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Saúde
Sexta - 03 de Abril de 2009 às 21:18

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Uma criança de sete anos morreu na manhã desta sexta-feira (03) com suspeita de dengue hemorrágica na capital. Ana Laura Frederico de Almeida foi internada nesta segunda-feira (30 de março) com sintomas da dengue e transferida para a UTI no dia seguinte. Segundo informações de moradores, a menina pode ter sido infectada por causa de uma piscina localizada ao lado do Ginásio Aecim Tocantins.

O corretor de imóveis e vizinho da garota, Francisco Martins ressaltou que a menina pode ter sido mais uma vítima da dengue devido o abandono de algumas áreas do bairro Verdão. "Eu sei que está abandonado porque tem muito mosquito da dengue e eu mesmo já levei várias picadas do mosquito. Sorte que eu não estou contaminado. Senão já teria pego a dengue também", disse.

A mesma preocupação é compartilhada pela aposentada Dolca Carvalho. "O Verdão é um bairro cheio de crianças com toda a infraestrutura necessária para se viver e acontece uma fatalidade dessa!". Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que deve fazer o controle químico na piscina hoje à tarde se a chuva não atrapalhar.

A reportagem do site da TV Centro América tentou entrar em contato com o Secretário de Estado de Esportes e Lazer, José Joaquim de Souza Filho (Baiano), mas não conseguiu. Ele não foi localizado para falar sobre o problema referente à manutenção e limpeza da piscina.

Procurada também pela produção de Jornalismo da TV Centro América, a responsável técnica pelo Programa de Combate à dengue, do Centro de Controle de Zoonoses de Cuiabá, Alessandra Carvalho, disse por telefone que as duas piscinas do Complexo Esportivo do Verdão não representam criadouros do mosquito da dengue.

Por dois motivos: uma tem manutenção, com água limpa e tratada com cloro, o que impede a proliferação da larva. A outra tem água suja onde o transmissor da dengue também não se cria. A técnica fez também um alerta à população quanto às piscinas em casa, já que em época de chuva é comum as pessoas abandonarem o tratamento da água.

Criança com suspeita de dengue é atendida por decisão judicial

Além de problemas ligados ao saneamento básico, que aumentam a proliferação do mosquito transmissor da dengue, o Aedes Aegypt, a falta de atendimento aos infectados com a doença é preocupante, e as vítimas como a Ana Laura só têm aumentado. No entanto, o atendimento a esses pacientes, em especial, as crianças deveria ser prioritário. Porém não é o que vem acontecendo. Um exemplo disso é o caso de uma criança de Nova Olímpia (cidade localizada a 206 quilômetros de Cuiabá).

A Família da pequena Emili Sabóia teve que entrar na justiça para garantir o atendimento médico. Nesta semana, a justiça determinou que o Pronto Socorro da capital interne em uma Unidade de Terapia Intensiva a garota. A família veio para Cuiabá com a indicação médica para internar a menina que tem oito anos de idade, mas até a manhã de hoje não havia encontrado vaga.

O pai da vítima, Odésio Gonçalves Sabóia chegou na unidade hospitalar na noite desta quarta-feira. Na manhã de hoje, ainda não tinha conseguido atendimento para a filha, que tem um documento que comprova estar com a doença. " Tanto é que já colocaram uma sonda nela e ela fez xixi e saiu sangue. Toda vez que ela vomita, sai sangue", afirmou Odésio.

A história da menina começou em Nova Olímpia onde a família afirma não haver estrutura para ao atendimento à criança. O caso foi encaminhado para Barra do Bugres. A vítima foi consultada e transferida com urgência para Cuiabá. "Onde a gente mora não tem recurso. Chego aqui e está pior que o interior", disse o pai, revoltado com a situação.

Por meio do Conselho Tutelar, o caso chegou ao Ministério Público que pediu à Justiça uma Ordem de Internação na UTI do Pronto Socorro. O pedido foi aceito. Quando a família chegou na unidade hospitalar, os Conselheiros Tutelares se depararam com outros casos além da criança de Nova Olímpia. Havia duas outras ainda na espera por uma vaga.

O conselheiro tutelar Devair Rodrigues Ribeiro explicou o procedimento. "Tem que estar acionando o Conselho Tutelar para estar conseguindo a vaga e o Conselho aciona o Ministério Público para requisitar a UTI", disse. Ribeiro ainda afirmou que a situação encontrada no Pronto Socorro da capital precisa de uma solução rápida e urgente." É muita negligência e falta de médicos. Está um abandono total", disse.

Diretor do Pronto Socorro explicou situação

Em entrevista concedida ao MTTV 1º edição, o diretor do Pronto Socorro de Cuiabá, Huark Corrêa, informou que são duas e não três, as crianças que aguardam atendimento. Segundo ele, Émili estava sendo preparada ainda hoje para ser internada na Unidade de Terapia Intensiva da Santa Casa de Misericórdia e a segunda por estar com problema neurológico crônico, seria internada na Unidade Pediátrica do Pronto Socorro.

Em relação ao déficit de leitos no Pronto Socorro, o diretor explicou que essa situação ocorre em toda a cidade, inclusive, na iniciativa privada."Se você procurar leitos na iniciativa privada, também está cheio. Esse negócio é sazonal. Tem épocas que os leitos estão mais vazios, mas com o advento da dengue, a gente teve uma sobrecarga que não era esperada na cidade", afirmou.

Questionado sobre a realização de exames, Huark ressaltou que o hospital está regular. "Em relação aos exames todos os recursos estão bem assistidos. No Pronto Socorro ainda estamos com déficits nos leitos tanto na pediatria como na neonatal. O neonatal não é tão preocupante no momento como na pediatria. No neonatal pode ficar uma criança com até 28 dias e a pediatria por causa da dengue tem atacado as crianças com quadros mais graves", informou.

Já sobre a existência de equipamentos quebrados na unidade, o médico confirmou a situação. "Isso realmente aconteceu. Nosso fornecedor que faz a manutenção de nossos equipamentos só iria fazê-lo no caso de empenho e o orçamento demorou um pouco para abrir. Nós tivemos esse entrave com relação aos equipamentos", disse.

Sobre o repasse de recursos, Hurk disse que " a questão da gestão dos leitos na UTI é negociado em nível de secretarias. Os leitos na verdade nunca vão estar sobrando. Porque quanto mais sobra leitos aumenta a indicação de pacientes para entrar na UTI. A questão da indicação também vai melhorando com pacientes menos graves que acabam também adentrando a UTI também quando há uma oferta maior de leitos", finalizou.

Números que preocupam

Em Mato Grosso, a situação da doença é mais grave em Cuiabá que conta até o momento com 194 casos de dengue clássica e outros 25 com a forma hemorrágica. Pelo acompanhamento dos casos, estes últimos dias são os mais preocupantes, quando também foi registrada a terceira vítima, a pequena Ana Laura. Em Várzea Grande, segunda maior cidade de Mato Grosso, foram registrados até agora 75 casos da doença. A cidade passará por operação de prevenção nos quintais e terrenos baldios.





Fonte: TVCA

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