Repórter News - reporternews.com.br
Saúde
Quinta - 18 de Dezembro de 2008 às 11:40

    Imprimir


A bancária Luciana Rodrigues dos Santos, 24, matriculou-se na academia decidida a abandonar a vida sedentária. Menos de dois meses depois, sentia dores insuportáveis nas pernas após a rotina de exercícios e foi obrigada a procurar um médico. Ela tomou um susto quando soube que precisaria de cirurgia para retirar varizes.

A surpresa não era para menos. Suas pernas não apresentavam as veias alongadas, tortuosas e dilatadas que ela reconheceria como varizes --nem as pequenas veias avermelhadas conhecidas por vasinhos. Com exceção da dor e de uma coceirinha incômoda durante os exercícios, a bancária não apresentava outros sintomas característicos de varizes, como inchaço e ardor, e chegou a duvidar do diagnóstico.

Mas o resultado do ultra-som usado para medir o diâmetro das veias não deixou dúvida sobre o estágio de dilatação de suas varizes e a necessidade de removê-las. "Fiquei preocupada sobre como será esse problema no futuro, pois só tenho 24 anos e nenhum filho", conta.

O angiologista e cirurgião vascular Fernando Soares Moreira está acostumado com semblantes surpresos no seu consultório. "Algumas pessoas têm varizes enormes e nenhum sintoma, ao passo que muitas não têm nenhum vasinho aparente e sintomas graves. Mesmo imperceptíveis, elas podem atrapalhar a circulação", diz. A afirmação serve de alerta para quem apresenta os sintomas, mas não sabe de onde eles vêm e, por isso, não procura ajuda.

Vários são os mitos que rondam as varizes. Um dos mais sólidos é que a doença é coisa de mulher de meia-idade que já teve filhos. Apesar de atingirem quatro vezes mais mulheres e serem quase regra durante a gravidez, as varizes estão presentes em 20% a 30% da população, incluindo os homens. Segundo os médicos, a idade dos pacientes vem caindo.

Hoje, 80% dos pacientes de Fernando Moreira têm entre 15 e 27 anos. O dado é alarmante, já que a doença tende a piorar com o tempo. Fatores externos evitáveis, como uso precoce de anticoncepcionais, ficar sentado no trabalho e sedentarismo são os culpados pela diminuição da faixa etária, acredita o médico. O estilo de vida é determinante, mas a hereditariedade é o principal fator de risco. "Quem tem parentes com varizes apresenta o dobro de chances de desenvolver a doença", diz o cirurgião vascular André Luiz Pinotti.

Origem

As varizes começam quando as válvulas venosas --por onde o sangue retorna das extremidades do corpo para o coração-- perdem a elasticidade e dilatam de modo a não conseguir mais cumprir sua função. O sangue passa, então, a refluir, o que provoca mais dilatação e refluxo, levando à formação de varizes.

Apesar de serem a principal reclamação das mulheres, os vasinhos são um problema puramente estético, mas podem estar associados a varizes.

O tratamento alivia os sintomas e previne a evolução da doença --que pode resultar em trombose venosa, dermatites ou mesmo úlceras, segundo Pinotti-- e sua escolha depende da veia a ser tratada. A escleroterapia (injeção de uma solução dentro dos vasos) "seca" a veia, permitindo que ela seja reabsorvida pelo corpo. O procedimento dura cerca de 20 minutos e não exige repouso. Uma nova técnica com aplicação em forma de espuma potencializa o efeito do remédio e pode ser usada com sucesso em varizes de médio calibre.

Já a cirurgia convencional é indicada para retirada de varizes com grosso calibre, que já acarretam problemas funcionais. Geralmente, é feita com anestesia local, e as varizes são retiradas por pequenos cortes na pele. O paciente pode ficar um dia internado, retomando a rotina em uma semana.

Hoje, a cirurgia de varizes a laser é a queridinha dos consultórios, já que é menos invasiva e oferece recuperação mais rápida. Nela, uma microfibra ótica com laser de iodo é introduzida na veia doente. Ela fecha totalmente as paredes, e o organismo desvia o sangue para veias saudáveis.

Após mais de uma década trabalhando em pé, o vendedor Tamyr Youssef El Kouri, 36, assistia ao aumento das varizes das pernas, mas foi só a dor incessante que o fez tomar uma atitude. "Tinha medo da cirurgia e não queria ficar afastado da academia", conta.

Na consulta, descobriu que quase sempre os pacientes recebem alta no mesmo dia e o tempo de recuperação varia de três a 15 dias. "Só precisei ficar fora da academia um mês", diz.





Fonte: Folha de S.Paulo

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/167692/visualizar/