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Economia
Quarta - 29 de Outubro de 2008 às 14:57
Por: Ygor Salles

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A forte queda no ICI (Índice de Confiança da Indústria) de 120,2 pontos para 106,1 pontos em outubro, segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas), mostra que a desaceleração da economia brasileira é certa mas está longe de configurar um risco de recessão, disse o coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas da FGV, Aloisio Campelo Junior.

"Não há o menor sinal de recessão [na Sondagem da Indústria de Transformação], e sim de desaceleração", disse o pesquisador nesta quarta-feira. Sua justificativa é que o indicador ainda se mantém acima da média história para o dado, que está próximo dos 100 pontos.

Os principais motivos para a queda expressiva no ICI foram causados, segundo Campelo, pelos menores índices de situação atual dos negócios (de 126 pontos em setembro para 117 pontos em outubro) e, principalmente, de situação nos negócios em seis meses (de 148 pontos para 124). Esse último caiu ao menor nível da série histórica mensal da pesquisa, que se iniciou em setembro de 2005.

Campelo ressaltou que esses dois índices estão mais atrelados ao sentimento dos empresários do que com indicadores mais palpáveis, mostrando que a diminuição da confiança deles é mais uma questão psicológica do que da análise fria dos números de suas empresas.

"Esses números são puxados mais por uma percepção ruim do que pelos dados operacionais. Talvez isso seja causado pela incerteza, então pode melhorar se a crise financeira se desanuviar um pouco", explicou.

Campelo revelou que, se separadas as questões envolvendo o sentimento dos entrevistados das que envolvem dados operacionais, as primeiras caíram em um ritmo superior. "A má notícia, nesse caso, é que normalmente uma desaceleração nas questões de sentimento antecedem as quedas das operacionais", disse. "Mas o ideal é esperar mais uns dois ou três meses para ver o que acontecerá. A situação é tão incerta que pode estar ocorrendo um surto de cautela."

O pesquisador ressaltou que o nível de demanda interna verificado pela pesquisa não oscilou tão fortemente --passou de 125 pontos para 115 pontos--, um sinal de que as empresas questionadas ainda acreditam que o mercado local se manterá como o motor da economia. O mesmo não pode-se falar do nível de demanda externa, que despencou de 103 pontos para 93 pontos. "Esse já estava em queda, já era esperado que isso ocorreria", disse.

Inflação

Se por um lado o otimismo está bem menor, questões relacionadas à inflação indicam que ela deixou de ser um problema.

Para o terceiro trimestre, 45% das indústrias previam que aumentariam seus preços e apenas 4% apontaram recuo. Já para o quarto trimestre, a situação é mais calma: 31% apontaram para altas e 9% para baixas.

"Houve uma descompressão dos preços", disse Campelo. "Para eles, o impacto da desaceleração econômica nos preços que vão praticar é muito maior do que a da alta do dólar." O pesquisador disse acreditar que esse é um dado importante para que o Banco Central ao menos pare de elevar a taxa básica de juros na reunião de hoje do Copom (Comitê de Política Monetária).





Fonte: Folha Online

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