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Nacional
Sábado - 07 de Julho de 2007 às 17:13
Por: João Vieira

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O capítulo estratégico, por excelência da Sociologia, é inegavelmente o símbolo. E quando alguém se transcende ou transmuda em símbolo, faz a festa do sociólogo, porque garante a exigência de seus serviços ou a atualidade da profissão. De sua vez o sociólogo político tem sua realização com uma boa quantidade de símbolos fortes na vida pública como, por exemplo, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek aqui entre nós e agora o próprio Lula que preenche os espaços de seu tempo e se projeta para a história. Você, leitor, já viu logo onde pretendemos chegar sobre a responsabilidade de Lula (o nosso presidente da República, Luiz Ignácio Lula da Silva), enquanto símbolo e tão somente por haver se constituído numa real categoria simbólica.

Os símbolos de que falamos obviamente assim o são e tem importância excepcional, como tal, porque se fizeram entidades do bem; e como símbolo se tornaram uma referência positiva na ordem geral das coisas. Ao contrário, se fossem do mal à semelhança de um Hitler, Idi Amin Dada ou Bush, ou então um Fernandinho Beira-Mar, não interessaria tanto, nem à Sociologia e nem à Sociedade. Daí que...

Lula começou a interessar desde quando se insinuou para a representatividade política majoritária, dada a sua biografia de retirante pobre (paupérrimo) e que não obstante furara a arco de pua, na habilidade ou na sorte, sua passagem para a notoriedade e o sucesso na área política. E o desejo do sociólogo e da sociedade obviamente, é que estejamos nos referindo à política com "P" maiúsculo e não politiquinha medíocre dos limitados e mal intencionados ou mesmo a antipolítica. Nisso, aliás, o fulcro, a chave ou o cerne dessa nossa reflexão, minha e do leitor porque o perigo ronda o Lula-símbolo dia noite; perigo, sim, de botar por água abaixo a sua condição de símbolo obtida até aqui no grito, na raça, na sorte ou, se quiser, a duras penas. As ameaças?

Muitas e estão à vista como se nota: todos os "aloprados", os Delúbios, Silvinhos (para perplexidade e vergonha dos sociólogos militantes e crédulos em razão de sua habilitação em Sociologia), assim como os insólitos mensaleiros. Os "generais" errados ou duvidosos, no mínimo equívocos, como os Dirceus, Guchikens entre outros; os "compadres" e/ou amigos tortos e aliados que não recomendam, ou sujam e comprometem, como um Renan Calheiros, Jader Barbalho e equivalentes ou assemelhados! E também, e principalmente, os maus ou duvidosos conselheiros. E o símbolo então é posto a perder ou quase!

De há muito queria comentar a assessoria geral ministro Thomaz Bastos. Em que pese sua pretensa correção e dignidade, austeridade e mesmo a inconteste capacidade, representou e talvez represente, em verdade, uma temeridade, simplesmente porque causídico criminalista pleno e absoluto. Criminalista vocacionado e como tal aético, porque tendente, sempre, a conseguir a "lei-a-favor", assim: você me paga e eu arranjo pra você o benefício da impunidade... E com mais o agravante de ser o referido causídico um exemplar profissional do "direito de estado", que se sabe em si, muito muito mesmo limitado para a tremenda complexidade do mundo humano-social de hoje. Com isto quero falar da disciplina (nobre) do Direito sem que se leve em conta variáveis tais como a sociológica, a psicológica, (e derivações), que conferem pesos e valores para questões como a evidência por oposição ao fato frio e redutor da crença somente na prova material. Unicamente prova, visível, palpável... Quantificável! Afinal, quando um causídico esposa essa "ideologia" em seu perfil profissiográfico, se torna um perigo a qualquer "símbolo" que dele se valha como conselheiro...

E o Lula vai navegando, então, enquanto símbolo forte quer queira, quer não que é, no fio da navalha ou em tensão como na passagem de uma pinguela estreita, da qual pode despencar a qualquer momento. Daí essa nossa angústia, porque nada mais horripilante ou triste que a tragédia (sociológica) de um símbolo esvaziado, desfeito! Nisso, enfim, o grande compromisso: o de não se permitir esvaziar como que numa fraude social, frustrando esperanças.

P.S. Sempre que vejo, por exemplo, uma mãe com um filho infante ou mesmo ainda na barriga não importa se rica ou pobre eu costumo perguntar: vai ser presidente da República? E digo isso por causa do emblemático exemplo da dona Lindu, paupérrima mãe do Lula, que não viveu para ver, mas lograra ter um filho seu feito presidente e como tal um "símbolo", e que símbolo! E quase da mesma forma o também simbólico, já mitológico, presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira - JK.

João Vieira, sociólogo, escreve semanalmente neste espaço. E-mail: joaovieira01@pop.com.br





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