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Agronegócios
Segunda - 29 de Dezembro de 2008 às 09:19

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Sojicultures de Mato Grosso já projetam prejuízo de até US$ 1,1 bilhão na safra 2008/2009. Levantamento da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) sobre a a produção da oleaginosa, neste momento, aponta para uma perda de US$ 200 por hectare de soja, motivado pelo aumento nos custos de produção e também pelo preço do produto no mercado internacional, por causa da produção norte-americana, que está em plena safra. Assim, a venda do produto não cobre as despesas de cultivo, gerando um déficit entre receita e custo.

Os dados são para um raio-x da comercialização do produto feito nestes últimos dias, em que os custos para a produção estão estimados em US$ 900/ha para uma renda de US$ 700. O cenário pode mudar, o que é esperança para o sojicultor mato-grossense para não fechar um ano novamente no vermelho. Porém, o presidente da entidade, Glauber Silveira da Silva, diz que a falta de crédito tende a se agravar ainda mais em 2009, impondo mais dificuldades ao setor produtivo.

As más notícias vêm depois de encerrar a safra 2007/2008 com excelentes resultados. Até junho, tudo ia bem, porém no começo do segundo semestre, quando começou a se planejar o ciclo 2008/2009, uma avalanche de obstáculos que mudaram completamente os rumos da cultura no Estado. A escassez de crédito é a principal colaboradora para o cenário, cujo sentimento por parte do produtor é de preocupação e incerteza com o futuro. A soja é a principal cultura da agricultura estadual e desde o ano passado vem sofrendo com problemas que estão ameaçando a produção.

Balanço divulgado pela Aprosoja e relacionado ao primeiro semestre de 2008 fizeram com que o sojicultor ficasse otimista, porém com data para terminar. A produção de soja no Estado registrou na safra passada produtividade inédita, retomada da rentabilidade do produtor, preços recordes pela saca de soja nos seis primeiros meses do ano e elevado grau de comercialização.

Porém a partir de julho, os sojicultores começaram a se esbarrar em problemas jamais vistos na história da soja mato-grossense: a restrição no crédito. O presidente da entidade afirma que o principal entrave deste ano e que prejudicará seriamente o andamento da safra 2008/2009 será relacionado ao falta de capital. A dificuldade no acesso aos recursos disponibilizados pelas tradings e bancos internacionais, principais financiadores da safra estadual, fez com que os investimentos ficassem limitados, o que refletirá de forma negativa na produção no ano que vem.

"Em anos anteriores estávamos em crise por causa do baixo preço do produto no mercado internacional em descompasso com os custos para a produção, mas mesmo assim tínhamos crédito para tocar a safra. Agora o produtor está ainda mais endividado e não tem de onde tirar dinheiro dar continuidade à produção", diz Glauber Silveira da Silva ao frisar que por conta disso, os investimentos em fertilizantes e outros insumos que aumentam a produtividade foram reduzidos e que a consequência disso será a redução na produção.

Cálculos do Instituto Mato-grossense de Pesquisa Agrícola (Imea) apontam que o volume do grão produzido poderá ser até 4,3% menor em relação ao ano anterior. Na safra 2007/2008 foram colhidas 17,660 milhões de toneladas e a estimativa para o atual é que totalize 16,890 milhões/t, uma diferença de 770 mil toneladas. A queda na quantidade produzida é decorrente da redução na área plantada que baixou de 5,680 milhões de hectares no plantio passado para 5,550 milhões no atual, o que equivale a uma retração de 2,2%.

O presidente explica que mesmo com a área menor o volume de grão produzido poderia ser maior, devido ao investimento em tecnologia para aumentar a produtividade por hectare como por exemplo fertilizantes, correção de solo, controle de pragas entre outros, mas que ficaram comprometidos pela falta de capital para dar giro à safra. "Ao contrário, mesmo com os investimentos que fizemos, estamos tendo prejuízo neste momento", diz Silva ao acrescentar que o governo federal deveria intervir imediatamente criando linhas de crédito acessíveis ao produtor, pois na avaliação dele os que foram implementados não chegam ao agricultor pois exigem, entre outras coisas, garantias.





Fonte: A Gazeta

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