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Cidades/Geral
Sexta - 08 de Janeiro de 2010 às 00:19
Por: Fernando Duarte

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Matagal chega a ter 2 metros de altura em alguns pontos e apenas base é cortada
Matagal chega a ter 2 metros de altura em alguns pontos e apenas base é cortada

A sinalização encoberta por mato às margens da BR-364, a imprudência dos motoristas, a falta de acostamento e de terceira faixa são fatores que contribuem diretamente com os acidentes na Serra de São Vicente e ampliam o risco da via que é conhecida pela perigo, a cerca de 50 km de Cuiabá, e agravam as estatísticas de número de feridos e mortes nas rodovias do Estado. O mato alto toma conta da lateral da estrada, o que impede a visibilidade das placas, principalmente à noite ou em dias chuvosos, período pelo qual passa atualmente Mato Grosso.

Diferentemente de outras causas de acidentes, o problema não está na ausência de sinalização, seja para limite de velocidade, homens trabalhando ou também para indicativos de pontes. As placas existem por toda extensão, mas ficam encobertas com braquiárias que chegam a mais de 2 metros de altura. Não é possível verificar a informação estando a mais de 100 metros delas. E essa situação piora quanto mais perto se chega da Serra de São Vicente. O mato está aparado apenas na base.

Com 26 anos de experiência como caminhoneiro, Claudomiro Hilário há 5 anos trafega pelas rodovias mato-grossenses. Ele saiu de Apucarana (PR) para ir à Colorado do Oeste (RO) e transportar 20 engradados de ácido. Claudomiro afirma que a pista melhorou nesses anos que trafega no Estado, mas reclama que não há acostamento nem a terceira pista, onde os caminhões (em velocidade mais baixa) frequentam, deixando as duas mãos para os carros menores e mais rápidos.

A reportagem percorreu ontem a Serra de São Vicente na boleia do caminhão de Claudomiro Hilário e verificou a dificuldade que é trafegar nesse trecho da rodovia. Primeiramente pela trepidação do veículo, já que a carga de ácido (apesar de estar bem acomodada), na movimentação, fazia a cabine do veículo tremer. Para que não coloque a carga, a sua vida e a de outros motoristas em risco, ele viaja a 60 quilômetros por hora. "Eu subo a Serra nessa velocidade, mas os demais motoristas ficam buzinando querendo passar".

Quem buzina com muita frequência, segundo Hilário, são os próprios caminhoneiros, mas que trabalham por comissão, ou seja, que são remunerados por carga entregue. Por não haver uma terceira pista, a carga de ácido de Claudomiro divide a estrada com os demais veículos e ainda é cobrado para dirigir mais rápido.

Durante o percurso na BR-364, foi verificado também que carros ultrapassam de forma incorreta. Entretanto, não se sabe se a má ultrapassagem é devido somente a imprudência dos motoristas ou porque não é possível ver a placa que proíbe a ação.

Com a reforma da pista à direita da Serra de São Vicente (sentido Cuiabá-Rondonópolis), em que uma espessa camada de concreto está sendo posta, os motoristas estão trafegando na outra parte não reformada, que atua no sentido de mão dupla.

Índices - Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) apontam que na Serra de São Vicente, compreendida entre os km 328 e km 362 da BR-364, na primeira quinzena de janeiro de 2009 ocorreram 3 acidentes, sendo as causas falta de atenção, a não guarda da distância segura e ultrapassagem indevida. Nos primeiros 7 dias de janeiro deste ano, já houve 2 acidentes causados por alta velocidade e pela falta de atenção dos condutores. Na descida da Serra, um caminhão foi visto parcialmente caído na margem da rodovia.

Entre os dias 31 de dezembro e 3 de janeiro de 2010, 9 pessoas morreram nas rodovias federais mato-grossenses. No mesmo período do ano passado ocorreram 5 óbitos. Somadas as notificações de Natal com as do Ano Novo, o número sobe para 14 mortes. A quantidade de feridos também aumentou. Foram 19 no feriado de final do ano de 2009 contra 36 registrados no mesmo período de 2010.

Causas - Segundo informações da PRF, a falta de atenção dos motoristas é responsável por mais de um terço dos acidentes em rodovias federais. São 35,8% dos casos. Também estão nessa lista o defeito mecânico nos veículos (7,86%) e o não respeito à distância de segurança (7,41%).

Para evitar esses problemas, os policiais rodoviários aconselham, além de usar o cinto de segurança, fazer revisão frequente nos veículos (nos componentes mecânicos e elétricos); manter a distância de segurança de 20 metros do veículo à frente a 80 km por hora; não ultrapassar pela direita ou pelo acostamento; descansar a cada 3 horas e não ingerir bebida alcoólica.

Melhoria - A obra que pode proporcionar a queda desses números é a duplicação das BRs 163/364, entre Rondonópolis (212 km ao sul de Cuiabá) e o Posto Gil. A obra, orçada em R$ 500 milhões, é do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e prevê a duplicação de 300 quilômetros da rodovia, sendo que 40 quilômetros estão em fase de duplicação.

O restante (260 quilômetros) teve o licenciamento ambiental liberado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no final do ano passado, após 2 anos de paralisação para análise do projeto.

Outro lado - O superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura do Transporte em Mato Grosso (Dnit-MT), Rui Barbosa Egual, não foi localizado para comentar a os problemas da Serra de São Vicente, principalmente em relação a falta de limpeza da margem da rodovia.





Fonte: A Gazeta

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