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Repórter News - reporternews.com.br
Saúde
Segunda - 07 de Maio de 2007 às 07:22

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Do G1 - Nada como uma boa noite de sono. Por incrível que pareça, no entanto, cerca de 40% dos brasileiros não conseguem alcançar o descanso merecido nos braços de Morfeu. A estatística, resultado de uma pesquisa com 40 mil pessoas feita pela Academia Brasileira de Neurologia, engloba mais de cem tipos de distúrbios do sono que atrapalham o dia a dia de adultos e crianças.

“Boa parte da população adulta brasileira vive privada de sono voluntariamente hoje em dia. As pessoas dormem cada vez mais tarde e acordam cada vez mais cedo, gerando um acúmulo de cansaço. Chega um momento em que o sono se torna involuntário”, explica a vice-presidente da sociedade carioca do sono Andrea Bacelar.

Só esta semana, no Rio, pelo menos dois episódios que vieram a público mostraram o perigo que a falta de um bom descanso pode representar. Na última quarta-feira (2), um policial civil foi encontrado dormindo com um fuzil em um carro da Polinter no Aterro do Flamengo, Zona Sul da cidade, até que o quartel de bombeiros da região foi acionado.

Na véspera, um rapaz de 21 anos adormeceu a tal ponto dentro de seu carro num sinal de trânsito em Copacabana que só acordou depois que motoristas e pedestres chamaram a polícia que quebrou o vidro do automóvel. O jovem, que não apresentava sinais de estar alcoolizado, disse em depoimento que emendou a volta de uma viagem com uma festa.

"O sono do dia nunca é igual ao da noite. faz parte do nosso ciclo biológico. Antigamente não se avançava muito pela noite. Com a luz elétrica veio o rádio, a TV, a internet e essa noite que não se apaga nunca", pondera o pneumologista Flávio Magalhães, presidente da comissão do sono da Sociedade Brasileira de Pneumologista.

Sonolência, mal humor, alteração da memória e da libido são sintomas

Um dos distúrbios do sono mais comuns é a apnéia do sono, quando uma obstrução da região atrás da garganta durante o sono faz com que a pessoa pare de respirar e acorde várias vezes ao longo da noite.

"Há quem acorde 15 vezes por hora e que acorde mais de 30 por hora. Já tive pacientes que morreram por falta de oxigênio", detalha Andrea, que enfatiza que, na maioria das vezes, são pessoas sedentárias e do fora do peso.

Sonolência, mau humor, alteração da memória e da libido são alguns dos sintomas encontrados nos adultos com apnéia. Nas ocorrências em crianças, no entanto, os indícios são hiperatividade e déficit de atenção. Comer carboidratos à noite, fazer atividades físicas menos de quatro horas antes de dormir, alta ingestão de cafeína e a alteração de hormônios na menopausa também podem aumentar os índices da doença.

Já a narcoplexia tem como principal sintoma a sonolência excessiva diurna. “São pessoas que cochilam enquanto comem, no meio de uma conversa e tem outros sintomas como a cataplexia, que é quando há a perda do tônus muscular e a pessoa dorme e deixa a cabeça cair ou cai mesmo da cadeira. Há ainda a paralisia do sono, em que você desperta, quer se mexer por alguns instantes e o corpo não corresponde, e a alucinação hipinagógica, que é quando, apesar de estar em estado de vigília, sonha ainda acordado”, enumera Andrea.

Cura pode vir com mudança de hábito ou até cirurgia

Para diagnosticar o problema, o paciente deve procurar fazer uma polissonografia. Um quarto em que a pessoa terá seu sono monitorado por câmeras e eletrodos que medem sua atividade cardíaca, cerebral, ronco, movimentos e oxigenação.

"Já aconteceu de um paciente vir à clínica trazido pela mulher, que reclamava que ele roncava e a chutava durante a noite. Ele negava. Quando viu o vídeo e o resultado, disse que passou a dar mais valor a ela. Foram registrados 460 chutes só naquela noite", conta Flávio.

Em boa parte dos casos, apesar de não haver cura, o controle das doenças são sentidos instantaneamente pelos doentes com o uso de aparelhos e máscaras modeladas por dentistas para aliviar a respiração durante a noite.

"Hoje o tratamento cirúrgico não é o mais recomendado porque a doença evolui com o tempo e a cirurgia pode deixar de funcionar. Mas só de consegur controlar, a vida do indivíduo se transforma", diz Flávio.

Calmantes não melhoram qualidade do sono

O principal problema da cura ou do controle dos distúrbios do sono é a automedicação, segundo a especialista. “Muitos casos a gente pode resolver apenas com mudanças de hábitos para se ter um sono melhor. Muitos pacientes chegam ou com uso excessivo de calmantes ou de estimulantes”, explica Andrea.

"O que os calmantes fazem é um relaxamento muscular que facilita o início do sono mas não dão qualidade", completa Flávio, lembrando que os distúrbios costumam ser mais incidentes nos homens até os 55 anos. Daí por diante, por conta da menopausa, o número de ocorrências começa a se igualar nos dois sexos.





Fonte: G1

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