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Politica Brasil
Quarta - 11 de Abril de 2007 às 08:52
Por: Edilson Almeida

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O governador Blairo Maggi desengavetou o projeto antigo do agronegócio brasileiro: colocar um empresário do setor como presidente da República. Maggi autorizou o Partido da República a trabalhar o seu nome para a sucessão do presidente Lula. Medida bem engendrada. Neste momento, ele procura estimular a sigla recém-formada da fusão entre o Partido Liberal e o Partido da Reedicação da Ordem Nacional (Prona) como parte de uma estratégia visando o fortalecimento partidário. Alçando vôo nacional, especialistas observam que o governador de Mato Grosso não tem nada a perder: se não der certo, será candidato ao Senado Federal; se “emplacar”, emplacou. Mas ai é que está o “x” da questão.

Chegar à presidência da República, levando-se em consideração o histórico dos últimos mandatários máximos, exige mais que participação em segmento de classe. O fato de ser um bem-sucedido empresário do ramo do agronegócio, por si só, não credencia o governador ao sonho de qualquer político brasileiro. Esses mesmos analistas acham que o histórico político-partidário também não garante que a sociedade como um todo, em especial o eleitor, vá entender que é chegada a hora de o Governo ser entregue a raiz da alma nacional, o sertanejo moderno. Para chegar a presidente, Maggi vai precisar de muito mais.

“O Governo de Mato Grosso precisa fazer a diferença” – disse um influente interlocutor do próprio governador, ao avaliar o movimento que culminou agora com o retorno de Maggi de suas férias. Não só para chegar a presidente da República como também para, definitivamente, emplacar uma marca administrativa, que dará sustentação a qualquer projeto que o governador tiver em mente. Uma clara demonstração de que o Governo precisa de correções urgente de rumo foi dada pelo próprio Maggi ao convocar extraordinariamente o corpo de secretários para discutir o que ouviu do povo nas suas andanças no período em que tentou descansar do movimento palaciano.

“Saí com a promessa de que iria andar pelo Estado e ouvir o que os cidadãos mato-grossenses estão achando do nosso governo e percebi que temos muito a fazer, muitas necessidades a atender. Temos que nos desdobrar ainda mais”- admitiu Maggi.

Maggi sabe que chegou ao segundo mandato graças a uma ação política de arregimentação de forças que resultou no enfraquecimento dos seus opositores. Acabou fazendo, na primeira gestão, um be-a-ba bem feito, extirpando qualquer indício de suspeita no Governo. Como se costuma dizer alguns deputados, Maggi “tratou bem as coisas da casa”, passando ao largo, distante mesmo, de eventuais denuncias sobre malversação de dinheiro público. Deu certo. Foi o suficiente. Porém, para se chegar ao passo definitivo, o Governo precisa ter mais que receita de bolo: acima de tudo, terá que ter criatividade.

Em verdade, fora a austeridade administrativa – que é um ponto muito favorável nos dias de hoje dentro da administração pública, diga-se de passagem – Maggi não conseguiu construir a tal marca governamental. Hoje, o destaque do Governo se resume a dois segmentos: habitação, com milhares de casas construídas, conjuntos habitacionais bem coloridos espalhados em cada cidade de Mato Grosso, e a implantação da MT Fomento, uma agência de negócios que tem dado perspectivas a pequenos investidores. No mais, limita-se a seguir uma ação mais cartesiana do tipo, educação constrói escolas e oferece uma ensino regular aos filhos de quem não pode pagar uma escola particular; saúde compra medicamentos e os entrega nos postos de saúde e policlínicas onde existe, embora sofra críticas dos segmentos administrativos; e segurança pública tenta reduzir criminalidade com o pouco de dinheiro que sobra.

Na agricultura, que seria a "menina dos olhos" do sertanejo Maggi, o governador acabou perdendo um amigo-secretário porque a pasta não dispunha sequer de um veículo. No meio ambiente, ainda tratando de coisas do campo, Maggi ganhou a alcunha de inimigo das florestas, acusado de articular o avanço da soja pela parte meridional da Amazônia.

Em verdade, por conta da inércia governamental, não é difícil encontrar fragmentos na base de sustentação do Governo: muitos deputados se dizem insatisfeitos com pelo menos um secretário. A maioria com mais. Eles reclamam de tudo, a começar pelo acesso. Muitos secretários sequer recebem os parlamentares para discutir ocupação de cargos – ato político não recomendável para uma boa gestão pública, mas que é de primeira grandeza em qualquer lugar do mundo e aqui não é diferente. “Eles fazem o que querem” – revela um deputado, que, para evitar atritos, pede para não ter seu nome revelado.

Na história do Brasil redemocratizado pelo voto, Fernando Collor de Mello chegou a presidência da República prometendo austeridade e caça aos marajás e corruptos. Deu no que deu, mas fez isso no Governo das Alagoas. Depois, foi a vez de Fernando Henrique Cardoso, militante cassado pela ditadura, exilado, político paulista influente e que acabou se proclamando como ministro da Fazenda que deu certo ao estabilizar a cambaleante economia nacional. Lula, que o sucede, vem de uma militância de esquerda desatinada e insistente para chegar a presidência. O Governo Maggi padece de um “boom” representativo como primeiro passo para se qualificar a candidato a presidente.

*Colaboraram Valdemir Roberto e Rubens de Souza





Fonte: 24HorasNews

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