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Economia
Sexta - 16 de Fevereiro de 2007 às 09:41

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Controlada pelo governo brasileiro, a Petrobras perdeu o status de companhia aberta com o maior valor de mercado da América Latina para a mexicana do setor de telecomunicações América Móvil.

De acordo com cálculos da consultoria Economática, a Petrobras, que ocupava a liderança desde junho de 2003, foi ultrapassada pela mexicana neste mês.

O estudo mostra que o valor de mercado da Petrobras caiu de US$ 107,7 bilhões para US$ 99,2 bilhões entre o final do ano passado e o dia 14 de fevereiro. Neste mesmo período, o valor da América Móvil subiu de US$ 79,6 bilhões para US$ 117,8 bilhões.

Além disso, a mineradora Vale do Rio Doce já encosta na Petrobras, com um valor de mercado estimado em US$ 97,252 bilhões --era US$ 81 bilhões em dezembro de 2006.

A América Móvil, do bilionário Carlos Slim, é a maior empresa do México. No Brasil, ela controla a Claro e a Embratel, além de ter participação na Net.

"Isso é uma demonstração de crescimento mais vigoroso no México, já que empresa de celular depende principalmente do mercado interno para crescer", avalia Fernando Exel, sócio da Economática.

Segundo Exel, a Petrobras é como Brasil. "O país cresceu muito nos últimos quatro anos por causa dos bons ventos internacionais, mas poderia ter ido mais longe. Não dá para dizer que foi uma administração genial, porque estava com o freio de mão puxado, tanto na economia quanto na Petrobras."

Controle estatal

Para Felipe Cunha, do banco Brascan, entre os fatores que têm prejudicado o desempenho das ações da Petrobras no mercado estão o receio com relação ao novo plano de investimentos da companhia que pode ser anunciado em maio, a volatilidade do preço do petróleo e o aumento dos custos da empresa.

O mercado teme um plano de investimentos muito ambicioso em focado em obras que não necessariamente seriam as que gerariam maior remuneração para a empresa. Na apresentação do PAC (Plano de Aceleração para o Crescimento) feita pelo governo em janeiro, a Petrobras ficou de investir R$ 171,7 bilhões dos R$ 503,3 bilhões de todo o plano, que inclui obras previstas até 2010.

Na avaliação de analistas da corretora Socopa, o "PAC prevê o aumento dos investimentos da empresa, o que pode reduzir fluxo de dividendos para os acionistas". Segundo ele, "esse é um dos pontos que impedem que os papéis da Petrobras deslanchem".

O temor em relação ao futuro da empresa fica ainda mais explícito quando comparado o lucro das duas empresas. Apesar de já valer menor, a Petrobras lucrou US$ 12,123 bilhões no ano passado, um recorde histórico para empresas latino-americanas. Já a América Movil alcançou um terço disso: US$ 4,015 bilhões.

No mercado, o resultado foi inverso. Neste ano até o dia 14 de fevereiro, as ações ordinárias da Petrobras acumulam perdas de 8,49% e as preferenciais, de 9,32%, enquanto os papéis da América Móvil subiram 8,29%. No caso da Companhia Vale do Rio Doce, a alta acumulada das ações ordinárias chega a 17,9% e das preferenciais, a 17,71%.

A trajetória do preço do petróleo no mercado internacional também é fundamental para a formação de preço da ação da estatal brasileira. Quando o preço da commodity sobe, o efeito nos papéis é imediato. Mas as expectativas, segundo os analistas da Socopa, são de que a commodity sofra oscilações de curto prazo, dependendo dos estoques e outros acontecimentos, e fique na faixa de US$ 55 a US$ 56 neste ano.

Ontem, o barril de petróleo cru para entrega em março fechou a US$ 57,26, uma queda de US$ 0,74 em relação ao dia anterior. Em meados do ano passado, o produto chegou a atingir US$ 78,40.

Luiz Roberto Monteiro, da corretora Souza Barros, ressalta ainda que o lucro da Petrobras, apesar de robusto, ficou abaixo do esperado em 2006. Um dos motivos foi o aumento de custos.

Em reais, o lucro da Petrobras atingiu R$ 25,9 bilhões no ano passado --alta de 9% sobre 2005. O resultado do quarto trimestre, entretanto, caiu 27% em relação ao terceiro, para R$ 5,2 bilhões. A corretora Brascan, por exemplo, acreditava que o lucro da empresa de petróleo chegaria a R$ 28,3 bilhões no ano. Já o Crédit Suisse apostava em R$ 27,1 bilhões e a corretora Ágora, em R$ 26,9 bilhões

O diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Petrobras, Almir Barbassa, disse que no fim do ano passado os custos foram mais elevados em razão de estoques adquiridos no terceiro trimestre, o que causou impacto no resultado final.





Fonte: ABr

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