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Cidades/Geral
Quarta - 22 de Julho de 2009 às 07:58
Por: Ana Paula Bortoloni

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Carlos Renato Gonçalves Guimarães, o "Tato", 37, foi condenado a 12 anos de prisão em regime fechado por ter encomendado a morte do pai, o fazendeiro José Carlos Guimarães, em 29 de janeiro de 2008. Ao ser interrogado pela juíza Maria Erotides Kneip Baranjak, o réu confessou o mando e contou como se deu a contratação dos outros 5 envolvidos no crime. Alegou, porém, que quis a morte do pai em decorrência de um histórico de humilhações que sofria. O julgamento, ocorrido no Tribunal do Júri de Várzea Grande, teve quase 15 horas de duração, sendo encerrado às 3h40 da madrugada de terça-feira.

No mesmo tom dos depoimentos das testemunhas de defesa, "Tato" afirmou que era maltratado pelo pai. Chegou a chorar durante o interrogatório, dizendo que nunca recebeu qualquer demonstração de afeto e carinho. Ao ser questionado do porque de ter cometido o crime respondeu que foi "porque ele tinha me matado 36 anos atrás".

O réu era quem gerenciava as fazendas Fartura e Bonsucesso, no município de Nova Maringá (400 km a médio-norte de Cuiabá), que juntas somavam uma área de mais de 6 mil hectares, mas alega que atuava como verdadeiro peão, recebendo um salário de R$ 1,4 mil, além de mesada de R$ 500. Caso precisasse de um dinheiro extra para despesas, diz que o adiantamento era descontado no próximo pagamento. Reclamou que o pai o destratava na frente de amigos e empresários.

Na segunda-feira à tarde, a ex-mulher de Carlos Renato, Marli da Silva Nunes, com quem ele tem uma filha de 12 anos, disse que enquanto foram casados chegou a procurar tratamento psicológico para o marido, mas as consultas foram interrompidas porque os 2 não tinham condições de arcar com os custos e os pais dele não ajudavam. Eles ficaram casados por cerca de 6 anos e o relacionamento teria terminado, entre outros motivos, em virtude do problema familiar do rapaz. Relatou que pai e filho nunca ocupavam o mesmo ambiente na casa onde moravam em Cuiabá. "Se o José Carlos chegava, o Carlos Renato ia para o quarto. Eu nunca vi os 2 na sala conversando como pai e filho".

Uma outra testemunha de defesa, relatou que a vítima se referia ao filho como "aquele cara".

Desmentido - No entanto, conforme a juíza Maria Erotides, os depoimentos das testemunhas caíram por terra a partir da exibição das declarações da mãe e viúva Idê e da filha e irmã, Adriana, em vídeo. As 2 descreveram José Carlos como uma pessoa carinhosa, amorosa e cuidadosa com os filhos e que adorava os 2 netos. "Disseram que ele era preocupado com os filhos, embora exigente".

Intimadas como testemunhas, ambas foram dispensadas de prestarem depoimentos durante o julgamento.

O Conselho de Sentença entendeu que a motivação do crime não foram as desavenças entre pai e filho, mas sim por dinheiro. José Carlos era proprietário de 3 usinas de calcário e das 2 fazendas que o filho gerenciava, e, conforme denúncia do Ministério Público Estadual, o réu desviava dinheiro das propriedades rurais a partir da ocultação da venda clandestina de cabeças de gado e de toras de madeira.

Uma das funcionárias da vítima, Rita de Cássia Ribeiro Furtado, afirmou em depoimento na segunda-feira que o filho era obrigado a apresentar relatórios mensais da produtividade das fazendas e que a descoberta do desfalque ocorreu em novembro de 2007, época de vacinação do rebanho. Na ocasião, disse que a contagem in loco apontou a ausência de 200 animais. Ela disse que relatou o problema ao empresário, que determinou que a funcionária fizesse um relatório por escrito para ser mostrado à mãe de "Tato", para discutirem as medidas a serem tomadas.

A funcionária admitiu que intermediava o contato entre o réu e a vítima, uma vez que os 2 não se falavam, mas mandavam recados para que ela os repassassem.

De acordo com o réu, o gado estava perdido no dia da vacinação, mas em seguida ele localizou as reses e aplicou a vacinação. No interrogatório, ele negou as acusações e sustentou que o assassinato foi em decorrência da relação com o pai.

O crime - Na época do homicídio de José Carlos, Carlos Renato morava em São José do Rio Claro (315 km a médio-norte de Cuiabá). No interrogatório, o réu afirmou que entrou em contato com Wedson Rodrigues Feitosa, o "Tampa", para a prática do crime. Disse que a partir daí o comparsa entrou em contato com Alex Sandro Alves Moreira, o "Tubi", Jonathan Soares de Souza e Marcos Pacheco Galiano, o "Marquinhos", até chegarem a Willian da Silva, o "Zé Pequeno", que foi quem efetuou os disparos que mataram o fazendeiro.

Ele negou que a encomenda tenha sido acertada em gados, conforme apontou o MP. Segundo o réu, o pagamento seria discutido depois do crime.

No dia 29 de janeiro, "Tato" marcou um encontro com o pai no escritório do advogado dele, mas deixou o local antes da chegada da vítima. Os passos de José Carlos estava sendo monitorado pelos comparsas. Foi "Zé Pequeno" quem se aproximou da vítima, perguntou o nome dela e atirou. Os outros co-réus deram suporte para a ação criminosa. O homicídio ocorreu por volta das 20h.

Dos 6, apenas "Marquinhos" ainda não foi julgado e condenado. A Wedson, Willian e Alex Sandro, foram aplicadas penas de 10 anos de prisão. Já Jhonatan foi condenado a cumprir 8 anos em regime fechado.

Inicialmente, a pena para "Tato" foi fixada em 13 anos, mas reduziu em um ano diante da confissão do crime.

O advogado de Carlos Renato, Waldir Caldas, afirma que ainda não decidiu se vai recorrer da sentença.





Fonte: A Gazeta

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