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Nacional
Sexta - 25 de Maio de 2007 às 11:02

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Gravações feitas pela Polícia Federal poucos dias após a deflagração da Operação Hurricane (furacão, em inglês) registraram o ministro Paulo Medina, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), em conversa com seu amigo e colega de tribunal Paulo Galotti, demonstrar preocupação em ser delatado por seu irmão, Virgílio Medina, um dos presos na ação da PF.

Virgílio foi acusado de negociar com bingueiros, por R$ 1 milhão, sentença que seria proferida por seu irmão. Paulo Medina concedeu liminar liberando 900 máquinas caça-níqueis que haviam sido apreendidas pela polícia, exatamente da forma como Virgílio havia combinado com a máfia dos bingos, segundo interceptações telefônicas feitas pela PF.

No pedido ao STF (Supremo Tribunal Federal) de prisão dos envolvidos com a quadrilha, o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, afirmou que Paulo Medina era o beneficiário final da propina recebida por seu irmão.

Na conversa com Galotti, Paulo Medina diz que seu caso está muito ligado à situação de seu irmão. Ele dá a entender que sua absolvição depende de seu irmão não entregá-lo. "Se o Virgílio não me dedurar..."

Os dois ministros do STJ passam, então, a tratar da defesa de Paulo Medina. Galotti aconselha Paulo a só definir sua estratégia após tomar conhecimento do depoimento que seria prestado por Virgílio dias depois. Chega a dar sugestões sobre quais caminhos o advogado do amigo, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, deveria seguir. Paulo concorda com as dicas dadas por Galotti.

Kakay admitiu que Paulo está preocupado com a linha de defesa que seu irmão vai adotar. Porém, considerou a reação de seu cliente normal, alegando que os dois não se falam desde que Virgílio foi preso (ele continua detido), há cerca de 40 dias. "Como não sabemos qual linha que Virgílio vai assumir, é natural ter essa preocupação."

Kakay reafirmou, contudo, que seu cliente nada tem a ver com o suposto envolvimento de Virgílio com a máfia dos bingos. Diz que o nome de Paulo Medina foi usado sem o conhecimento do ministro.

Galotti disse que é amigo de Paulo Medina há cerca de 20 anos. Afirmou que os dois se falavam antes das prisões realizadas pela polícia na Operação Hurricane e que continuaram a se falar desde então.

Admitiu que já conversaram sobre a defesa dele, mas afirmou que não se lembra especificamente do diálogo em que Paulo teria demonstrado medo de ser dedurado pelo irmão.

O ministro Galotti ressaltou também que, dada sua proximidade com Paulo Medina, se declarou impossibilitado de participar do julgamento do amigo no processo interno aberto pelo STJ sobre o caso.

Galotti disse estar muito preocupado com o estado de saúde do amigo, devido à pressão que tem sofrido nas últimas semanas, e contou que Paulo Medina está convencido de que provará sua inocência.





Fonte: Folha de S.Paulo

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