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Saúde
Domingo - 02 de Março de 2008 às 12:43

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Quase a totalidade dos brasileiros concorda com a afirmação de que o apoio ao uso de células-tronco embrionárias para tratamento e recuperação de pessoas com doenças graves é uma atitude em defesa da vida.

Uma pesquisa feita pelo Ibope em janeiro sob encomenda da ONG Católicas pelo Direito de Decidir mostra que, quando confrontados com a frase acima, 75% dos brasileiros disseram concordar totalmente com a afirmação e 20% declararam concordar parcialmente. Apenas 5% disseram discordar total ou parcialmente.

Mesmo entre católicos, o percentual de concordância é alto: 94%. Entre a população com nível superior, essa porcentagem chega a 97%.

A Católicas pelo Direito de Decidir é uma ONG que desde 1993 atua em defesa dos direitos das mulheres. Suas posições comumente se chocam com as da Igreja Católica em assuntos como aborto, anticoncepcionais e estudos com embriões.

Para Dulce Xavier, coordenadora da ONG, o resultado mostra que os brasileiros sabem diferenciar o argumento religioso do científico nesse assunto. "A pesquisa só confirma que, mesmo entre católicos, há um grau de aceitação alto às pesquisas", afirma.

A sondagem não convenceu a diretora do Centro Interdisciplinar de Estudos em Bioética do Hospital São Francisco de Assis, Elizabeth Cerqueira, que já foi membro suplente do Conselho Nacional de Saúde por indicação da CNBB. Para ela, a forma como a pergunta foi feita pode ter induzido a um alto grau de aceitação.

"O que surpreende é um assunto tão sério ser apresentado dessa forma. Muitos não sabem exatamente o que são células-tronco adultas e embrionárias. Políticos ou até mesmo profissionais da saúde nem sempre manifestam conhecimento sobre o assunto e a opinião pública não consegue ter elementos suficientes para análise", diz.

Para Cerqueira, o resultado da pesquisa seria diferente se fosse feita outra pergunta. "O resultado seria outro se a pergunta fosse "embriões humanos devem ser mortos para servir para pesquisa sabendo que mesmo congelados há nove e até 13 anos se desenvolveram como crianças normais?'"

Dulce Xavier, no entanto, diz que a população já tem elementos suficientes para tomar posição: "Já há uma percepção clara de que essas pesquisas serão feitas apenas com células-tronco que já foram congeladas, que não seriam utilizadas e seriam normalmente descartadas. A Igreja Católica condena o uso de células-tronco dizendo que é uma ato em defesa da vida. Deveria, no entanto, considerar também a vida de pessoas que podem ser salvas a partir dessas pesquisas".





Fonte: Folha de S.Paulo

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