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Esportes
Terça - 14 de Agosto de 2007 às 19:07

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RIO - Nem mesmo fraturas nos ossos e dores musculares foram capazes de impedir os velocistas brasileiros de brilhar nesta terça-feira, no Estádio Olímpico João Havelange, no segundo dia de disputas dos Jogos Paraolímpicos do Rio. No total, foram seis medalhas de ouro, sete de prata e quatro de bronze.

Com fissuras na tíbia e fíbula das duas pernas, Lucas Prado venceu os 100m rasos, classe T11, e formou o primeiro pódio exclusivamente brasileiro ao lado de Felipe Gomes, o segundo, e Hilário Neto, terceiro colocado. Com o tempo de 11s29, ele igualou o recorde parapan-americano estabelecido na segunda-feira, mas não superou seu recorde mundial, 11s26, obtido na semana passada durante o Mundial de Cegos, em São Paulo.

"Senti fisgadas de leve nas pernas durante a corrida, mas isso se deve às fraturas e a intensidade dos treinamentos. Mas o melhor remédio para as dores é a medalha de ouro", festejou Prado, que tem por meta se tornar o primeiro cego a correr abaixo dos 11s na Paraolimpíada de Pequim.

Natural de Curitiba, ele gasta duas horas e meia para ir treinar em Joinville e contou que para ficar completamente curado precisaria parar por um mês antes dos Jogos. Seu médico recomendou o repouso mas ele ignorou. "Parar um mês significa a perda de seis meses de treino para um atleta. Aí falei ao médico que se as pernas não quebraram até agora, não vão quebrar mais", divertiu-se. Em seguida, assegurou que após o Parapan descansará por pelo menos 25 dias. Ainda no Rio, ele disputará as provas de 200m e 400m para tentar obter novos recordes.

Outro que driblou as dores para conquistar o ouro foi o mato-grossense Pedro Moraes nos 200m rasos, classe T12, com o tempo de 22s48. Durante o mundial paulista de cegos, ele sofreu uma contratura no músculo posterior da coxa esquerda. "Essa medalha foi importante porque é a minha primeira participação em parapan", destacou Moraes, que correu sem o auxílio do guia. Em sua classe, os atletas podem optar por disputarem a prova sozinho ou não. "Tenho 7% de visão no olho esquerdo e posso visualizar até dez metros de raia a minha frente."

Na prova dos 200m, classe T38, o vencedor foi Edson Pinheiro que não teve problemas para vencer com facilidade a disputa. Mas o medalha de bronze, José Ribeiro, foi quem fez um desabafo após a competição. "Perdi minha mãe em 2004 e meu pai em 2005. Eles eram os únicos, além da minha irmã, a acreditarem em mim. O restante da família tem o mesmo sangue, mas quando era pequeno falavam que, além de aleijado, eu era doido", contou, aos prantos, Ribeiro, de 30anos, que tem paralisia cerebral. "E mandavam meus pais me tirarem da rua porque o doido seria atropelado."

Para fechar o dia, ouro com Yohansson Ferreira que ganhou a disputa contra Antonio Delfino nos 100m, T46 (amputados e deficiências sem classificações), Ariosvaldo Silva, nos 100m, T53; e a vitória da favorita Teresinha Guilhermina nos 100m, T11, com o tempo de 12s47.

Outros atletas medalhistas desta segunda foram: Tito Sena, nos 100m, T46; Paulo Souza, no arremesso de peso, F35-38; Joana Silva, nos 200m, T13; Carlos Silva, 1500m, T11; Antonio Delfino; 100m, T46; André Andrade, 200m, T13; prata. E conquistaram o bronze, Ozivam Bonfim, nos 100m, T46; Maria Alves, nos 200m, T13.

Durante as provas, o americano Marlon Shirley, da classe T44, para amputados, melhorou seu recorde mundial ao vencer os 100m, com o tempo de 11s05.




Fonte: Estadão

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