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Economia
Segunda - 30 de Junho de 2008 às 15:51

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Responsável por 45% da produção de soja no País, a região Centro-Oeste deve ter crédito mais restrito e tardio para o cultivo do grão na safra 2008/09. Em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul as tradicionais vendas e trocas antecipadas de soja com tradings, que geram recursos ou insumos para custear grande parte da safra, estão muito abaixo do nível que estavam em igual período do ano passado. De acordo com levantamento da Agroconsult as tradings devem ofertar 30% menos recursos nesta safra de soja, que está 39% mais cara ao produtor.

No estado de Mato Grosso, por exemplo, o custeio oficial respondeu por cerca de 4% do financiamento da safra de soja 2007/08, segundo estimativas da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja). Marcelo Duarte, diretor-executivo, explica que o restante foi quase todo financiado pela iniciativa privada - tradings e multinacionais de insumos. "Estamos realmente preocupados", diz.

João Birkhan, diretor da Central de Comercialização de Grãos (Centrogrãos) da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), acredita que até agora menos da metade do adubo necessário foi adquirido pelo produtor do estado quando, em junho do ano passado, quase 100% da demanda já estava comprada.

"Aqui na Centrogrãos usávamos financiamento da safra via Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC), instrumento que também retraiu-se 50% nas últimas duas safras", lamenta Birkhan. Ele conta que, como atuam em grupo, os produtores na Centrogrãos estão pleiteando outras fontes de financiamento da safra, sobretudo em fundos de investimento estrangeiros. "Não temos plano B. Estamos aguardando a resposta desse empréstimo para daqui 15 dias", conta Birkhan.

Em Goiás - onde o crédito oficial não chega a representar 30% do financiamento do plantio de soja - o ritmo de empréstimos para a safra, que já deveria estar em torno de 20% com venda antecipada de soja, está praticamente nulo, segundo Pedro Arantes, economista da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). "Não se tem notícia de ninguém que já conseguiu dinheiro. As tradings estão fechadas e o produtor, assustado com o custo de produção. No ciclo passado, uma tonelada de adubo valia 27 sacas de soja. Atualmente vale 45 sacas", compara Arantes.

Assim, segundo ele, com muito esforço se consegue repetir a área plantada de 2007/08, que foi de 2,1 milhões de hectares. "A iniciativa privada responde por cerca de 35% do financiamento da lavoura em Goiás. O produtor não está capitalizado para assumir nem parte dessa parcela com recursos próprios".

Além da restrição, que deve, no mínimo, reduzir o uso de tecnologia na safra - pode também atrasar o plantio, aumentando o risco de problemas climáticos e ocorrência de ferrugem no final do ciclo, na avaliação de Eduardo Riedel, vice-presidente Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). "O cenário é muito obscuro porque, além do recuo de tradings, o crédito oficial também será mais restrito, na medida que a renegociação das dívidas também vai restringir o limite de empréstimo do produtor", avalia Riedel. (Com informações Gazeta Mercantil)





Fonte: 24 Horas News

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