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Internacional
Domingo - 12 de Agosto de 2007 às 09:53

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Jacarta, 12 ago (EFE) - Cerca de cem mil manifestantes se reuniram hoje em Jacarta para pedir o restabelecimento do Califado, um Macroestado muçulmano regido pela sharia (lei islâmica) que unificaria os territórios islâmicos sob o império do sagrado Corão e que abrangeria a Espanha.

Milhares de muçulmanos gritavam palavras de ordem como "Alahu Akbar" (Alá é grande) e "Califado! Califado!", em um estádio de futebol lotado de pessoas com fervor islâmico por ocasião da Conferência Internacional do Califado.

A reunião foi organizada pelo Hizb ut Tahrir (HuT, Partido da Libertação), entidade islâmica ilegalizada em vários países europeus, africanos e do Oriente Médio, devido a suas posições radicais.

Os manifestantes faziam a ola como se fosse um jogo de futebol, vestiam lenços palestinos e echarpes verdes com citações do Corão.

Além disso, seguravam bandeiras brancas e pretas em uma data que consideram o aniversário da destruição do Califado, em 28 rajab de 1428 do calendário islâmico, quando o sultanato otomano chegou ao fim (na atual Turquia).

Segundo os organizadores, esta é a conferência com maior número de participantes das realizadas pelo HuT em diferentes partes do mundo para pedir o restabelecimento do Califado, um sistema que colocaria todos os muçulmanos sob o mandato único de um califa, que governaria com base nas leis islâmicas.

"O Califado é um sistema político islâmico para estabelecer a sharia não apenas para os muçulmanos, mas para todo o mundo", disse Ismail Suyanto, porta-voz do HuT na Indonésia.

Segundo o porta-voz, "a Espanha também deveria estar no Califado: é um país que esteve mais de 700 anos sob um Governo islâmico e, nesse período, os habitantes viviam com prosperidade e três religiões conviviam pacificamente".

O representante do partido enfatizou que sua organização quer uma mudança no sistema do Governo de muitos países, mas de forma pacífica, e acrescentou que o HuT "condena o terrorismo, mas depende do tipo".

"Condenamos atentados como os de Bali, cometidos por grupos radicais, mas concordamos com os ataques cometidos em lugares como nos territórios palestinos e no Iraque: isso não é terrorismo, é a jihad", disse.

"O Islã permite que nos vinguemos dos ataques de potências que ocupam nossos territórios", acrescentou Suyanto.

O dia transcorreu normalmente e as forças policiais ficaram basicamente organizando o trânsito, engarrafado por causa dos vários ônibus que esperavam na saída do estádio de Senayan, na capital da Indonésia.

Suyanto e os outros conferencistas arrancaram gritos entusiasmados dos milhares de participantes com palavras de ordem islâmicas e duras críticas ao Ocidente, ao capitalismo, ao secularismo, à falta de ética, ao imperialismo e à repressão sofrida, em sua opinião, pelo mundo muçulmano.

Muitos jovens e crianças desfilaram pelo gramado do estádio carregando bandeiras com frases árabes e cartazes com os nomes dos 57 países de maioria muçulmana com os quais o HuT entende que deveria ser iniciado um Califado, que depois se estenderia por todo o mundo.

Três dos conferencistas convidados não estiveram presentes à conferência: o australiano Syeikh al-Wah-Wah e o britânico Imran Waheed, membros do HuT que tiveram sua entrada na Indonésia negada pelas autoridades do país, que os extraditaram assim que aterrissaram em Jacarta.

O outro orador que não foi ao evento foi o polêmico clérigo Abu Bakar Baasyir, proibido pela Polícia de participar da conferência por temere que seu discurso violento exaltasse demais o público.

"O capitalismo estraga o mundo. O Califado é a solução", diziam alguns cartazes, enquanto em outros era possível ler "Chegou o momento de o Califado governar" e frases pedindo a união de todos os muçulmanos.

As mulheres eram a maior parte do público exaltado, sentadas com seus filhos em locais separados dos destinados aos homens e cobertas com a versão do véu islâmico típica da Indonésia, que deixa à mostra apenas o contorno do rosto, escondendo cabelo, pescoço, braços e colo.





Fonte: EFE

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