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Politica Brasil
Quarta - 16 de Maio de 2007 às 17:08
Por: Onofre Ribeiro

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Na semana passada o deputado federal do PTC-SP, Clodovil Hernandes, arranjou mais uma baita confusão, e acabou por chamar de mocréia a deputada petista Cida Diogo. O país tem prestado extraordinária atenção em Clodovil, porque sabê-lo inexperiente na Câmara dos Deputados, um antro de espertezas políticas e afins. Mas ele aproveitou essa curiosidade e a sua língua ferina e está barbarizando.

Tolo quem pensa que ele é inocente ali. Pesquisei seus cinco discursos proferidos até hoje. Em todos, ele coloca bem as coisas, com sensibilidade, com bom conhecimento de causa e não faz ensaios intelectuais. Sua língua afiada é um termômetro do seu estado de espírito. Na realidade, Clodovil Hernandes, com seus quase 500 mil votos, está barbarizando e transformando a Câmara numa deliciosa caricatura e os “ilustres pares” acham graça, sem compreenderem que ele, homossexual assumido, aos 70 anos, já viu todas as mazelas da sociedade brasileira no mundo da alta costura dominado pelas elites. Logo, ali ele não é neófito...Selecionei algumas frases suas, onde a ironia ferina é deliciosa:

- “Eu disse na semana passada que as mulheres estão perdendo referência, estão trabalhando deitadas e descansando em pé. O que eu quis dizer com isso? Não todas as mulheres...”;

- “Eu cresci enfeitando as mulheres, tenho consciência disso, e foi só por isso que eu cheguei aonde cheguei. Os meus votos são das mães de família, das pessoas que acreditam na televisão limpa que eu sempre fiz. Agora, é evidente, agradar a todos é impossível. Se Jesus não agradou, por que eu, um pobre mortal, agradaria a todos? Pois bem, eu disse isso para defender as mulheres. Não me digam que uma moça que vai fazer filme pornô pode servir de referência na televisão”;

- “Cheguei aqui como um alienígena, um estranho, mas não vou deixar passar em branco meu mandato de jeito algum. Estou vivendo do dinheiro do povo, a serviço do povo, e para ele vou trabalhar loucamente. Aos 70 anos de idade, resolvi que agora é hora de limpar minha alma para mandá-la de volta a Deus polida, pelo menos, com atitudes. Creio que V.Exas. nunca imaginaram ter-me como companheiro de trabalho neste plenário”;

- “Fala-se muito em crescimento, em desenvolvimento. Como crescer, se não investirmos nas pessoas?”;

- “Digo aos senhores que a única coisa de que tenho medo - já me fizeram muito medo aqui, como estrangeiro que sou nesta Casa - é da expressão "decoro parlamentar". Eu não sei o que é decoro, com um barulho destes enquanto um deputado fala. Eu não sei o que é decoro, porque aqui parece um mercado! Nós representamos o país! Não entendo por que há tanto barulho enquanto um orador está falando. Nem na televisão, que é popular, fazem isso”;

- “Antes, porém, precisamos aprender a pedir perdão, para sermos perdoados. Peço perdão ao meu País e ao povo brasileiro por ter-me omitido politicamente por tanto tempo, embora saiba que viver é um ato político. Agora, estou aqui para fazer a minha parte, como cidadão brasileiro e como representante do povo.

Para encerrar, reafirmo: tenho certeza de que, ao praticarmos a política com bondade, Brasília nunca mais será a mesma, nem o Brasil”.

E agora me digam: precisávamos ou não de Clodovil Hernandes deputado federal?

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM

onofreribeiro@terra.com.br





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