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Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Sexta - 22 de Junho de 2007 às 11:50

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O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje que o fracasso da reunião desta semana com Índia, Estados Unidos e União Européia (UE) para impulsionar as negociações estagnadas da Rodada de Doha se deve em grande parte ao fato de os dois últimos terem combinado posições que são "mutuamente cômodas e as quais não querem deixar".

Na terça-feira, os quatro lados iniciaram uma rodada de reuniões em Potsdam (Alemanha) para tentar avançar no processo de negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC).

No entanto, as discussões foram suspensas na quinta-feira, dois dias antes do previsto, devido ao evidente fracasso dos quatro em chegar a um consenso.

Em entrevista concedida hoje em Genebra, Amorim afirmou que os EUA e a UE mantêm posições "mutuamente cômodas" que acabam "diminuindo o nível de ambição" das negociações, principalmente quanto a cortes de subsídios internos e abertura dos mercados agrícolas.

Estas são duas das maiores reivindicações dos países em desenvolvimento que formam o chamado Grupo dos Vinte (G20), coordenado por Brasil e Índia.

O ministro - que chegou a Genebra para expor a posição do Brasil ao diretor-geral da OMC, Pascal Lamy - foi além, culpando EUA e UE pela falta de resultados na reunião de Potsdam. O chanceler afirmou que, "como é habitual", ambos "consideram que o que concordam é o acordo".

Amorim acredita que é muito difícil que, após o novo fracasso das negociações, o G4 volte a se reunir, pelo menos a curto prazo, já que ficou claro que os encontros "não são úteis" e, por isso, as negociações agora devem ficar a cargo dos 150 países-membros da OMC.

No entanto, o ministro reconheceu que "seria impossível" conseguir acordos em todos os itens da negociação entre tantos participantes.

Desta forma, sugeriu que sejam pensados formatos de reuniões com poucos países, entre os quais seria fundamental incluir vários em desenvolvimento, como Argentina, África do Sul e China.

Questionado sobre se após este revés ainda achava possível encerrar a Rodada de Doha no final de 2007, Amorim mostrou-se muito menos otimista que recentemente, admitindo que "não sabia", mas que esperava que sim.

"Será difícil, mas não impossível", ressaltou. "Foi um retrocesso, mas não a morte" da Rodada de Doha, iniciada em 2001 para avançar na liberalização do comércio mundial, mas com a promessa de que as necessidades de desenvolvimento dos países pobres seriam levadas em consideração.

Sobre a reação dos EUA e da UE, que acusaram o Brasil e a Índia de manterem posições inflexíveis, o ministro disse que não estava preocupado em absoluto com a resposta e que não esperava nada diferente.

"O que teria me preocupado é se os países do G20 pensassem que os havíamos traído", afirmou.





Fonte: EFE

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