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Internacional
Segunda - 03 de Novembro de 2008 às 15:47

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No ano que os Estados Unidos podem ter seu primeiro presidente negro, o fator racial deve ser determinante nas urnas presidenciais. De um lado, estão os negros que apóiam em massa o democrata Barack Obama. Do outro, os eleitores brancos que, na sombra da segregação e do racismo e diante da privacidade das urnas, podem não querer votar por um negro.

Na longa corrida eleitoral deste ano, o fator racial foi um elemento latente e conflituoso que os democratas quiseram evitar o tempo todo, o que fica claro na ausência de imagens de Obama com multidões negras durante a campanha. Obama --criado e educado entre brancos-- teve de discursar apenas uma vez sobre a questão racial, para dizer que, na América de seus sonhos, está não é uma questão eleitoral.

E mesmo evitando comparações com Martin Luther King e sua luta pela igualdade racial, o senador por Illinois ganhou o apoio em massa do eleitorado afroamericano, que parece estar disposto a vencer a tradição histórica e comparecer em peso na votação desta terça-feira.

Jimmy Harold, afroamericano do Mississipi, nunca achou que viveria para ver cartazes de um candidato negro à Presidência, especialmente para alguém como ele, que em sua juventude não podia entrar nos restaurantes e precisava se sentar no fundo do ônibus. "Nunca imaginava ver um afro-americano chegar tão longe", disse Harold, um dos ativistas que põe voz à corrente de otimismo e orgulho suscitada entre a população negra.

Os números falam por si só. As pesquisas revelam que Obama conta com um apoio ferrenho entre a comunidade negra, formada por cerca de 37 milhões de pessoas no país, 12% da população.

Segundo os últimos dados divulgados pelo Centro de Estudos Políticos e Econômicos, em Washington, 84% dos eleitores negros se identificam como partidários de Obama, e 10% são indecisos. Apenas 6% apóiam o republicano John McCain.

O voto dos negros é especialmente importante na costa leste dos EUA, onde são em maior número e onde estão alguns dos principais Estados ainda indefinidos na corrida presidencial. Assim, a campanha democrata espera contar com o grande comparecimento dos negros para garantir maiorias na Flórida, Geórgia, Carolina do Norte e "[Virgínia", que era democrata e voltou ao grupo dos indecisos.

Efeito Bradley

Mas o apoio incondicional dos negros a Obama pode não ser simples fruto da identidade étnica. Historicamente, os negros se identificam com os candidatos democratas e tendem a apoiá-los nas urnas. O presidente democrata Bill Clinton (1992-2000) foi o "primeiro presidente negro" por sua popularidade entre estes eleitores. Al Gore recebeu 90% dos votos negros, em 2000, e John Kerry, 88%, quatro anos depois.

Contudo, os eleitores americanos podem surpreender os institutos de pesquisas com o chamado "efeito Bradley", um fenômeno no qual os eleitores dizem aos pesquisadores que votarão no candidato negro, mas, diante da privacidade da urna, preferem o presidenciável branco.

O fenômeno foi nomeado em referência ao ex-prefeito de Los Angeles Tom Bradley, também negro, que perdeu sua candidatura ao governo da Califórnia em 1982, embora as pesquisas lhe dessem a vitória.

A questão é se a margem do democrata nas pesquisas é grande o suficiente para absorver a diferença percentual do efeito Bradley, algo que não é fixo.

Motivação

Embora não fale sobre o tema, a campanha democrata parece disposta a reverter a herança das eleições anteriores. Os democratas investiram muito em campanas de motivação destes eleitores.

Representantes da campanha democrata percorreram os bairros negros das grandes metrópoles em busca de eleitores, assim como emissoras de rádio, organizações de cunho social, e inclusive, mercados e barbearias.

Além disso, a campanha democrata, muito focada na mobilização do voto dos jovens, aproveitou o apoio de alguns de seus ídolos, como o jogador de basquete LeBron James, o rapper Jay-Z, e o pioneiro do hip-hop Russell Simmons, para conquistar os eleitores.

O esforço para captar este voto foi intenso, mas muito discreto, como assegurou à revista "Politico" uma das encarregadas da operação de marketing seletivo de Obama, Corey Ealons. "Se não se deu conta desta campanha, é porque você não era o alvo dela", conclui Corey.

Com Efe





Fonte: Folha Online

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