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Saúde
Terça - 17 de Fevereiro de 2009 às 15:38
Por: Gazeta Digital

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Pelo menos 90% das crianças apresentam podem apresentar problemas de visão até os 7 anos, início da idade escolar. Em média 40% delas precisam usar óculos, a maioria devido a um quadro de miopia. Os indícios podem ser percebidos facilmente. Em casa, quando chega muito perto da televisão e aperta os olhos para enxergar de perto. Na escola, quando parece estar desligada, sem atenção e não demonstrando interesse pelos conteúdos apresentados. Caso seja hipermetropia, a visualização é melhor, mas há sintomas físicos, como dores de cabeça, os olhos ficam ardentes e lacrimejantes. Os profissionais da área orientam a busca por exames de vista a partir dos 3 anos. Na educação pública de Cuiabá, o programa Saúde na Escola já constatou que 1,5 mil alunos da região Sul (Coxipó) precisarão usar óculos. As demais regiões ainda serão visitadas este ano.

A oftalmologista Marlene de Miranda explica que quando pai e mãe são míopes e usam óculos a chance do filho apresentar os mesmos sintomas é de quase 100%. É importante acompanhar sempre, pois o quadro pode se desenvolver até a adolescência, de uma hora para outra. Esse percentual de problemas é elevado por causa da própria anatomia dos olhos, muito frágil, que leva aos vícios de refração naturalmente. O estrabismo, por se tratar de uma situação um pouco mais séria, deve ser diagnosticado e tratado o quanto antes. Há casos em que é possível fazer cirurgia corretiva, em outros é melhor o uso de óculos ou tampão. Já o glaucoma, deve ser observado principalmente no recém-nascido, porque é congênito e pode levar à cegueira.

Os pais e professores devem estar atentos aos olhos das crianças, que não devem apresentar anomalias, qualquer sinal estranho é preciso ser investigado. Algumas pessoas já nascem com miopia que são perceptíveis geralmente entre 7 e 12 anos. Normalmente, o grau se estabiliza até os 25 anos, que é a idade mais indicada para realização de cirurgias corretivas. Uma pequena inflamação pode desencadear consequências graves, não se pode subestimar, a busca por ajuda profissional deve ser imediata. É possível adotar ainda medidas simples para evitar o agravamento. "Ler em ambiente bastante iluminado, não passar mais de 2h na frente do computador ou da TV sem descansar a vista, procurar piscar os olhos bastante para evitar vermelhidão e cansaço".

Na escola - A deficiente visual Maria Aparecida de Lima, 50, que é apoio técnico da Secretaria Municipal de Educação (SME), pontua que o programa Saúde na Escola começou a visitar as 88 unidades no ano passado. Os atendimentos são em várias áreas, até para descobrir se os estudantes estão com anemia, verminose, precisam de prótese, tratamento dentário, entre outros serviços na área da saúde. A questão da visão é grave, pois interfere, segundo ela, diretamente no aprendizado. No relatório do ano passado, fica evidente que aqueles que apresentaram baixa visão tiverem dificuldade para acompanhar as aulas, sentiram-se desmotivados e deslocados. Muitos acabam até discriminados e desistem da escola.

O desinteresse pode esconder um vilão: a limitação visual. O educador não deve achar normal que um estudante não se interesse pela aula, nem consiga prestar atenção, copiar no quadro, ler um livro ou participar das atividades. Até o momento, todas as escolas da região norte já foram visitadas, a equipe passa uma semana em cada uma. Faltam visitas à leste e oeste. "Perdi a visão aos 11 anos, em razão de um glaucoma, que poderia ter sido evitado. Agora faço o papel de orientar, percebo isso na vivência da unidade, nem sempre o professor sabe o que fazer e a quem recorrer".

Dificuldade - A ausência de sensibilidade de profissionais da educação já criou alguns traumas na vida do estudante Raí Silva Souza, 10, que mesmo assim não desiste. Ele é um pequeno guerreiro. Apresenta um quadro grave de baixa visão, são mais de 10º de miopia num olho e 9º no outro. Os óculos se parecem com fundo de garrafa, mas ainda assim não enxerga direito. A mãe dele, a diarista Albertina Altina Silva, 32, conta que no ano passado uma professora bateu a cabeça do garoto contra a carteira várias vezes por achar que ele se distraía de propósito. Resultado, ficou sem querer ir à aula durante uma semana. "A gente está sempre ao lado dele, apoiando, não vamos deixá-lo desistir, graças a Deus que há gente boa nesse mundo".

A professora dele este ano, Francelina Neves da Silva, 40, da Escola Municipal Gastão Muller, bairro Pedra 90, diz que tê-lo como aluno é um grande desafio, nunca tinha acompanhado um garoto com dificuldades graves de visão. A primeira providência que tomou foi informar-se sobre o assunto e pedir apoio à coordenação, para que tivesse métodos diferenciados para conseguir repassar os conteúdos sem que ele fosse levado para uma sala especial, afinal, ele é um garoto com inteligência absolutamente normal. "Ele é um menino super esforçado, promovi um mutirão na sala, trouxe a atenção e solidariedade dos colegas para que o ajudassem, mas Raí quer fazer tudo sozinho, quer ter independência, tentamos oferecer isso a ele".

Está sendo preparado material apropriado para ajudá-lo, como encontrar uma cor e tamanho das letras no quadro que facilite enxergar e copiar, livros e materiais também adaptados. A luminosidade da sala também está sendo estudada. No ano passado, quando o programa Saúde na Escola visitou a unidade escolar, a filha dela, Taís, de 6 anos, também foi diagnosticada com miopia. "Já havia percebido que ela tinha dificuldade para assistir TV, mas fiquei surpresa de saber que ela terá que usar óculos, ainda bem que percebemos logo".

Segundo a coordenadora da escola, Maria Rita Ojeda, cerca de 30 foram diagnosticados com problemas mais sérios e terão que usar óculos. Eles já foram encaminhados à SME que providenciará a compra do material. A equipe de reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), mas não há um programa por enquanto que verifique problemas de visão dos alunos das escolas estaduais.

Informações - Caso algum pai ou professor precise de orientações, tem que buscar a unidade de saúde mais próxima, para tentar um agendamento para a criança com um oftalmologista. Para outras informações, o contato na assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde é: (65)3617-7857.





Fonte: Rose Domingues

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