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Politica Brasil
Terça - 20 de Maio de 2008 às 01:44
Por: João Domingos

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Brasília - O novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, pediu ontem (19), mas não conseguiu arrancar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a liberação de cerca de R$ 1 bilhão do setor ambiental que estão contingenciados, nem o uso do Exército nas reservas da Amazônia. Lula disse que pensará em como liberar o dinheiro, progressivamente, e, para o lugar das Forças Armadas, sugeriu a Minc que seja pensada a criação de uma guarda nacional ambiental, semelhante à Força Nacional de Segurança (FNS).

O dinheiro reivindicado por ele é proveniente dos royalties do uso da água por hidrelétricas e empresas de saneamento, além do setor do petróleo. Normalmente, cerca de R$ 100 milhões são destinados ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) e os outros R$ 900 milhões ajudam a cumprir a meta de superávit primário do governo. "Não sei quando e quanto sairá. Mas o presidente disse que o dinheiro sairá", afirmou.

Da reunião que em que o presidente confirmou Minc no lugar da senadora Marina Silva (PT-AC), participou também a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Ficou acertado que a posse do futuro ministro do Meio Ambiente será no dia 27. Minc pediu a Lula uma semana de prazo com o objetivo de se mudar para Brasília. Lula aceitou. O futuro ministro propôs ainda a ele um plano decenal de saneamento, na tentativa de elevar dos atuais 35% para 75% as residências atendidas por saneamento básico. "O presidente e, principalmente a ministra Dilma, gostaram muito da idéia", disse o futuro ministro, logo depois do encontro, no Palácio do Planalto.

Minc dissera, na semana passada, em Paris, que não tinha planos para o ministro extraordinário do Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) da Presidência da República, Mangabeira Unger, nomeado pelo presidente o gestor do Plano Amazônia Sustentável (PAS), um dos motivos que levaram Marina a se demitir. De acordo com o ministro, Lula disse que chamou Unger para o cargo porque "ele é um estrategista, um pensador a longo prazo". Em outras palavras, o presidente manteve Unger no cargo. Minc concordou.

Reunião

Segundo o futuro ministro, no dia 30, haverá uma reunião do ministro extraordinário do NAE da Presidência da República com os governadores. "Aí, ele poderá expor suas idéias para a Amazônia", afirmou. Minc disse que levou quase uma dezena de sugestões ao presidente e que todas foram muito bem-aceitas. Entre elas, o compromisso de que será mantida a resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) de veto, a partir de julho, à liberação de crédito oficial para quem estiver envolvido em crime ambiental.

Havia um temor de que essa decisão fosse revogada por causa da forte pressão de fazendeiros e de governadores da Amazônia. "Foi muito importante a decisão de manter a resolução do CMN porque havia a impressão de que, com a saída da ministra Marina Silva, pudesse ocorrer uma descontinuidade das ações do ministério. Não haverá", disse Minc.

O futuro ministro anunciou ainda que sugeriu a Lula e a Dilma a criação de um centro integrado de combate aos crimes ambientais, com banco de dados e disque-denúncia. "O crime ambiental será reprimido", disse. Minc ameaçou: "Tremei, poluidores, tremei. Vai todo mundo para a cadeia. Terão de plantar muitas árvores. Serei intolerante com o crime ambiental", acrescentou. O futuro ministro disse que o presidente ficou muito entusiasmado com as idéias para o setor. "Ele falou: Minc, você pode fazer tudo, só não pode não ter idéias."

O novo ministro adiantou que usará boa parte da equipe de secretários da ex-ministra do Meio Ambiente, com a qual almoçou hoje. Marina pediu a Deus que ajude Minc a fazer uma boa administração. O novo ministro disse ainda que a secretária-executiva será a bióloga Izabella Teixeira, subsecretária de Política e Planejamento do Ambiente do Estado do Rio.

Passagem

A passagem de Minc por Brasília, hoje, teve um pouco de show. Ele próprio disse que é performático e que continuará sendo, mesmo nas reuniões na mesa oval de Lula. Sobre a atuação futura, a resumiu numa frase: "Não vou virar vidraça nem me enforcar na gravata." Ao contrário de outros freqüentadores do Planalto, ele não usou paletó. Pôs a gravata sob um colete de seda na cor cerâmica.

Em menos de sete horas, ele concedeu seis entrevistas coletivas. Não poupou Brasília, cidade na qual "nunca residiria". "Brasília, às vezes, é chata", disse, ao chegar ao Palácio do Planalto. Em seguida, dando mostras de que nunca tinha visitado o Planalto, pediu aos repórteres que o ajudassem. "Por favor, me ajudem a encontrar o caminho", apelou. Na quarta despedida aos jornalistas, na meia dúzia de entrevistas, usou um bordão verde: "Saudações ecológicas e libertárias."

Minc não quis arrumar polêmica com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que pediu pressa na licença ambiental da Usina de Jirau, no Rio Madeira, leiloada hoje. Ao saber que Lobão havia pedido rapidez na concessão de licenças, preferiu ficar calado, embora se gabe de ser um "tagarela". Minc defendeu a ampliação da área de proteção ambiental da Mata Atlântica, destacando tratar-se do segundo bioma do mundo mais ameaçado. Anunciou que viajará à Alemanha, no dia 29, em busca de recursos para ampliar a defesa ambiental da Amazônia e da Mata Atlântica.





Fonte: AE

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