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Nacional
Domingo - 21 de Janeiro de 2007 às 15:57

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Homens lotados em pelo menos oito quartéis da PM e 13 delegacias da Polícia Civil fazem parte do "staff" montado pelo chefão da máfia dos caça-níqueis, Rogério Andrade, para comandar seus negócios sem ser incomodado. Relatório sobre o conteúdo do pen drive (memória de computador), ao qual O Dia teve acesso, mostra que Andrade, conhecido na organização como M1, pagava propinas mensais às unidades policiais. Os pagamentos são batizados, nos arquivos, como "obras filantrópicas". Os valores vão de R$ 450 a R$ 12 mil. Num ano, as "doações" chegaram à quantia de R$ 1.064.400.

Policiais que trabalham nos hospitais Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, e Carlos Chagas, em Marechal Hermes, são citados como integrantes do esquema. O dispositivo eletrônico com os dados foi apreendido com o contador da quadrilha, Roland de Hollanda Cavalcante, preso com Andrade pela Polícia Federal (PF), no dia 18 de setembro do ano passado. O relatório, feito por peritos da PF, foi encaminhado à Secretaria de Segurança Pública e às corregedorias das polícias. As informações registradas nos últimos três anos mostram que Andrade loteou unidades policiais das áreas em que funcionam seus "negócios", para dominar os agentes da lei.

Empresas do crime As regiões loteadas são denominadas nos arquivos como "empresas". São citadas as "empresas" Bangu, Barra, Abolição, Estácio e Itajubá. A "empresa geral" se refere a pagamentos de batalhões especiais da PM e delegacias especializadas. Cada unidade tinha um responsável - espécie de segurança de área -, batizado de "levado". Ele é quem receberia o dinheiro em envelopes etiquetados e distribuiria propinas como "filantropias".

Na pasta "Ob. Filantrópicas", por exemplo, os federais constataram a existência de cinco planilhas, produzidas em 2004 e 2005. Ali consta que os pagamentos a policiais deveriam ser feitos dia 5 de cada mês. A distribuição da renda na Barra caberia a um homem identificado como Marquinhos. Na lista de beneficiados estão as delegacias da Barra, Taquara e Tanque, e os batalhões de Jacarepaguá e Recreio, além do Getam.

Até participação nos lucros Segundo os documentos, policiais também eram "sócios" das chamadas "empresas" de Rogério Andrade, com direito a participação nos lucros. As informações constam do arquivo "contabilidade geral". Nele, os agentes públicos são tratados como "AP1; AP2; AP3 e AP4". Um dos maiores chefões do grupo de policiais é denominado apenas Príncipe.

Na lista dos beneficiados, produzida em 2003, consta o nome do sargento bombeiro Antônio Carlos Macedo, identificado nos negócios pelo apelido de Bispo. Já o cabo da PM Jorge Feliz de Souza, o sargento da PM Luiz Henrique Carvalho, Roland de Hollanda Cavalcante e Rinaldo Costa de Andrade e Silva aparecem como recebedores de salários fixos.

Macedo, Feliz, Carvalho e Andrade respondem a processo por formação de quadrilha e bando armado com outros 26 réus na 1ª Vara Criminal de Bangu. Ainda este mês, eles devem ir ao fórum para audiência. Parte do grupo também foi denunciado pelo Ministério Público Federal, a partir de investigações da Polícia Federal, por envolvimento com a máfia dos caça-níqueis.

Parentes também recebem Para aliados e parentes de Rogério Andrade, os lucros também seriam divididos em áreas arrendadas, como é o caso da Barra da Tijuca. Entre os nomes importantes na hierarquia constaria o de Ruth Sara Machado de Oliveira, que seria contadora da quadrilha. Já na planilha denominada "Organização Cup", além dos lucros do jogo do bicho, há ainda os das máquinas caça-níqueis.

No caso da família de Rogério Andrade, na divisão dos lucros dos negócios, apareceriam como beneficiários Neide Costa de Andrade e Silva, mãe, e Verônica Barbosa, atual mulher do "capo". Renato de Andrade, o irmão, seria tratado como M2. Haveria também nomes de filhos, ex-mulher de Andrade, identificada como Andréia, sobrinhos e cunhados. Num arquivo "Levados Bar 2006", a PF encontrou planilhas sobre retiradas mensais de janeiro a agosto, das regiões da Barra, Abolição, Estácio e Itajubá.





Fonte: O Dia

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