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Economia
Domingo - 23 de Setembro de 2007 às 09:58

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Aquela história que diz que do boi só se perde o berro nunca foi mais evidente em Mato Grosso com a instalação, em Diamantino, do Grupo Bertin. A empresa paulista que possui outras 30 unidades agro-industriais no Brasil terá como atividade principal a produção de cortes de carne bovina e a industrialização de alimentos que exporta para 80 países. Como atividade complementar também construirá um curtume de onde tirará o couro wet-blue. A terceira atividade é a produção do biodiesel do sebo, com metas de atingir, junto com suas outras unidades, espalhadas pelo Brasil, pelo menos 14% das necessidades do mercado nacional.

A implantação do Grupo Bertin em Diamantino, com um investimento de R$ 230 milhões para gerar em torno de 3,6 mil empregos diretos obedeceu dois fatores: o primeiro as condições de logística que tornam Mato Grosso um estado privilegiado a cada dia que passa e a proximidade da matéria prima e os incentivos do Governo do Estado para a verticalização da produção agrícola. “Com a instalação dos empreendimentos aqui na região, o grupo vai promover a integração da cadeia produtiva da pecuária de corte com a agricultura agregando valores a cada bovino abatido, uma vez que vamos aproveitar tudo, desde a carne até o sebo bovino, integrando diferentes produções”, afirma Evandro Miesse, diretor do Grupo.

Mas não é somente a Bertin que está revertendo o quadro da logística de Mato Grosso. Até pouco tempo atrás considerado longe de tudo, o Estado hoje ocupa uma posição privilegiada justamente pela facilidade de agregar a produção ao fornecimento da matéria prima. Em Mato Grosso são 47 frigoríficos de grande porte que estão se aproveitando dessas facilidades para juntar a indústria à matéria prima, dando uma nova feição à economia mato-grossense. Só no eixo da BR-163 estão em implantação, além da Bertin, a Perdigão (gerando 5 mil empregos), a Sadia, com sua linha de pré-cozidos, a JBS-Friboi, maior grupo frigorífico do mundo que prepara sua instalação em Sorriso com perspectiva de abate de 6 mil cabeças de bovinos e 12 mil de suínos por dia. A Sadia pretende dobrar sua capacidade produtiva com a unidade do município de Lucas do Rio Verde, conforme disse o diretor presidente da empresa, Gilberto Tomazoni, ao anunciar investimentos de R$ 2 bilhões, nos próximos 18 meses.

TRANSFORMAÇÃO ECONÔMICA

O Leste do Estado também passa pelo mesmo processo. O Big Frango apresentou ao governador Blairo Maggi, no dia 18 de setembro, seu projeto de complexo industrial em Primavera do Leste. Com investimentos de R$ 450 milhões, a unidade produtiva irá sustentar o abate de 160 mil aves, já a partir do ano que vem. O grupo já está iniciando a instalação de 400 granjas com produção de 800 mil aviários que produzirão 1milhão e meio de frangos/mês. Esta produção em alta escala exigirá, além do frigorífico a implantação de uma fábrica de ração, uma de aproveitamento de sub-produtos e ainda, quando em pleno funcionamento, previsto para daqui a dois anos, a produção de 600 mil litros diários de biodiesel extraído das vísceras e da gordura do frango.

Dentro dos planos da empresa também estão contempladas a instalação de uma incubadora e uma fábrica de embutidos, conforme o projeto apresentado ao governador. “Isso faz parte da proposta de atrair novos investimentos para Mato Grosso, a exemplo do que vem ocorrendo em Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Mirassol d’Oeste e Diamantino, onde na semana passada foi anunciada a instalação de um frigorífico bovino do Grupo Bertin. Além disso, estamos recebendo a proposta de instalação de outro frigorífico – de ovinos – em Mato Grosso. No total, são cerca de R$ 5 bilhões em investimentos para o Estado”, afirmou Blairo Maggi.

