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Cidades/Geral
Quarta - 21 de Março de 2007 às 18:39

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Cientistas, pesquisadores, pecuaristas, comunidade, associações de classe, poder público e instituições de ensino estiveram reunidos, em Cuiabá MT, nos dias 15 e 16 de março, para traçar as novas diretrizes que nortearão os trabalhos, de duas redes – Pesca e Pecuária, do Centro de Pesquisa do Pantanal – CPP, para os próximos quatro anos, com ações de médio (2 - 4 anos) e longo prazo (mais de 4 anos). O CPP tem como principal parceiro o Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT.

O CPP trabalha em sistema de rede nos estados de Mato Grosso-MT e Mato Grosso do Sul-MS, com visão sistêmica do pantanal nos aspectos social, ambiental, cultural e econômico. Durante os seus dois anos e meio de atuação, produziu conhecimentos científicos sobre as determinantes ambientais da cadeia produtiva da pesca e pecuária e também sobre as várias comunidades estudadas indicando lideranças potenciais com domínio de conhecimento tradicional do local. Contribuiu também para a elaboração de legislação sobre a pesca em MS e para a legislação ambiental específica para o Pantanal em MT; implantação Sistema de Controle de Pesca de MT (Sisconp-MT), formação de recursos humanos para atuação nas redes, em níveis de graduação e pós-graduação, dentre outros. O secretário Executivo do CPP e pró-reitor de Pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, Paulo Teixeira, avaliou como muito positivo o resultado das oficinas, que dentre muitos apontamentos, evidenciou a demanda de melhor qualidade de vida para a população tradicional pantaneira. “Nosso objetivo é que a pesquisa gere subsídios para atender a comunidade com resultados tangíveis. Nesse contexto, a tecnologia social será fundamental. O CPP realizará as ações que estão dentro do seu foco e as outras serão encaminhadas para os órgãos competentes, para que dentro da mesma sinergia, haja solução para os problemas apontados”, ressaltou.

Durante o evento o representante do MCT, Alfredo de Souza Mendes, disse que na primeira etapa o CPP trabalhou em rede, com os atores da região identificando as necessidades e subsidiando as políticas públicas e, cumpriu bem sua tarefa na medida em que gerou resultados importantes para avançar nesta segunda etapa. Para ele a dinâmica do trabalho induz a participação e comprometimento de todos na solução das demandas detectadas. “O desafio agora é aumentar o patamar dos recursos para acelerar a geração dos produtos, na qual a pesquisa aplicada vai convergir na busca da sustentabilidade e melhor qualidade de vida para a comunidade tradicional do pantanal”, enfatizou. Rede de Pesca

A rede de Pesca do CPP trabalha atualmente com 11 projetos e, é coordenada pela pesquisadora Emiko Resende da EMBRAPA-Pantanal, uma das instituições parceiras do CPP. Ela explicou que o pantanal, nos dois estados, tem características diferentes e para desenvolver os projetos é preciso estudar e conhecer bem as peculiaridades de cada um, como exemplos, o número de espécies e quantidade de peixes que variam de acordo com o ciclo hidrológico, a migração para reprodução, etc. “O pulso de inundação atua diretamente sobre os processos regulatórios da fauna e biodiversidade de peixes pantaneiros. O efeito dos fatores locais e ambientais interagem para determinar a riqueza das espécies”, frisou.

O resultado das oficinas mostrou que a prioridade das pesquisas e ações será para cadeia produtiva do peixe, isto é: efeito do armazenamento, transporte e fluxo de comercialização no escoamento da produção pesqueira, na qualidade de vida do pescador e no preço final do produto (renda); organização da cadeia produtiva do peixe (pesca, produção, processamento, comercialização, gestão e administração); organização da cadeia produtiva de iscas vivas; tecnologias para o processamento do pescado; sistema móvel de controle e comercialização do pescado.

Foi apontado também as atividades que impactam os estoques pesqueiros como: ceva, navegação, pesque-solte, festivais, pesca ilegal, represas e a necessidade de estudos sócio -ambientais das inter-relações entre pescadores profissionais, amadores e esportistas. Por fim a harmonização da legislação pesqueira para o pantanal embasada em conhecimentos biológicos e ecológicos dos ambientes inundáveis.

Rede de Pecuária

A rede de Pecuária do CPP atua com 6 projetos. Inicialmente os trabalhos desta rede estiveram sob a coordenação da pesquisadora Cátia Nunes, da UFMT, sendo atualmente coordenados pela pesquisadora Sandra Santos, da EMBRAPA. O resultado das oficinas para a pecuária apontou as prioridades para os modelos de produção, dentre eles: avaliar os índices zootécnicos para propor melhoria ao rebanho bovino; definir os critérios de modelo de produção sustentável no pantanal, com base em pesquisa científica, incluindo monitoramento – definição de ecorregiões; aprofundar os estudos sobre a temática limpeza de campo, inclusive recuperação de pastagens, introdução de espécies nativas e tecnologia para aproveitamento de resíduos da limpeza; formação, uso estratégico de pastagens e alimentação animal; definição e aplicação de parâmetros para determinar a sustentabilidade de ecossistemas e sanidade animal.

A cadeia produtiva da pecuária também está entre as prioridades, incluindo análise de: estudos dos cenários de transformação do perfil da economia; formas de remuneração. Avaliar e propor estratégias e critérios para a valoração dos produtos pecuários do pantanal; agregar valor aos subprodutos da pecuária; identificação e valorização dos serviços ambientais e incentivos fiscais; estudo para certificação do boi pantaneiro e estratégias de marketing para valorização do produto – fazendas/regiões pilotas.

Por fim será necessário um estudo sobre as relações culturais, sociais e econômicas nas fazendas de pecuária visando apoiar a construção de um modelo de produção sustentável, qualificação de recursos humanos e educação ambiental. Centro de Pesquisa do Pantanal





Fonte: 24HorasNews

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