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Saúde
Quarta - 29 de Agosto de 2007 às 06:50

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Quando o fumante arrependido consulta um médico para iniciar um tratamento, a taxa de sucesso já aumenta para 10%. Caso passe por acompanhamento periódico, mesmo sem qualquer tipo de medicamento, o índice sobe para 15%. Se o especialista julgar necessário indicar o uso de medicamentos durante o tratamento e o fumante seguir a terapia regularmente, as taxas de sucesso aumentam para 30%. “Esse índice pode chegar ao dobro em determinados grupos, conforme a motivação e o grau de dependência nicotínica avaliados anteriormente ao tratamento”, esclarece o pneumologista.

Com efeito, a falta de informação entre os fumantes interfere na busca pelo fim da dependência. De acordo com Santos, isso mostra que o sucesso dessa difícil empreitada, passa pelo comprometimento total do fumante. “O primeiro passo é querer parar”, esclarece o especialista, salientando que, de nada adianta procurar ajuda médica sem estar plenamente convencido de que parar de fumar é um processo difícil e exige determinação.

De acordo com a psicóloga, em 90% dos casos, o início do consumo de cigarros ocorre na adolescência e, geralmente, os fatores que levam ao consumo são sociais. “Invariavelmente o uso do tabaco chega por meio dos pais ou colegas mais velhos, sofrendo, também, importante influência da mídia”, reconhece. Estima-se que 1/3 das pessoas que experimentam o fumo venham a se tornar dependente. O conselho da terapeuta soa definitivo: “Evite dar a primeira tragada”.

Deixando a fumaça para trás

Livre do hábito de fumar, o organismo humano vai recuperando suas funções normais, minuto a minuto. Acompanhe a cronologia da desintoxicação:

20 minutos:

Diminui a pressão sangüínea e cardíaca.

8 horas:

Os teores de monóxido de carbono começam a apresentar valores normais. O oxigênio no sangue aumenta lentamente.

2 dias:

Melhora a circulação. Os terminais nervosos ficam normalizados.

2 semanas:

O exercício físico é feito com maior facilidade. A função pulmonar aumenta 30%.

1 a 9 meses:

A tosse, a sinusite e a dificuldade respiratória diminuem. Aumenta a capacidade para reagir às infecções dos brônquios.

1 ano:

O risco coronariano diminui 50%.

5 anos:

A incidência de morte por câncer de pulmão fica reduzida à metade.

10 anos:

A mortalidade por câncer de pulmão adquire os mesmos índices que a dos não-fumantes.

15 anos: O risco coronariano alcança o mesmo índice dos não-fumantes.

Prejuízos sem fim

As campanhas antitabagistas não se cansam em apontar os diversos males que o cigarro acarreta à saúde do fumante, com altos índices de morte por doenças cardiovasculares, respiratórias e câncer de pulmão. Ainda mais, a gravidade das doenças que o vício causa se estende aos outros órgãos do corpo, entre eles, pele, dentes, ossos e olhos. Nem que não fuma está livre desse mal.

Sorriso amarelo

Como era de se esperar, o fumo é importante fator de risco para doenças na cavidade bucal. De acordo com o ortodontista Ivan Valle, quanto mais cigarros consumidos, maior é o nível de perda de inserção periodontal. “Ou seja, as chances de implantes fracassarem por conta de baixa densidade óssea são muito maiores”, frisa. Além disso, diversas pesquisas comprovam que quem começa a fumar na adolescência chega à fase adulta com três vezes mais chances de desenvolver doenças na gengiva, correndo o risco de perder dentes. “Isso sem falar no desconforto causado pelo hálito desagradável”, lembra o especialista.

Ruim para o coração

Lise Bocchino, cardiologista do Frischmann Aisengart/ DASA, adverte que o cigarro mata, nos países em desenvolvimento, mais que a soma de outras causas evitáveis de morte, como o uso de cocaína, heroína, álcool, suicídios e, até, a Aids. A especialista reforça que, também, não podemos esquecer das complicações com doenças cardíacas, como a hipertensão arterial e o infarto do miocárdio, que podem ser seguidos de complicações, incapacidade e morte. Por atingir diretamente os vasos, a nicotina atua no aumento do colesterol total, aumentando a fração ruim (LDL) e diminuindo a fração boa (HDL). “Não podemos deixar de relacionar o tabagismo à incapacidade e ao elevado risco de morte em pessoas jovens”, afirma a cardiologista.

Fraqueza óssea

Outra má notícia para quem fuma vem de uma pesquisa realizada na Universidade de Connecticut (EUA) que comprova a relação entre fumo e osteoporose. Pesquisadores que analisaram os níveis de hormônios sexuais femininos identificaram dois marcadores que sofreram importantes alterações nas mulheres que pararam de fumar. A reumatologista Maria Cecília Anauate atesta que os malefícios que o cigarro provoca à saúde das pessoas são devastadores. “Mesmo antes de tal comprovação científica, sabia-se que o fumo é altamente prejudicial ao organismo da mulher, favorecendo o desenvolvimento da osteoporose”, comenta a médica, lembrando que, apesar de não ser fator preponderante, o fumo, bem como o álcool e o café, aumentam o risco de enfraquecimento dos ossos.

A pele pede socorro

O fumo também contribui para o envelhecimento precoce. Por isso, pessoas que estão planejando passar por cirurgias plásticas ou por outros procedimentos invasivos não podem ignorar os riscos que o cigarro oferece. “Pacientes fumantes têm doze vezes mais chances de apresentar complicações em procedimentos cirúrgicos do que os não fumantes”, alerta Marcos Grillo, PhD em cirurgia plástica. Segundo o especialista, o monóxido de carbono produzido pelo cigarro reduz a oxigenação da corrente sangüínea, retardando o processo de recuperação no pós-operatório. “O fumo pode deixar o paciente mais suscetível às infecções, desencadear problemas na cicatrização, favorecer necroses (apodrecimento) ou, ainda, provocar outras intercorrências, entre elas tromboses e embolias”, completa.

Fumaça alheia

Os malefícios do fumo não se restringem aos fumantes, mas repercutem de forma importante em quem convive com eles. “O fumante passivo atravessa longo período de vida entre fumantes, seja no trabalho, no lar ou em outros ambientes”, esclarece o cirurgião torácico Antônio Malucelli. Entre as crianças, a situação é ainda pior. Muitos pais ainda ignoram os alertas de saúde e expõem suas crianças à fumaça de cigarro em casa, no carro e mesmo em locais públicos. Outro fato agravante, nesses casos, de acordo com o cirurgião torácico Miguel Tedde, é que quando vêem seus pais fumando, as crianças passam a encarar o ato de fumar como algo normal. Somam-se, assim, os danos orgânicos provocados pelo cigarro a um condicionamento psicológico altamente maléfico, que é o primeiro passo para se criar um novo fumante.

Ereção comprometida

Recentes pesquisas comprovam o que muitos especialistas já observavam na sua experiência nos consultórios: o tabagismo aumenta o risco do surgimento de problemas de ereção. Segundo o urologista Fernando Martins, o fumo aumenta em pelo menos duas vezes a chance do homem ter disfunção erétil. “O cigarro é um dos principais fatores de risco, uma das principais causas da disfunção erétil”, afirma. A nicotina e as outras substâncias tóxicas presentes no cigarro causam e aceleram a arterosclerose, uma doença que provoca o endurecimento e a obstrução das artérias do corpo. Essa obstrução acontece também nas artérias do pênis, muito sensíveis e de menor espessura, dificultando o fluxo do sangue e dificultando a ereção.





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