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Economia
Quinta - 14 de Dezembro de 2006 às 16:42

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Depois de conseguir o apoio do Brasil para não ser condenado na ONU por violações aos direitos humanos, o governo do Sudão deixa claro que a atitude do Itamaraty será compensada. Em entrevista à Agência Estado, o diretor do Departamento de Cooperação do Ministério das Finanças do Sudão, Abdel Salam, revela que espera, em poucos meses, fechar um acordo com a Petrobras, além de contratos no setor de açúcar. "As portas estão abertas ao Brasil", afirmou a autoridade de Cartum.

Nas últimas semanas, o Brasil tem surpreendido ativistas e certos governos ocidentais por não seguir uma posição de pedir que as autoridades de Cartum sejam investigadas no que se refere à pior crise humanitária do mundo atualmente na região de Darfur. A ONU já deixou claro que tem provas de que o governo do Sudão tem participado do massacre que, desde 2003, matou 200 mil pessoas.

França, Reino Unido e diversos outros países europeus pediam que uma investigação fosse realizada e que os autores do massacre não fossem deixados impunes. Mas com o apoio do Brasil, Cuba, China e dos governos africanos e árabes, o Sudão conseguiu evitar uma condenação nas Nações Unidas. Na quarta-feira, em Genebra, a ONU apenas aprovou uma resolução em que se determina o envio de uma missão de cinco especialistas para avaliar a situação na região do Darfur, uma área do tamanho da França.

"O Brasil apóia a África nas organizações internacionais. Isso ficou claro ontem na votação, quando tivemos uma boa contribuição do País. Isso é a cooperação entre os países do Sul. Nossa orientação é para abrir nossas portas ao Brasil", afirmou Abdel Salam. Ele não esconde: "A atitude do Brasil (na ONU) pode ajudar muito nos negócios". Sobre o setor petrolífero, Salam confirma que o governo do Sudão e a Petrobras estão "em negociações avançadas". "Espero que possamos concluir um acordo com a empresa (Petrobras) em breve", afirmou. Malásia, China e Índia já contam com investimentos no setor do petróleo no Sudão e, curiosamente, evitaram que a ONU condenasse o governo de Cartum. "Cerca de 12% de nosso PIB vem do petróleo. Produzimos apenas 520 mil barris por dia, mas essa proporção aumentará para 1 milhão por dia nos próximos anos", afirmou.

A perspectiva do governo local é de que as reservas ainda sejam bem maiores e que o país poderá se tornar um dos principais produtores da região se contar com investimentos necessários. Pensando nisso, Cartum até mesmo declara suas intenções de fazer parte da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep). Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Sudão é uma das economias africanas que mais cresce, com taxas de 13% ao ano.

Açúcar

Outro setor que poderá favorecer o Brasil é o do açúcar. "Estamos investindo nesse setor e queremos a participação do Brasil", afirmou o diretor do Departamento de Cooperação. Cartum tem um plano para a construção de um terminal de açúcar no Mar Vermelho em 2008 com capacidade para escoar um milhão de toneladas.

Em setembro, a empresa sudanesa Kenana Sugar Company visitou o Brasil. Na agenda estava o porto de Santos e o terminal açucareiro da empresa Nova América. Para as autoridades do Sudão, o comércio entre os dois países pode aumentar nos próximos anos diante da aproximação política com Brasília, inclusive no setor de máquinas e equipamentos. "Temos muitas necessidades e vemos o Brasil como um dos líderes do Sul. Decidimos até mesmo abrir no ano passado uma embaixada em Brasília. Isso também vai nos aproximar ainda mais politicamente", afirmou Salam.





Fonte: AE

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