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Nacional
Sábado - 16 de Dezembro de 2006 às 10:08

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o reajuste salarial de deputados e senadores não terá efeito cascata nos vencimentos do governo. Em entrevista após participar de almoço de fim de ano no Clube do Exército, ele disse que não poderia dar palpites sobre a decisão do Congresso de dobrar os salários dos parlamentares, mas aproveitou a repercussão negativa da decisão na opinião pública para destacar a prioridade do segundo mandato de cortar gastos supérfluos e aumentar os investimentos.

"Não vai ter efeito cascata, podem ficar certos disso", afirmou. "Nós não vamos abrir mão da nossa responsabilidade de manter uma política fiscal condizente com o desejo que temos de crescimento." Ele defendeu a necessidade de uma lei que defina um limite máximo para os salários dos servidores dos três Poderes. "Acho que temos de mandar uma lei estabelecendo um teto neste País, é preciso que a gente faça alguma coisa."

Cabe aos parlamentares agora, de acordo com Lula, arcar com as conseqüências da sua decisão. "O Congresso decidiu uma coisa dele", observou. "Cada um toma decisões e se responsabiliza pelo resultado." Lula lembrou que o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmaram que, para bancar o reajuste, vão tirar recursos do próprio Orçamento do Legislativo.

Em seguida, Lula acrescentou que não jogará fora, "em hipótese alguma", o que disse ter construído ao longo de quatro anos "com muito sacrifício". "Para a economia crescer, tenho de conter gastos e arrumar dinheiro para ter investimentos, essa é a lógica que estamos estabelecendo", acrescentou. "Vamos ter que cuidar do custeio com muito carinho."

A uma pergunta sobre as fontes de dinheiro para pagamento do aumento de 91% nos salários dos deputados e senadores, Lula respondeu: "Acho que o País comporta isso, se estiver crescendo a economia e estiver rico".

Questionado se aumentaria o próprio salário, como fizeram os congressistas, Lula disse que não lhe cabe reajustar seus próprios vencimentos. "Não aumento meu salário, não posso dar palpite sobre os Poderes que decidem aumentar os seus", afirmou.

Um dos participantes do almoço no Clube do Exército, o ministro da Defesa, Waldir Pires, seguiu a linha de Lula ao afirmar que um poder não pode fazer "censura" a outro. "As despesas são realizadas por essa ou aquela organização de Estado", disse o ministro. "O Congresso, seja no Brasil, nos Estados Unidos ou na Europa, estabelece sua própria remuneração."





Fonte: Estadão

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