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Cidades/Geral
Sábado - 08 de Agosto de 2009 às 11:22
Por: Carlos Eduardo Pinheiro da Sil

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Muito se fala sobre o perfil do criminoso ou do infrator e dos crimes. É nesse contexto em que muitos discursos se cruzam, surgem e tentam dar conta do que nos acontece.

Os discursos sobre violência e o perfil do criminoso são marcados por uma característica, que é o da sua “insuficiência”. A remissão do problema sempre está adstrita à falência das instituições (Família, Escola, Governo) e comumente se revelam insuficientes, contudo, a perplexidade permanece.

Nesse cenário, pergunta-se: Por que, em condições semelhantes, um indivíduo se torna criminoso e outro não?

A resposta talvez aflorasse se considerarmos o crime, de forma geral, como sendo um grito, um alerta, sinal do profundo mal-estar civilizatório. Os delitos que surgem com intensidade cada vez maior, devem nos chamar a atenção para a violência social, a que permeia as relações, as instituições, o nosso modo e possibilidade de viver, dados pela mídia, pelo sucesso, pelo consumismo, pela necessidade de sermos “vistos” e “ouvidos”.

Esse comportamento criminoso que tanto nos assusta, constitui um conjunto de ações elencadas por um indivíduo, que desencadeia o crime propriamente dito. Neste padrão de comportamento são confeccionados elementos diferenciados que caracterizam o sujeito autor, mesmo quando este seja desconhecido. A este conjunto de elementos compostos, dá-se o nome de Modus Operandi (MO). O MO é o método de trabalho do criminoso, determinado pela forma, pelos instrumentos usados para perpetração criminosa, pelo tipo de vítima ou contextualização do crime. Um comportamento aprendido e reproduzido sistematicamente pode se aperfeiçoar na medida em que o criminoso vai aperfeiçoando a sua forma de agir. O Modus Operandi pode ser regido pela assinatura do criminoso, que é a forma pela qual o mesmo alcança a satisfação emocional na execução do ato.

Atualmente temos um novo perfil do criminoso, aquele que se envolve com o tráfico de drogas. Como a droga da moda é a droga sintética, entre elas o ecstasy, feito com substâncias químicas que requerem alta tecnologia na manipulação, ela é muito cara. Assim, os traficantes têm de pertencer a uma classe social mais abastada, para poderem entrar nesse maldito comércio ilegal. E desta forma, aparecem os universitários das classes média e alta.

Especialistas comentam que vários fatores levam o jovem a se arriscar nesse mundo criminoso e perigoso: a necessidade de se sentirem aceitos por um grupo; solidão; a insegurança e os excessos da sociedade de consumo; autoafirmação, etc.

Destarte, nas duas últimas décadas, o aumento da violência causou forte impacto sócioeconômico nas grandes e médias cidades, o chamado “custo da criminalidade”, onde a própria configuração urbana sofreu mudanças.

O cenário é hoje pontuado por condomínios, ruas e bairros fechados, segurança particular, residências com altos muros, câmeras e cercas eletrificadas.

Diante desse quadro, precisamos diferenciar os tipos de crimes e os locais onde ocorrem, para buscarmos compreender as motivações e o perfil do criminoso. Sendo que os crimes contra o Patrimônio (roubos e furtos), em geral, acontecem em bairros de classe média alta, por exemplo. Onde existe relação direta com os níveis de riqueza e não com os de pobreza, como geralmente é dito. Já os crimes contra a Vida e contra a Pessoa (homicídio, ameaça, lesão corporal, etc.), ocorrem, em maior número, nos bairros pobres, e as motivações são passionais ou relacionadas ao tráfico de drogas e ao consumo exagerado de bebida alcoólica, em sua maioria.

Carlos Eduardo Pinheiro da Silva é major da Polícia Militar, chefe de Gabinete da Casa Militar, bacharel em Direito (UNIC) e pós-graduado em Gestão de Segurança Pública (UFMT/FAECC).





Fonte: Casa Militar

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