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Polícia Brasil
Quinta - 23 de Maio de 2013 às 15:37
Por: Fabio Rodrigues

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Oscar Herculano Jr/EPTV
Dona Eva se tranca no banheiro com medo de sofrer novas agressões
Dona Eva se tranca no banheiro com medo de sofrer novas agressões

Uma idosa de 70 anos de Casa Branca(SP) dorme há um mês no banheiro para evitar o contato com o filho viciado em crack. O homem de 30 anos chega em casa alterado e a mãe teme novas agressões. Ela tenta interná-lo, mas não consegue vaga. O Departamento Municipal de Saúde e Medicina Preventiva da cidade afirmou que busca um lugar para o tratamento do rapaz e que entrará em contato com a família ainda esta semana.

Toda noite, por volta das 21h, a aposentada Eva de Jesus Alves Marcelino se tranca no banheiro e permanece lá até as duas horas da madrugada, quando o filho retorna da rua. “Eu tranco a porta e tento dormir sentada em uma cadeira. Foi a solução que encontrei para ele não ficar me pedindo dinheiro ou me obrigar a ir à rua para pedir”, relatou.

A idosa, que sofre com problemas de saúde, como hipertensão e diabetes, convive com esse problema do filho há anos. Ele começou a consumir drogas aos 14 anos. Primeiro experimentou maconha, depois passou a consumir cocaína e faz uso do crack. A mãe disse ainda que já sofreu agressões algumas vezes, como empurrões.

“Ele dá trabalho o dia todo, já não tem medo da polícia. Na segunda-feira (20) ele saiu com uma faca na rua ameaçando as pessoas por dinheiro, já não sabemos mais o que fazer”, contou a cunhada do rapaz, Sandra Aparecida Lima, de 30 anos.

Dona Eva mora com o filho e uma filha de 50 anos no bairro São Bernardo. Na casa, quase não há móveis, porque o rapaz vende tudo para comprar drogas. A mãe já perdeu televisão, câmera fotográfica, fogão.

“Ele tirou até o botijão de gás e  deixou ela sem comer. No domingo (19), ela comprou um quilo de costelinha de porco, ele pegou a sacolinha e vendeu. Não sei como as pessoas conseguem comprar isso, sabendo que ele está tirando de casa”, relatou a nora. Segundo ela, o cunhado já chegou por diversas vezes só de cuecas em casa após vender a própria roupa que vestia.

Prisão
Sandra disse que o cunhado já foi preso algumas vezes por roubo e furto. Na última vez, entrou em uma padaria do bairro e levou um pote de iogurte sem pagar. Ficou detido um ano e ganhou a liberdade há dois meses e meio. De lá para cá os problemas recomeçaram e a situação piorou.

Botijão de gás fica preso a corrente para não ser trocado por droga (Foto: Oscar Herculano Jr/EPTV)Botijão de gás fica preso a corrente para não ser
trocado por droga (Foto: Oscar Herculano Jr/EPTV)

Dona Eva tem seis filhos. Dois deles moram no fundo do mesmo terreno. Os filhos também temem pela segurança da mãe, mas não conseguem fazer nada quando o irmão chega em casa alterado. Apesar da situação, a idosa, que é viúva há 15 anos e recebe uma pensão de R$ 678, não quer deixar a residência onde vive porque tem medo que o filho dê fim ao que restou.

“Eu tenho medo de sair e deixar ele. Ele não faz uma comida e na rua ele não tem. Queria mesmo uma internação e que ele saísse de lá somente quando estivesse curado. Tenho fé de que isto pode acontecer”, disse a mãe.

Vagas
O Departamento Municipal de Saúde e Medicina Preventiva informou que tentará um encontrar um lugar ainda esta semana para o tratamento do rapaz.

Segundo a assessoria de imprensa, o setor recebe praticamente um pedido de internação por dia, seja solicitação judicial, seja pedido particular.

Todos os pedidos de internação são encaminhados para a Saúde Mental que faz o cadastro diário no Sistema Central de Vagas. Em situações urgentes, a Prefeitura busca internações em clínicas particulares.

Segundo a nota, a Prefeitura aplicou até agora cerca de R$ 35 mil em internações nas clínicas Projeto Esperança e Vida (Pevi), de São José do Rio Pardo (SP), Alfa (Centro de Reabilitação para dependentes químicos), de Aguaí (SP),  e Ômega.

Alfa (Centro de Reabilitação para dependentes químicos) e Ômega (Centro de Reabilitação e Tratamentos para dependentes químicos), ambas em (Aguaí).

Já para a clínica Núcleo Evangélico de Cura Interior (Neci), de Casa Branca, a Prefeitura repassa mensalmente uma subvenção no valor de R$ 2.080 mil.

Internação compulsória
A internação compulsória é uma alternativa para tentar resolver situações de famílias que passam por esse mesmo problema.

O defensor público Danilo de Oliveira explicou que o dependente químico deve ser levado ao Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD). Sem em razão de insucesso no tratamento ambulatorial for indicada uma internação e a Prefeitura não encaminhar o paciente para internação, então cabe buscar a Justiça.

Segundo ele, mesmo após constatada a necessidade de internação e a Prefeitura, eventualmente, não cumprir, ainda assim não há como prever o resultado da decisão do judiciário, porque é possível que se determine a internação e não haja vagas.

“É possível que a Prefeitura ainda não tenha contratato um estabelecimento e que o judiciário ainda tenha que aguardar a contração. São vários fatores que impossibilitam uma previsão de um tempo”, ressaltou.

Região
Hoje, 108 dependentes químicos estão internados no regime compulsório em São Carlos (SP). Cada dependente custa para a cidade R$ 2 mil.

Em Araraquara (SP), estão internados 60 dependentes no regime compulsório e cada um custa para os cofres públicos R$ 1 mil. Já Casa branca tem hoje um dependente químico internado no mesmo regime.






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