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Meio Ambiente
Domingo - 28 de Janeiro de 2007 às 09:32

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A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fala sobre licenciamento ambiental e sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em entrevista à Radiobrás.

Brasília - Enchentes, secas e furacões, cada vez mais comuns, ocuparam boa parte dos debates do Fórum Econômico Mundial, que se encerra hoje (29), em Davos, na Suíça. Estima-se que, se o desmatamento e a poluição continuarem na proporção atual e se o Tratado de Quioto não for seguido, a temperatura na Amazônia pode subir entre 6 e 8 graus, e o volume de chuvas pode encolher em 20%. Em entrevista, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, explica como o país tem contribuído para as tentativas de contenção das mudanças climáticas.

A ministra falou à Radiobrás na última quarta-feira (24), quando comentou também o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). Citou levantamento segundo o qual a redução do desmatamento nos últimos dois anos evitou a liberação na atmosfera de 128 milhões de toneladas de gás carbônico (CO₂), um dos principais poluentes que agravam o efeito estufa.

Agência Brasil: Ministra, um estudo divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aponta que o Brasil sofrerá sérias mudanças climáticas nos próximos 50 anos caso não tome graves medidas. O país está preparado para enfrentar os efeitos do aquecimento global? Marina Silva: Se você perguntar para a Inglaterra se eles se prepararam bem – e eles têm dinheiro, tecnologia e massa crítica –, se perguntar para os Estados Unidos e para o Japão, para qualquer país do mundo, se eles estão preparados, a resposta vai ser de que eles não estão. O Brasil está fazendo um esforço muito grande, na realidade de um país em desenvolvimento, com poucos recursos, com dificuldades do ponto de vista tecnológico em vários aspectos.

ABr: A que tipo de esforço a senhora se refere? Marina: O Brasil acaba de dar uma grande contribuição: uma redução de 52% do desmatamento, o que significou uma redução de 128 milhões de toneladas de CO₂ nos últimos dois anos. Isso representa uma redução de 15% de tudo que teria de ser diminuído pelos países ricos no período [segundo o Tratado de Quioto]. Logo, um país em desenvolvimento, com graves problemas sociais, que dá essa contribuição... Eu diria que nós estamos no caminho.

ABr: No ano passado, durante a 12ª Conferência das Partes da Convenção sobre Mudança do Clima, em Nairóbi, no Quênia, a senhora apresentou uma proposta de compensação financeira para os países em desenvolvimento que obtiveram redução no desmatamento das florestas tropicais. O que mais pode ser feito para que os países desenvolvidos diminuam a emissão de gás carbônico? Marina: O que nós precisamos fazer é que essa agenda de compensação positiva pela redução, que apresentamos em Nairóbi, perpasse todas as possibilidades de redução de CO₂. Oitenta por cento das emissões são oriundas do uso de combustíveis fósseis [como o petróleo, consumido principalmente por nações ricas] e 20% pelo uso da terra. Entra aí a parte de florestas, de agricultura, de tudo o que tem a ver com uso da terra. Se esses 20% chegassem a zerar, se ninguém fizesse mais nem um uso desse potencial, o que é impossível para a humanidade e para o planeta, mesmo assim não resolveria o problema. As florestas seriam destruídas do mesmo jeito pelo esquentamento global. Mas isso não significa que não tenhamos que encarar esse problema e que não precisemos ter uma agenda para a questão de outros vetores. A nossa contribuição é muito importante, inclusive porque ela reduz também as cotas dos países desenvolvidos no próximo período de compromisso.

ABr: Que papel cabe aos países em desenvolvimento nessa empreitada? Marina: Nós não temos que reivindicar o direito de cometer os mesmos erros que os países desenvolvidos fizeram. Já estamos buscando energias renováveis. O Brasil, por exemplo, está no topo dessa contribuição em relação à energia: 81% da matriz elétrica brasileira é renovável. Nenhum país no mundo tem isso. Isso não significa que não tenhamos uma grande jornada pela frente. Não podemos baixar a guarda.

ABr: Ao lado da queda do desmatamento, que a senhora citou, nos últimos quatro anos se aprovaram marcos legais e de planejamento, como a Lei de Florestas Públicas e o Plano Nacional de Recursos Hídricos. O que esperar da área ambiental neste segundo governo do presidente Lula? Marina: Eu não posso falar de cenários do mandato, porque o presidente ainda não definiu quem formará a sua equipe. O que eu posso dizer é que as conquistas do primeiro mandato, de uma política ambiental transversal, de colocar o meio ambiente como parte da equação do desenvolvimento, vão continuar.





Fonte: Agência Brasil

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