Os motivos da instalação Big Frango em Primavera não diferem dos outros macro-projetos que estão mudando a realidade de Mato Grosso, conduzindo para uma situação de pleno emprego. Eles foram explicados por Evaldo Ulinski, diretor do grupo, como a melhor forma de aproveitar os incentivos estaduais para a atração de indústrias, que somados ao baixo custo dos grãos garantem a produção da carne de frango a preços competitivos em todo o mundo. O Big Frango, com sede em Rolândia (PR ) exporta para 53 países, com certificado de venda para a Comunidade Econômica Européia.

Na linha de aproveitamento de incentivos somados às condições de infra-estrutura a cervejaria Petrópolis está se instalando em Rondonópolis, atraída pelos incentivos e também pelas facilidades encontradas no setor de embalagem com a Rexam Amazônia, implantada em Cuiabá, impulsionada pelos benefícios fiscais e pelas condições da economia local. A Rexam instalou-se para produzir 600 milhões de latas por ano, suficientes para atender à demanda de Mato Grosso, do Centro-Oeste e do Norte do país.“Cada empresa que aqui se instala representa uma importante adição nesse processo de verticalização da produção e auxiliam na geração de rendas para que o estado tenha condições de fornecer políticas públicas de qualidade para a sociedade”, garantiu o governador Blairo Maggi. A Petrópolis vai produzir cerveja para atender o potencial dos mercados do Centro-Oeste e Nordeste e até mesmo, de grande parte do Sudeste.

INFRA-ESTRUTURA

Na região do Alto Araguaia, o terminal ferroviário também é mais um atrativo para a implantação de negócios. A empresa holandesa Agrenco, com unidades na França, Itália, Reino Unido, Noruega, Cingapura e Argentina, desde dezembro está investindo R$ 130 milhões no seu complexo industrial de Alto Araguaia de 17 hectares (170 mil metros quadrados), de onde em breve, com equipamentos trazidos da Bélgica, Estados Unidos e Itália, estará esmagando 1 milhão de toneladas de soja para extrair farelo, óleo e lecitina; gerar 165 mil toneladas de biodiesel 100% puro e, ainda, de quebra, gerar quase 200 mil MW de energia elétrica.

Como a empresa holandesa, a norte-americana ADM investe também em Mato Grosso na área de produção de combustível e as atividades da Biocamp e da Barralcol já se espalham com plantas de produção gerando mais empregos em municípios como Rondonópolis, Barra do Bugres, Alto Araguaia e Campo Verde.

As parcerias que Mato Grosso vem consolidando no ramo de alimentação, também se distribuem para o setor energético. O potencial de crescimento da produção de álcool-combustível é o maior do Brasil. “Atualmente ocupamos 246 mil hectares para a produção de etanol. Precisamos quadruplicar esta área para produzirmos o suficiente que justifique um alcoolduto”, explica o secretário de Indústria Comércio, Minas e Energia, Alexandre Furlan. “Para isto basta produzir em um quinto de área de pastagens degradadas, sem derrubar uma única árvore”, completa.

O grande impulso para esta situação vivenciada neste ano com o surto de implantação de empresas de ponta começou em 2003, com a determinação do Governo do Estado em propiciar incentivos via Prodeic (Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial do Estado de Mato Grosso). Para isto foi demonstrado aos investidores o vigor da economia do Estado aliada a fatores como o turismo de negócios, que possibilitou a empresários o conhecimento do Estado. Atualmente, 51 municípios estão envolvidos em processos de industrialização. Desde sua implantação, os incentivos do Prodeic já geraram mais de 22 mil empregos diretos, 75 mil empregos indiretos, com investimentos que se aproximam dos R$ 1,5 bilhão de reais, em atividades que vão do esmagamento de soja a reciclagem de embalagem totalizando mais de 20 atividades diferenciadas, com 461 empresas atendidas. “E isto tem um cálculo que fazemos que nos dá a certeza de que o processo está sendo efetivo. Em 2005, de cada R$ 1,00 que investimos houve um retorno de R$1,93 e no ano passado, a cada R$ 1,00 o retorno foi de R$ 1,43”, justifica o secretário Furlan.





Fonte: Secom-MT

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