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Meio Ambiente
Terça - 14 de Outubro de 2008 às 16:05
Por: Andreia Fanzeres

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Dizem os respeitados pioneiros da colonização no norte de Mato Grosso que antigamente, quando havia mais floresta do que pastagens, a época da estiagem ia até meados de setembro. Era certo atear fogo para a rebrota do capim nesse período, e a vegetação no entorno continuava tão úmida que dificilmente a queimada conseguia transpor a barreira da floresta. Quando outubro chegava, a região já estava encharcada de tanta chuva, sem mais um foco de calor que resistisse.

Em 2008, que não foi lá tão diferente de 2007 e 2006, outubro chegou com incêndios descontrolados em diversos pontos do norte e noroeste mato-grossense. Este ano, disseram os fazendeiros, a proliferação dos focos foi provocada por raios, que vieram junto das primeiras e fracas chuvas após a estiagem. A explicação é plausível, mas insuficiente para encobrir a perniciosa prática de se colocar fogo na pastagem após os pingos iniciais, na expectativa que uma chuva mais forte o apague nos dias subseqüentes. O primeiro sinal dessa mania regional é a transformação do ar, do dia para a noite, numa densa nuvem de fumaça.

Há alguns anos, era garantido que a natureza se encarregasse de apagar o fogo, mas desta vez a chuva não caiu no momento esperado, a queimada se alastrou para os poucos fragmentos de mata – muitos deles alterados pela exploração madeireira – e em poucos dias o Ibama recebia dezenas de chamadas desesperadas de proprietários que perderam pastos arrendados, alguns com gado no meio das chamas. A maioria deles pedia duas providências: que ajudassem a apagar o fogo e os livrassem de multas, porque afinal ele tinha sido provocado pelos raios ou pelo vizinho.

Essa situação aconteceu no primeiro dia de outubro deste ano no município de Brasnorte, 600 quilômetros ao norte de Cuiabá. Por sorte, a cidade foi beneficiada com a formação de brigadas municipais pelo Prevfogo/Ibama, que recrutou e capacitou jovens da região para atuarem também fora das unidades de conservação, uma novidade que começou este ano em outras 32 cidades da Amazônia Legal. O Eco acompanhou três dias de combate aos incêndios em Brasnorte e registrou em fotografias e vídeos o tamanho do desafio que é prevenir e diminuir as queimadas em Mato Grosso.





Fonte: O Eco

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