Crise pesa e construção civil demite 87,4 mil em dezembro, aponta estudo

O setor da construção civil fechou 87,4 mil postos de trabalho em dezembro do ano passado, segundo pesquisa do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) e da FGV Projetos, com base nos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Em todas as regiões do país houve queda no nível de emprego, sob o efeito da deterioração das expectativas da economia brasileira, além dos efeitos sazonais (típicos do período), como chuvas e férias.

As regiões Norte e Centro-Oeste tiveram as quedas mais acentuadas, de 7,5% e 7,49%, respectivamente. No Sul, a redução foi menor (2,99%), com 8.889 trabalhadores dispensados. No Sudeste, o nível de emprego caiu 3,68%, com 44.703 profissionais a menos.

Conforme o levantamento, em dezembro, a queda percentual no emprego ante novembro foi de 4%, o que, descontados os efeitos sazonais, aponta uma redução de 1,2% no número de trabalhadores com carteira assinada no setor. "Isso significa que, do total de 87,4 mil postos de trabalhos perdidos em dezembro, 25% foi por outras razões que não a sazonalidade", informou o estudo.

Para o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, "essa redução pode ter sido determinada pelo cancelamento dos lançamentos, que levou algumas empresas a dispensarem trabalhadores mantidos provavelmente porque uma nova obra já iria começar em seguida".

Segundo ele, o ritmo da construção ainda é positivo, mas a manutenção desse quadro vai depender do "início de novas obras, especialmente a partir do segundo semestre".

Em novembro o setor já anotou redução de 0,2%, desconsiderados os efeitos sazonais. Conforme o SindusCon-SP, dos 21,7 mil postos de trabalho fechados naquele mês, 15% se deram por outros motivos não relacionados com questões específicas do período.

Ano

No acumulado de 2008, no entanto, a construção civil brasileira registrou taxa média de 17,36% de expansão no nível de emprego, em relação a igual período de 2007. Na comparação feita apenas entre os meses de dezembro de 2008 e de 2007, o setor fechou com saldo positivo de 250 mil trabalhadores, representando um crescimento de 13,64% no número de vagas.

São Paulo

No Estado de São Paulo, o efeito não sazonal pesou mais em dezembro. A queda no emprego em relação a novembro atingiu de 2,62% (menos 15.940 vagas) --descontados os efeitos sazonais, foi de 0,96%. Conforme o SindusCon, 37% das demissões na construção civil paulista ocorreram por outras razões.

Na comparação com dezembro de 2007, as empresas paulistas, que chegaram a empregar mais 94.300 trabalhadores em outubro, fecharam 2008 com saldo positivo de 76.350 vagas, ou alta de 14,8%, num estoque de 592,4 mil empregados.

As demissões superaram as contratações em todas as regiões do Estado. O destaque negativo foi Sorocaba, que dispensou 2.372 pessoas no mês (baixa de 3,55%). Em Presidente Prudente, as empresas demitiram 592 trabalhadores, queda de 7,38% no estoque do setor na região.

Na cidade de São Paulo, o recuo em dezembro foi de 1,71%, com 4.957 postos de trabalho extintos. No ano, o crescimento acumulado foi de 15,5%. Com isso, o estoque de mão-de-obra da construção civil no município de São Paulo fechou 2008 com 285,5 mil empregados com carteira assinada.