolvido pela DHPP na opinião da diretora Metropolitana da Polícia Judiciário Civil, Vera Rotilde.

Ela adianta que a criação de uma delegacia para atender exclusivamente Várzea Grande está fora de cogitação, pelo menos por enquanto. Um dos motivos é a falta de delegados, escrivães e policiais. Qualquer mudança depende hoje da contratação de aprovados no concurso público que será realizado neste início de ano.

A mudança de prédio também depende da Secretaria de Justiça e Segurança Pública, que também recuou em decisão de governo anunciada anteriormente, onde cederia o prédio da antiga Prosol para a Polícia Civil. Hoje, a DHPP funciona em um prédio antigo, com apenas uma entrada com mais de 60 degraus, impossibilitando o acesso de cadeirantes e idosos.

Retrato da violência -Setenta e dois homicídios de 2009 foram registrados no domingo, o que representa 23,61% das mortes do ano. Em seguida vem o sábado, com 50 crimes (16,39%). O horário em que mais se registram mortes são o do considerado "happy hour", entre às 18h e 24 horas, com 112 crimes (36,72%), seguido pela madrugada, com 103 assassinatos registrados entre 0h e 6h (33,77%).

A faixa etária entre 19 a 30 anos foi a que mais reuniu vítimas, com 154 mortes, correspondendo a 50,49% dos executados.

Dois casos com crianças foram registrados na Capital, ambos tiveram destaque e causaram comoção. Um deles da pequena Ana Carolina Nunes de Lima Silva, de 2 anos, morta por uma bala perdida na noite do dia 1º de março, no bairro Dom Aquino. Ela estava nos braços de um dos tios quando uma gangue da região promoveu um tiroteio na rua, para intimidar membros de uma gangue rival. Dos 5 acusados, apenas 1 ainda está foragido. Neste atentado, outras 5 pessoas foram feridas.

Outro caso, também solucionado, foi da morte do estudante Kaytto Guilherme Nascimento Pinto, 10, morto por um pedófilo no dia 13 de abril. O jovem foi abordado em um ponto de ônibus e levado de moto para um matagal onde foi violentado e morto pelo homem que já tinha sido condenado pelo mesmo crime, mas estava de volta às ruas. O corpo só foi localizado 4 dias depois do crime, quando o assassino Edson Alves Delfino, 29, foi preso em um ônibus, na BR-364, a caminho de Campo Grande (MS), para onde fugia.

Latrocínios - Em 2009, a Grande Cuiabá registrou 21 latrocínios (roubos seguidos de morte), que somados aos homicídios totalizam 326 mortes violentas. Foram 11 latrocínios em Cuiabá (em 2008 foram 15) e 10 em Várzea Grande, mesmo número do ano anterior. Os latrocínios são investigados pelos Centros Integrados de Segurança e Cidadania.

Desaparecidos - A Divisão de Desaparecidos, da DHPP, registrou 531 casos em 2009 e localizou 391, 73,63%. Hoje, o setor funciona em uma sala anexa, com reduzido efetivo, situação que pretende melhorar, afirma Pieroni, já que o trabalho desenvolvido pela equipe pode implicar na redução de homicídios.

Dos 110 desaparecimentos motivados pelo uso de drogas, 77 pessoas foram localizadas em motéis, prostíbulos, casas abandonadas ou em chácaras. Em muitos casos, lembra o delegado, a localização do desaparecido pela Polícia, antes do traficante, pode significar a diferença entre a vida e a morte, no caso de dívidas.

As fugas motivadas por brigas familiares foram 131 casos, sendo 68 mulheres e 63 homens. O alcoolismo fica em terceiro lugar na motivação dos desaparecimentos, com 86 casos, sendo a maioria homens (68) e as mulheres com 18 casos.

Além da mudança para um prédio mais adequado, Pieroni reivindica uma sala de áudio e vídeo, pois em casos mais polêmicos a DHPP tem gravado os depoimentos de vítimas, acusados e testemunhas, para dar mais transparência nas investigações que tem alcançado um alto índice de identificação da autoria dos crimes chegando a 91,70% dos casos em Cuiabá e 90% em Várzea Grande. Foram realizadas 81 prisões ao longo do ano e outros 101 acusados dos crimes se apresentaram espontaneamente. Outros 195 mandados de prisão foram pedidos pelos delegados da DHPP mas até agora não foram deferidos pela Justiça.





Fonte: A Gazeta

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