Embaixadora vê Brasil mais perto de vaga permanente em Conselho da ONU
A embaixadora do Brasil na ONU, Maria Luiza Viotti, disse acreditar que a conquista de um acento rotativo pelo Brasil no Conselho de Segurança da ONU deixa o país mais perto da tão aspirada vaga permanente no Conselho.
''Nossa atuação pode contribuir para a percepção de que a presença do Brasil no Conselho contribuiria para que ele seja visto como mais eficaz, mais legítimo e representativo'', disse.
O Brasil foi eleito nesta quinta-feira por 182 votos para uma vaga não-permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Um total de 183 entre os 192 países que integram a ONU participaram da votação. Os representantes das diferentes nações podiam votar em seus próprios países.
A Venezuela obteve um único voto, o que a impediu de conquistar um acento rotativo no Conselho.
Esta é a décima vez que o Brasil conquista uma vaga não-permanente no Conselho e a segunda no mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A embaixadora Maria Luisa Viotti será a primeira mulher a comandar o Brasil no Conselho de Segurança.
Mediação
No entender de Viotti, o país também reforça o seu pleito por uma vaga permanente graças ao seu papel como mediador em diferentes regiões e conflitos internacionais.
"A nossa credencial é de um país que pode desempenhar um papel de diálogo, de mediação. O Brasil exerce uma interlocução muito ampla. Não só na nossa região, mas também no Oriente Médio'', afirmou a embaixadora.
Oriente Médio
O Brasil está adotando uma posição conciliadora em uma polêmica ligada ao relatório sobre supostos abusos cometidos pelas forças de Israel durante a ação militar contra a Faixa de Gaza, no início deste ano.
Nesta segunda-feira, o Brasil defendeu , em uma sessão especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, a adoção parcial das recomendações contidas no documento produzido a partir das investigações sobre o a incursão militar israelense.
O documento, endossado pelo Brasil, acusa Israel e grupos armados palestinos de crimes de guerra.
Mas a posição brasileira é a de que o documento não deveria ser enviado para o Conselho de Segurança e nem para o Tribunal Penal Internacional, porque isso poderia ameaçar as negociações de paz na região.
Os representantes da Autoridade Palestina defendem a aprovação integral do relatório. Em discurso realizado na ONU, a embaixadora Maria Luiza Viotti sintetizou a posição brasileira, ao dizer que a prioridade deve ser tentar dar sustentabilidade às negociações entre israelenses e palestinos.
'Lula quer, Lula consegue'
Para Peter Hakim, presidente do instituto de pesquisas políticas Inter American Dialogue, com a presença no Conselho de Segurança, ainda que de forma rotativa, o país dá o ''primeiro passo'' rumo ao objetivo de se tornar um membro permanente.
"O que Lula quer, Lula consegue. O Brasil é um dos países mais queridos internacionalmente'', afirmou ele à BBC Brasil.
Mas Hakim acredita que há entraves à aspiração brasileira vinda de diferentes países.
México e Argentina defendem uma posição rotativa no Conselho de Segurança para diferentes países latino-americanos.
A China, outro membro permanente do Conselho, teria simpatia pela pretensão brasileira, mas não quer uma ampliação do órgão que contemple o Japão.
Os dois europeus que são membros permanentes do conselho, França e Grã-Bretanha, vêem com receios a ampliação porque não gostariam que a Alemanha pudesse ser contemplada com uma vaga permanente.
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