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Nacional
Terça - 12 de Dezembro de 2006 às 16:03

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O fazendeiro José Edmundo Ortiz Vergolino foi condenado hoje a 152 anos de prisão por sua responsabilidade nas mortes de sete camponeses, ocorridas em 1985 na Amazônia, informaram fontes judiciais.

O fazendeiro, de 69 anos, foi declarado culpado de haver encomendado e financiado a morte de sete de oito camponeses, ocorridas em fatos isolados entre 13 e 18 de junho de 1985 no Estado do Pará.

O júri concluiu que não havia provas da participação do acusado na morte da oitava vítima.

Os camponeses participaram poucos dias antes de suas mortes na invasão de uma fazenda na qual Vergolino cultivava castanhas no município de São João do Araguaia, e seus assassinatos aparentemente foram encomendados como represália à ocupação.

A série de assassinatos, executados por grupos de pistoleiros e que incluiu um adolescente e uma mulher grávida, ficou conhecida como "o massacre de Ubá", nome da fazenda do condenado.

O fazendeiro, que sempre negou as acusações, deu a entender durante o julgamento que os assassinatos puderam ter sido ordenados por outros produtores da região para impedir novas ocupações.

A condenação foi ditada pelo juiz Moisés Albes Flexa, titular do segundo tribunal do júri no Tribunal de Justiça do Pará, após uma audiência que durou cerca de 16 horas na capital Belém.

Sebastião de Terezona, que tinha sido condenado como chefe dos pistoleiros responsáveis pelo massacre, foi assassinado há alguns anos em uma suposta rebelião em uma prisão do Pará, enquanto os outros dois acusados de serem os autores materiais dos crimes continuam foragidos.

Segundo a promotora Eliceli Costa Abdoral, a condenação do fazendeiro é uma das poucas exceções no país devido a que na maioria dos casos de mortes na luta pela terra no Brasil os únicos sentenciados são os pistoleiros e não os mandantes.

Segundo estatísticas da Comissão Pastoral da Terra, uma entidade vinculada ao Episcopado da Igreja Católica no Brasil, entre 1995 e 2005 foram registradas em todo o país 1.425 mortes em 1.063 conflitos pela terra, dos quais apenas 79 casos foram julgados.

Dos 114 pistoleiros acusados dos assassinatos, 69 foram condenados e 45 absolvidos, enquanto entre os 21 acusados de ter dado ordem ou financiado as mortes, 15 foram condenados e 6 absolvidos.





Fonte: Terra

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