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Internacional
Terça - 11 de Setembro de 2007 às 23:35

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Santiago do Chile, 11 set (EFE).- Os chilenos lembraram hoje o 34º aniversário do golpe militar que derrubou o presidente Salvador Allende (em 11 de setembro de 1973) pela primeira vez sem a presença do ditador Augusto Pinochet, falecido em dezembro do ano passado.

A Polícia deteve 32 pessoas durante incidentes esporádicos que ocorreram no centro de Santiago após o fim de atos programados por Governo, organizações políticas e sociais e simpatizantes de Pinochet.

No entanto, a governadora de Santiago, Adriana Delpiano, disse a jornalistas que os atos transcorreram em um ambiente de relativa tranqüilidade, quando comparados a eventos anteriores.

Os setores de esquerda relembraram nas ruas o falecido líder socialista Allende e os mortos no levante militar. Os que apoiaram o golpe celebraram missas, e o Governo de Michelle Bachelet prestou homenagem às vítimas.

No entanto, o nome de Pinochet - que além de ter governado durante a ditadura (1973-1990) também comandou o Exército por 23 anos (1973-1998) - não foi mencionado pelos padres durante a celebração de uma missa na Escola Militar.

Após depositar flores em frente a uma placa em homenagem a Allende no Palácio de la Moneda, onde ele morreu, Michelle Bachelet defendeu um Chile "mais justo e democrático", em cerimônia em que esteve acompanhada por Carmen Paz Allende, uma das filhas do governante, e por Marcia Tambutti, uma das netas.

"Que este 11 de setembro seja novamente um compromisso de todos nós para um Chile melhor, mais democrático, mais justo, mais humano e mais livre como todos queremos", afirmou a presidente.

"Este é um dia de reflexão. Há 34 anos ocorreram fatos em nossa pátria que acabaram com a democracia e, além disso, com a vida de muitos compatriotas", completou Bachelet.

A líder chilena também deu destaque a Allende, "que entregou sua vida pela dignidade, pela democracia e pela pátria".

Bachelet, outras autoridades e convidados participaram de uma liturgia ecumênica em memória dos que morreram há 34 anos no Palácio de La Moneda em defesa da democracia.

Na cerimônia, o padre católico Percival Cowley disse que não se pode esquecer "que tantos civis como militares perderam a vida", enquanto o evangélico Juan Albornoz disse que este pesadelo está acabando, e que tudo volta ao normal.

Familiares dos presos desaparecidos não compareceram à missa, em protesto à repressão sofrida no domingo pela Polícia, quando tentavam chegar à porta da "Rua Morandé, 80" - durante uma romaria em homenagem às vítimas -, por onde o corpo de Allende foi retirado.

Em declaração, o Agrupamento de Familiares de Detidos Desaparecidos (AFDD) denunciou "a persistente conduta repressiva imposta pelas autoridades contra a cidadania" e condenou "a criminalização das manifestações públicas".

"Participar de uma comemoração tão profundamente significativa, com a imagem da cidade sitiada em prol da ordem, sem liberdade para depositar uma flor, seria um contra-senso que não podemos e nem queremos viver", acrescentaram.

A presidente da AFDD, Lorena Pizarro, condenou a atitude policial. "Isto é o que Allende não queria. (O ex-presidente) Queria que as alamedas fossem abertas para o homem livre passar", afirmou.

Diversas organizações políticas e sociais prestaram homenagem a Salvador Allende depositando flores na Morandé e aos pés do monumento em sua memória, em frente ao Palácio de la Moneda.

A tranqüilidade foi abalada quando militantes comunistas atacaram com insultos e pedaços de pau o presidente do Partido Socialista local, o senador Camilo Escalona. O senador foi defendido por membros de seu partido, que entraram em confronto com os comunistas durante alguns minutos.

A família Pinochet e o círculo mais próximo do ditador participaram de uma missa celebrada pelo cardeal Jorge Medina na capela do sítio de Los Boldos, 130 quilômetros ao sudoeste de Santiago, onde estão as cinzas do general.

Uma placa de mármore foi instalada durante a cerimônia, em um primeiro passo para a construção de um mausoléu em memória de Pinochet.

O ex-chefe do Exército Ricardo Izurieta, representantes da Fundação Pinochet, antigos colaboradores do regime e o general reformado Guillermo Garín - porta-voz da família - estiveram em Los Boldos.

Em declarações à imprensa, Garín disse que a presença de Pinochet é sentida em "todos os lados, graças a sua grande obra".

A deputada Isabel Allende, filha do falecido líder, lamentou, em declarações feitas em Madri, que o ditador Augusto Pinochet tenha morrido sem ser condenado.

O porta-voz do Governo, Ricardo Lagos Weber, afirmou que se Pinochet tivesse pedido perdão teria ajudado enormemente os chilenos.




Fonte: EFE

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